XLVI

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Simons e Ícaro encontravam-se em uma luta violenta. Ícaro prevalecia, tendo mais experiência nos golpes, sendo mais rápido e mais forte.

- Qual é, maninho? Você não ia acabar comigo?


- Ícaro debochava, olhando para Simons no chão, que tinha no rosto um corte profundo em processo de cicatrização rápida. - Sabe que nenhum de nós vai morrer assim, não é? Mas você também não vai ganhar.

- Eu não vou desistir agora que sei de tudo! - Simons levantou-se do chão. O corte já havia sumido do seu rosto.

- Então vou ter que matar você. - e deu um sorriso sarcástico.

Os dois avançaram um contra o outro, trocando socos e mais socos. Simons se transformou de novo, deixando surgir os caninos e os olhos escuros. Conseguiu prevalecer contra o ex-amigo e lhe acertou uma sequência violenta de socos, finalmente tirando sangue de Ícaro. Ícaro levou o dorso da mão até os lábios, para limpar o sangue que lhe escorria.



- É tudo o que você tem, Vulkan Simons? Se for assim, prefiro lutar com a sua namorada. - ele também se transformou de novo - Você acha que é especial? Eu fui criado muito antes de você, e eu treinei para ser um vampiro. A P.S. Foundation me moldou a ser isso. Já você... É só uma ponta solta, e a P.S. não permite pontas soltas. Mas eu posso deixar você viver como nosso bichinho de estimação se me disser onde está o corpo da Sophia, e se me trouxer a detetive. Podemos transformar você em alguém ainda mais forte. O laboratório em Only Faster é só uma ramificação. Temos um mundo grandioso.



- Eu nunca vou me aliar a você, não depois de saber toda a verdade e o que você fez! - esbravejou Simons.

- Que pena. Você não me serve mais. O jeito é matar você, Simons.

- Você pode tentar.

- Você já perdeu essa.

🦇

Já passava das 5:30h e o sol raiava forte por cima das árvores. Érika corria pela floresta, indo em direção à cabana, em direção de Simons. Sua intuição lhe dizia que ele estava lá e que algo muito ruim estava prestes à acontecer. Sentia-se também preocupada com Doralice, mesmo sabendo que a amiga poderia perfeitamente cuidar-se sozinha. Talvez tudo isso fosse porque ela mesma não estava totalmente curada. Ainda estava fraca, incapaz de transformar-se. Se não fosse por Simons e Doralice, talvez ela não estivesse mais viva.

Érika já estava próximo à cabana, quando ouviu gritos estridentes. Correu com todas as forças que conseguiu reunir, chegando até o local. Foi quando se deparou com a cena. Simons se debatia ali fora da cabana, sob a luz do sol, enquanto Ícaro lhe atravessava a coluna, segurando-lhe com toda a força. Simons tentava a todo custo soltar-se, mas Ícaro prevalecia, rindo do ex-amigo, que agora tinha a pele sendo consumida em chamas.

"Solta ele!", disparou Érika. Ícaro virou-se para olhá-la, surpreso. Soltou Simons, que caiu no chão ainda debatendo-se. Érika correu para tentar salvá-lo, mas Ícaro investiu contra ela, lançando-lhe contra uma árvore. Caída no chão, viu Simons dar seu último suspiro, deixando apenas cinzas no lugar onde havia estado. Ícaro o havia matado.

Ela sentiu lágrimas brotando em seus olhos. Não podia ser real. Mais uma vez ela havia perdido, não conseguindo chegar a tempo, e a culpa era toda dela, pois não havia acreditado em Simons.

- Eu tentei dar uma chance para ele, detetive. Mas ele recusou. Não tive outra escolha, a não ser matar o seu namorado.

Érika então o encarou.

- Eu vou matar você... - ela disse, fechando o punho na grama.

- Ele disse a mesma coisa. Você vem comigo, viva ou morta. - Ícaro disse por fim.

Ela levantou-se e pôs-se diante dele, o analisando. Estava diante de um inimigo que, naquele momento, claramente estava em um nível superior ao dela. Ícaro não era um vampiro como Simons, o sol nem mesmo o afetava. E era óbvio que ele não a deixaria ter tempo para luto. Ela teria que agir imediatamente. Limpou as lágrimas com o dorso da mão e se recompôs. Então ela começou a gargalhar alto, deixando Ícaro confuso.

- O que isso significa? Você é paranóica? - ele perguntou.

- Não... - ela fez uma pausa - Só não achei que finalmente eu iria gostar tanto de matar uma pessoa.

Em um piscar de olhos, Érika avançou contra Ícaro, acertando-lhe o estômago, fazendo o vampiro cuspir sangue. Em seguida, desferiu-lhe um chute, o mandando de volta para dentro da cabana. Ícaro levantou-se atordoado. Érika aproveitou a chance e avançou de novo, esperando finalizá-lo. Sentia-se cheia de fúria. Mas Ícaro desviou do golpe e a agarrou pelo pescoço, derrubando-a no chão.



- Você acha mesmo que eu tenho algum medo de você, detetive? Fui treinado para enfrentar seres bem mais poderosos que você. - ele cravou as unhas no pescoço dela, fazendo-a urrar de dor. - Eu disse que você iria comigo viva ou morta. Não me importo de matar você. Vou te fazer um favor e colocá-la para fazer companhia ao seu namorado, arrancando seu coração.

Érika sentiu o fim chegando. Ícaro cravou a outra mão no peito dela, abrindo um buraco. Foi quando ela ouviu a voz de Doralice.

"Avolare!", e viu Ícaro ser arremessado para o outro lado da cabana, caindo inconsciente.

Doralice se agachou ao lado de Érika, colocando a mão por baixo do seu pescoço, suspendendo-a um pouco.

- Me desculpa ter deixado sozinha de novo! - Doralice começava a chorar.

- Está tudo bem, eu já me senti pior. Que bom que você chegou a tempo. - conseguiu sorrir.

Doralice olhou ao redor e não viu Simons. Voltou-se para a amiga.


- Cadê ele?

Érika abaixou o olhar.

- Você pode trazê-lo de volta? - perguntou para Doralice, com os olhos marejados.

- Eu não tenho esse poder... - tinha culpa na voz da amiga.

- Eu não cheguei a tempo. Eu o vi morrer na minha frente. E agora não consigo nem chorar.


Doralice abriu a boca para dizer alguma coisa, mas seus olhos se arregalaram em seguida. Um banho de sangue atingiu o rosto de Érika e ela viu o punho de Ícaro atravessando a barriga da amiga. Ícaro suspendeu o corpo de Doralice e a jogou para o lado.

- Eu realmente achei que vocês eram bem mais fortes. Isso foi fácil demais. Agora é a sua vez.

A EscolhidaWhere stories live. Discover now