XII

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Érika estava analisando cuidadosamente as fotos que havia conseguido com Caleb por meio de um pen drive, que ela conectou no computador da delegacia para poder conferir melhor os detalhes. Não parecia haver muita coisa útil, nenhum detalhe suficientemente importante e nenhuma foto com as garotas. Parecia banal e perda de tempo. Continuou olhando, observando o rosto das pessoas ao fundo, mudando o plano de visão do seu olhar, até que algo lhe chamou à atenção e lhe despertou a curiosidade. Era Clarice saindo da festa com alguém. A pessoa estava de costas, ao passo que era possível ver bem Clarice, pois ela virara para cumprimentar outra pessoa além de seu suposto acompanhante. Mas algo naquela figura misteriosa era familiar, ela já tinha visto aquele corte de cabelo antes, aquele homem vestido de preto, e ouvido os comentários sobre ele ser "lindo de morrer". Precisava descobrir quem era a moça que falou com Clarice na saída. Chamou Edgar contra sua própria vontade e lhe mostrou a foto. O nome dela era Zaya Miller, outra riquinha de Setville. Olhou as listas e viu que não tinha interrogado a moça ainda. Resolveu pular os nomes antes dela e ir até lá com Edgar, aproveitando o percurso para melhorar ainda mais seu mapa visual sobre a cidade. De repente, talvez nem precisasse ir em encontro algum, se continuasse perambulando no carro da polícia para lá e para cá.

Ao chegarem, ela disse para o policial Edgar:

— Fique no carro, quero falar com ela sozinha. — ela precisava confirmar sua suspeita antes de qualquer coisa, a suspeita de que a figura misteriosa foi a primeira pessoa a aparecer na sua frente assim que ela desceu do ônibus.

— Sim, senhora. — e mais uma vez o sarcasmo na voz do policial.

Se ele soubesse o quanto aquilo já a estava irritando.

Desceu do carro e caminhou em direção da casa, contando os passos e sentindo os olhos de Edgar a seguindo o tempo todo.

Bateu na porta. Uma senhora a atendeu em seguida, aparecendo com um guardanapo nas mãos, as enxugando, indicando que acabara de sair da cozinha para recepcioná-la.

— Olá! — disse a senhora em tom quase interrogativo e curioso.

"Não é todo dia que a polícia bate na porta das famílias que são a elite da cidade, não é?"

— Olá, eu sou Érika Green. Estou procurando pela Zaya Miller. Ela se encontra? — se apresentou formalmente.

— Sim, ela está no quarto. Entre e espere, eu vou chamá-la. — a senhora abriu espaço para que Érika entrasse e a indicou um lugar para sentar. Ela ofereceu um suco, que Érika negou, mas disse que um café seria ótimo. A senhora sem nome pediu licença e saiu para buscar. Ela reapareceu em seguida com uma xícara, um bule, cristais de açúcar, organizados em uma travessa que ela pôs na mesa a frente de Érika. A detetive agradeceu e a senhora saiu do seu campo de visão, sumindo em um dos corredores da casa.

Zaya apareceu poucos momentos depois, olhando para Érika com um ar confuso e desorientado.

— Eu conheço você? — ela perguntou.

— Sou detetive. — Érika afirmou.

— Detetive? Sério? — Zaya pareceu não acreditar.

— Todo mundo se surpreende quando digo isso. Meu nome é Érika Green. Estou aqui investigando o desaparecimento de três garotas que acredito que você conheça. Eu estava olhando umas fotos e vi uma delas conversando com você na saída da festa. Era Clarice. Tinha um rapaz com ela. Queria saber se consegue identificá-lo. — Érika retirou uma fotografia do envelope e entregou para Zaya.

— É o Vulkan Simons.

— Tem certeza?

— Absoluta. Não tem como não reparar em um gato desses. Os dois foram embora juntos. Espera, acha que ele está envolvido no sumiço das garotas?

— Ainda é muito cedo para fazer qualquer afirmação.

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Era óbvio que ele estava envolvido, e ela já tinha certeza disso. Érika voltou para a delegacia para procurar o delegado Martinez. Ele não estava. Decidiu que resolveria isso sozinha.

— Descobriu alguma coisa, detetive? — perguntou Edgar.

— Preciso de uma arma. — ela disse.

— Não darei nada sem ordens do delegado. — replicou o policial.

— Preciso de uma arma agora. — ordenou.

— Quem você pensa que é para... — Edgar não conseguiu completar a frase. Érika o atingiu em cheio com um soco no rosto e uma joelhada no meio das pernas.

— Eu não sou de bater boca, oficial. Eu sou de bater na boca. Então, se já terminou, me entregue uma arma agora.

— V-Vadia. — gemeu o policial, caído no chão, com as mãos nas partes íntimas.

Érika se agachou perto dele e disse em tom de deboche.

— Não seja frouxo, oficial. É só colocar um saquinho de gelo.

Alan, que assistia ao ocorrido, resolveu entregar uma pistola para ela sem fazer questionamentos.

— Diga ao delegado que conversamos na segunda-feira. Preciso ir agora. — ela colocou a arma na bolsa e saiu da delegacia. Tinha um plano em mente.

A EscolhidaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora