X

18 2 1
                                    

Érika se encontrava na delegacia, aguardando o delegado Martinez. Fazia calor ali dentro e o ventilador de teto não estava sendo muito útil. Acabou conhecendo os outros dois policiais que estavam de folga no dia em que ela chegou naquela local, Edgar e Alan. Edgar era forte, com músculos bem definidos, do tipo que passava bastante tempo na academia, já Alan era alto e magro. Edgar a lançara frequentemente olhares de desdenho desde que ela apareceu de manhã e disse quem era.

— Algum problema, oficial? — perguntou para ele.

— Não, senhora. — respondeu o policial com certo sarcasmo na voz, e saiu da vista dela.

O delegado Martinez chegou às nove, pedindo a ela desculpas pelo atraso. A esposa havia sentido-se com mal-estar e ele ficou com ela até ter certeza de que ficaria bem. Érika achou um gesto bonito o delegado colocar a família na frente do trabalho. Conversaram sobre as informações que Érika tinha organizado e por onde começariam. Ela lhe mostrou as listas obtidas e apontou os nomes marcados como as pessoas que estiveram nas três festas. Começariam por eles e ela esperava não ter que passar disso. Alguém nessa cidade viu e sabia para onde aquelas garotas foram. O delegado Martinez então chamou Edgar.

— Infelizmente, não poderei acompanhá-la hoje, detetive. Surgiu um outro caso de urgência e menos misterioso. O policial Edgar irá levá-la onde você precisar ir.

— Então, acho melhor irmos logo. — disse Érika.

Seguiram para o primeiro endereço. Edgar conhecia quase todos da lista e sabia onde moravam. Ela não sabia se ficava surpresa com isso ou se considerava razoavelmente comum em uma cidade pequena, ainda que Edgar não parecesse usar muito o cérebro. O nome da primeira pessoa na lista dos convidados em comum era Caleb Mack, ele estava sentado na calçada em frente da casa quando a viatura encostou perto dele. Edgar e Érika desceram do carro.

— Caleb Mack? — perguntou Érika, se aproximando.

Caleb ficou de pé e limpou as mãos na bermuda, em seguida estendendo uma delas para cumprimentar a mulher na sua frente.

— Sim, sou eu. — ele respondeu.

— Detetive Green, e imagino que já conheça o oficial Edgar. Estamos aqui para investigar o desaparecimento de Sophia, Madison e Clarice. Sei que você esteve nas três festas onde cada uma desapareceu. Você chegou a ver ou falar com alguma delas?

Caleb pareceu ficar tenso diante da pergunta. Talvez fosse a primeira vez que ele era interrogado sobre algo realmente importante. Mas Érika perceberia em seguida que o garoto seria muito útil.

— Detetive? Que idade você tem? — ele perguntou, olhando-a dos pés à cabeça.

— Mais do que você pode contar. Agora responda minha pergunta, Caleb. — ela exigiu.

— Tudo bem. Eu não sei de nada sobre a Sophia, mas eu vi a Clarice em uma das festas e tentei falar com a Madison.

— Tentou? — Érika franziu o cenho.

— É, tentei. Mas quando me aproximei dela, outro cara chegou primeiro e eu tive que passar direto.

— E você conhece esse cara?

— Não, só o vi uma vez antes, quando se apresentou para minha turma na primeira festa. Ele era branco e estava todo de preto. Eu sei porque gosto da Madison e quis olhar para o rosto de quem roubou minha chance naquela noite.

Érika notou que Caleb havia falado de Madison como se acreditasse que ela ainda estivesse viva, o que também era o que ela mesma esperava.

— E depois?

— Depois nada. Eu fui para o outro lado da festa. Fiquei com uma amiga, e ela pode confirmar. Eu também tenho fotos das festas, se isso for ajudar.

— Vou precisar delas.

— Vulkan Simons! — bradou o rapaz.

— O quê? — perguntou Érika, confusa.

— O cara com quem Madison estava. Talvez ele saiba para onde ela foi. Se encontrá-lo, pode descobrir onde tá a Madison.

Bingo!

Felizmente, boa parte dos interrogatórios no dia haviam dado bons resultados, feitos com as perguntas certas. Quase todos eles lembravam de ter visto as garotas com um cara "lindo de morrer", segundo o depoimento das mulheres nas listas, e outras mencionavam o nome de Simons. Pelo visto, adolescentes reparavam sim uns nos outros nessas festas juvenis. E já era óbvio que aquele rapaz no hotel havia tido contato com as três garotas desaparecidas, o que a fazia perguntar para si mesma o motivo de ainda não ter ido até ele, de ter o interrogado também. Deu a desculpa de que era porque ainda não havia chegado no nome dele na ordem alfabética da lista. Também ficou se perguntando se ele não era só um galanteadorzinho barato, flertando com as garotas nas festas. Ele havia flertado com ela desde que chegara e agora teriam até um encontro. Então era bem possível. Se pegou pensando em Simons e naquele sorriso audacioso nos lábios dele. Havia algo de diferente nele.

A EscolhidaWhere stories live. Discover now