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Simons chegou em casa e foi direto para a cozinha. Tirou a camisa suja de sangue e a colocou sobre a máquina de lavar. Em seguida se encaminhou para o banheiro e tomou um longo banho, enquanto pensava em tudo que acabara de fazer. Estava finalmente saciado.

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Érika se encontrava na floresta de Setville, de volta na varanda daquela cabana. Mas dessa vez era dia. Ela estava com o mesmo vestido preto que usara quando saiu com Simons pela primeira vez. Olhou ao redor e constatou que estava sozinha. Girou a maçaneta da porta e entrou na cabana, ficando instantaneamente admirada em como o local era bem diferente por dentro. O ambiente era organizado e mobiliado, haviam belas luminárias bem dispostas em uma arquitetura arcaica, mas super estilosa. Um grande sofá cinza estava sobre um tapete branco que cobria quase toda a sala. Érika caminhou alguns passos em direção ao assento. Foi quando viu uma mancha vermelha naquela pelagem branca. Se aproximou depressa para verificar do que se tratava, descobrindo que era sangue. Havia um corpo estirado de bruços ali também. Ela não reconheceria quem era, à menos que virasse o corpo. Mas sua experiência como detetive sempre lhe dizia que era melhor não mexer em uma cena de crime antes da perícia. No entanto, era como se algo a tivesse impulsionando a fazer aquilo. Cedeu ao impulso. Colocou as mãos naquele corpo. "Meu Deus, como ele era gelado!", ela pensou. A surpresa foi maior ao ver o rosto daquele homem morto. Era Vulkan Simons.

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"Simons!"

Érika acordou gritando o nome do vampiro. Doralice deu um pulo da cama, assustada com o momento inesperado. Depois gargalhou.

- Amiga, sua louca, você acordou! - Doralice disse, empolgada.

- Que dor de cabeça... Que dia é hoje? - Érika perguntou, atordoada.

- Domingo...

- Meu Deus, o Simons! - Érika disparou.

- Não, você não vai atrás daquele cara, Érika!

- Ele precisa de mim.

Érika se preparou para levantar da cama, mas sentiu uma pontada no peito e acabou recuando.

- Está vendo? Você não está 100% recuperada para ir atrás de encrenca.- Doralice revirou os olhos.

- É por isso que eu pedi que viesse. Além do mais, Simons precisa de sangue.

- E o que você pretende fazer? Simplesmente chegar lá e deixar ele morder seu pescoço? Você está fraca demais para uma coisa dessas. Sabia que ele tentou isso enquanto você estava inconsciente?

Érika ficou surpresa.

- Quando? - ela perguntou.

- Fazem duas noites.

- Ele precisa se alimentar, ou pode acabar fazendo alguma besteira.

- Ou você poderia acabar com isso de uma vez. - Doralice deixou a frase sair.

- Do que está falando?

- Nós duas sabemos que seria fácil demais parar o vampiro. Mas você o deixou em liberdade, sabendo dos riscos, escondeu provas e o defende com unhas e dentes. E tudo isso por quê?

Érika não esperava aquela reação. Ficou perdida entre pensamentos, com Simons em todos eles. Apenas encarou Doralice em silêncio. A amiga então continuou.

- Vai me dizer que está gostando dele? Ou pior, se apaixonou por ele? Em uma semana! Que doideira, Érika.

- As coisas vão além disso. Você deveria entender. E, ao invés de me fazer ficar aqui parada, deveria pelo menos dizer que ficou feliz em me ver de volta.

Doralice se calou.

Érika começou a arrumar-se para ir ao encontro de Simons. Olhou o relógio e já marcava 23:00h. Ficou apreensiva. Teria ele perdido o controle? Pegou o telefone e ligou para o delegado Martinez. Ele atendeu no segundo toque.

- Detetive Green! - disse ele, empolgado.

- Estou de volta, delegado.

- É muito bom ouvir isso, detetive.

- Então, como estamos? - ela perguntou, esperando alguma coisa nova sobre o caso, esperando que Simons não tivesse feito uma nova vítima.

- Tudo na mesma. Pronta para retomar o caso amanhã?

- É claro. Qualquer novidade, me telefone. - e desligou em seguida.

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- Eu vou com você. - Doralice falou.

- Não, eu tenho que fazer isso sozinha. Confie em mim.

- Eu não confio nele. Além do mais, você não contou ainda o que foi que aconteceu com você.

- Eu... - ela fez uma pausa - Eu não me lembro. Mas tive muitos sonhos estranhos enquanto estava inconsciente.

- Que tipo de sonhos?

- Não tenho tempo para explicar agora. Tenho que ir. Me espere aqui.

Doralice concordou sem vontade. Então falou:

- Eu e o Simons pegamos o arquivo do seu caso para tentar descobrir o que aconteceu com você.

Érika parou na porta.

- Como fizeram isso? Dora, você estava usando feitiços?

- Não precisei, o policial Alan nos ajudou. Ele foi até outra cidade investigar sobre um arquivo que estava entre os papéis do seu caso, alguma coisa envolvendo um laboratório chamado P.S. Foundation.

Érika lembrou-se de ter visto esse nome nos seus sonhos e de ter estado em um laboratório.

- E então? - Érika perguntou.

- Acontece que ele descobriu alguma coisa. E ele deveria ter voltado na sexta e me encontrado, mas não apareceu até agora. Aconteceu alguma coisa, eu sinto. Érika, tem muito mais rolando nessa cidade do que só um caso com vampiro. Precisa descobrir o que houve com o Alan.

- Eu vou descobrir.

- Mais uma coisa: hoje é noite de lua cheia.

Érika então sorriu.

- Neste caso, vai ficar tudo bem.

E saiu, deixando Doralice sozinha no quarto.

A EscolhidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora