Restart

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CAMI POV

Fiquei uma semana no hospital me recuperando, fazendo exames e dando depoimentos cansativos mas necessários. E faz exatamente uma semana que estou em casa. Passaram apenas 15 dias do meu resgate, mas sinto como se tivesse sido uma vida toda. Tudo mudou tão rápido em tão pouco tempo, eu me sentia livre e segura, agora não mais.

É difícil forçar sua mente a pensar que está tudo bem, digo isso para mim mesma todos os dias o dia todo, mas nem sempre funciona. Quando alguma coisa cai, quando um carro buzina muito alto, um grito na rua, esses pequenos detalhes fazem meu coração disparar e minha garganta ficar seca, é incontrolável. Depois consigo pensar que está tudo bem, estou em casa, segura, com meu marido e meu filho, minha família e amigos entrando e saindo o tempo todo para que eu não fique sozinha e nada me falte.

Aliás, Luke não quer ir pra escola ou qualquer coisa que faça ele me perder se vista, o único dia que Kage o levou teve que trazer de volta porque o menino simplesmente começou a vomitar. Ele voltou para trás, tudo bem. Não quero meu bebê traumatizado, a escola tem que ser uma lembrança alegre, e se no momento ir para a escolinha o deixa tão mal, então que ele fique em casa até estar pronto. Luke já passou por uma separação forçada, mais uma desnecessária está fora de cogitação.

Meu menininho que já era um grude, agora chega a ser irritantemente fofo, Luke quer cuidar de mim o tempo depois que Kage disse que ele tem que cuidar da mamãe,  agora já sem a tala ele quer me dar comida, pegar água, pentear meu cabelo, é lindo e me sinto abençoada.

A história do meu sequestro vazou para mídia a alguns dias e tudo virou uma loucura, os telefones não param, os e-mails estão lotados o dia todo e os  fãs estão acampados na frente da nossa casa à pelo menos 2 dias.

Estou observando o movimento lá em baixo sem ser vista, é meio louco tantas pessoas esperando apenas que eu apareça e diga que está tudo bem.

- Mamain oh - Luke me chama do seu lugar na cama - Ukas no utube.

- O que? - pergunto confusa e viro para ele - que YouTube, filho?

- Ati ... Oi utube - ele acena para a tela e começa a rir - ligal.

- Luke, deixa a mamãe ver isso.

Abandono minha posição na janela e caminho até a cama, Luke está falando várias coisas para a tela do celular, o vocabulário dele está incrível. Parece que ele acordou um dia sabendo todas as palavras e como encaixa-las juntas em frases. É fofo, mas também meio assustador.

- Cadê, filho?!

- Ati Mamain - ele vira o celular para mim - Ukas no utube.

Arregalo os olhos para tela ao ver que Luke simplesmente está fazendo uma live no Instagram, começo a rir porque não tem nada mais que eu possa fazer diante da inocência do meu bebê.

- Não é YouTube, amor. - explico com calma e em português. 

- É xim.

- Não, você abriu uma live no Instagram.

- Intagam.

- Sim - concordo rindo de sua animação inocente - não pode mexer no celular da mamãe, Luke.

- Só um potinho - ele mostra um espaço pequeno com os dedinhos e aperta o olho direito - um potinho podi Mamain?

- Danadinho - faço cócegas em seu pescoço e ele ri - deixa a mamãe desligar aqui.

Quando vi que Luke tinha começado uma live achei graça e não me liguei em mais nada, nem mesmo imaginei que teria alguém vendo tão rápido, mas quando presto atenção na tela vejo diversas mensagens subindo com rapidez de tal forma que quase não dá para acompanhar. Minha cara na tela é de um espanto tão grande que rio e me obrigo a suavizar.

Stolen Life (Repost)Where stories live. Discover now