VIII

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Brenda voltou cinco minutos depois. Antes de sentar-se em uma cadeira na frente das visitas inesperadas, perguntou se eles desejavam beber alguma coisa. O delegado Martinez pediu água e Érika recusou agradecendo educadamente. Brenda chamou pela empregada, que surgiu na sala rapidamente.

— Maria, por favor, traga água para o delegado Martinez. — solicitou.

— Sim, senhora. — e a empregada saiu para buscar.

Brenda se virou para Érika e disse:

— Detetive Green, certo? Quando chegaram, disseram ter perguntas sobre a Sophia. Do que se trata exatamente?

Érika então tomou a palavra.

— Segundo o relatório do delegado Martinez, ao falar com os pais de Sophia, eles lhe contaram que o último lugar para onde a filha saiu e que eles sabiam o paradeiro, foi para uma festa aqui na sua casa. E Sophia não voltou para eles naquela noite. Brenda, você falou com ela na sua festa? — pousou o olhar sobre a garota na sua frente.

Brenda engoliu em seco.

— É, falei. Mas foi cedo. Assim que ela chegou, na verdade. Eu tinha muitos convidados, detetive. Tinha que dar atenção para muita gente. Não fiquei de olho na Sophia. — seu tom era defensivo.

— Entendo. E viu se ela chegou com alguém?

— Ela estava sozinha quando chegou. — respondeu automaticamente.

— E na festa, reparou se ela falou com alguém?

— Como eu disse, detetive, eu dividi minha atenção com muita gente. Sophia era tão popular quanto eu. Então é claro que ela falou com muita gente na festa. — seu tom passou de defensivo para quase desdenhoso.

— Neste caso, vou precisar da sua lista de convidados. — olhou para o delegado que assentiu positivamente.

— Claro, toma aqui. — Brenda levantou e pegou um papel na mesa de centro. — Aqui estão todos os convidados para a festa e os ticados são os que vieram. Agora, se não tiver mais perguntas, vou pedir licença. Tenho um dia cheio hoje.

— Não se preocupe, eu terminei por enquanto.

🦇


De volta à delegacia, Érika reuniu as informações dos outros policiais. Eles também não haviam obtido muito sucesso, e ela já esperava por isso obviamente. Mas, pelo menos, eles trouxeram a lista de convidados das outras festas e ela teria com o que trabalhar de início. Quanto mais rápido ela colocasse um fim nisso, melhor seria para todos. Começou a pensar se realmente poderia existir a possibilidade de um assassino em série. Se houvesse a mínima chance disso ser verdade, ela seria obrigada a ir por outro caminho, um que ela não queria.

O delegado Martinez a levou para almoçar em um pequeno restaurante no centro da cidade, na praça de Setville, assegurando que era o melhor daquele local. A comida era self-service e Érika aproveitou para encher o prato com duas porções de bife, salada e outros acompanhamentos. Ela não estava se importando com os custos, afinal, o delegado garantira que cobriria seus gastos, o que a fez lembrar-se de entregar os recibos da passagem e do hotel para ele.

Passou a tarde na delegacia, concentrada em ler todo o arquivo do caso, esperando os policiais trazerem novas informações. Não havia muita coisa, então passou mais tempo montando um quadro para organizar tudo, e tomando café. Descobriu que o nome dos policiais que estavam de serviço eram Ramires e Eliot, e que os outros dois que estavam de folga se chamavam Alan e Edgar. Ramires era gordo e calvo, aparentava ter mais de quarenta anos. Eliot era jovem, forte e bonito. Não do tipo dela, mas ele era. Ela não sabia se era fascínio ou surpresa, mas o oficial não tirava os olhos dela. Isso a lembrou do rapaz da noite anterior no hotel. Decidiu que falaria com ele.

🦇

A noite ela foi deixada no hotel. Evitou chegar na viatura para não chamar atenção. Ao entrar na recepção, Simons estava lá. Ele a encarou, depois desviou o olhar. Ela se dirigiu até ele.

— Oi! — ela disse, forçando um sorriso.

— Olá! Quer a chave do seu quarto, imagino. — ele respondeu.

— É. Mas também queria falar com você. — ela fez uma pausa — Me perdoa por ontem, eu viro um monstro quando estou com sono. — O rosto dela corou com o próprio comentário.

— Não se preocupe. Mas agora você está me devendo uma.

— Eu estou? — os olhos dela se arregalaram em surpresa.

— Sim. E a propósito, meu nome é Vulkan Simons.

— Eu sei.

— Sabe? — agora ele pareceu surpreso.

— Sim, sua gerente mencionou pela manhã.

— Então falaram sobre mim? — ele esbanjou um sorriso irônico.

— Não seja narcisista. Como eu disse, apenas uma menção. E aí eu fiquei me perguntando se ela sabe que você bebe no trabalho.

Simons se contraiu.

— Uou...

— Parece que agora estamos quites. — ela disse, dando uma piscadela.

— Mas isso não muda que você deveria ir tomar um sorvete comigo.

— Está me convidando para sair?

— Eu aceito. — ele disse, rindo.

— Nunca te contaram que não se deve sair com estranhos?

— Talvez, mas hoje não.

— Lamento, mas tenho muito trabalho para fazer.

— É toda essa papelada aí na sua mão? — ele reparou o arquivo com ela pela primeira vez.

— Exato. Agora, se me der licença, vou subir.



Érika subiu para o quarto, deixou o arquivo atualizado na cama e foi para o banho. Ao voltar e se vestir, deitou na cama para ler as novas anotações, que lhe foi entregue por Eliot quando ela ia saindo. Com a orientação dela, eles tiveram mais sorte dessa vez. Uma das organizadoras lembrou de ter visto Madison West com um rapaz branco e cabelos pretos, "lindo de morrer", segundo a declaração da garota para o policial. Eles realmente aprenderam a anotar cada detalhe. Não era uma informação necessariamente precisa, mas poderia ser útil mais para frente. Então pegou a lista de convidados de cada festa. Começou a marcar os nomes em comum, começaria a entrevista com eles. Continuou o processo, quando um nome lhe chamou a atenção: Vulkan Simons.

Desceu as escadas em direção à recepção. Caminhou até Simons, que a olhava em silêncio. Ela sorriu e disse:

— Talvez aquele sorvete não seja uma má ideia.

A EscolhidaWhere stories live. Discover now