XVI

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Érika encontrou o endereço. Era um bairro isolado, com as casas bastante afastadas umas das outras. De longe, ela avistou a casa de Simons e saiu correndo até lá. Subiu os degraus da pequena escada e bateu na porta sem demonstrar urgência.

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Simons estava sentado em sua poltrona, no escuro, com as mãos unidas, pensando em tudo o que tinha acabado de fazer. Sentia um certo remorso, pois era óbvio que havia sentido alguma ligação com Érika. Se ele tivesse pensado direito, poderia ter escolhido outra garota e assim teria mais tempo com Érika. Bom, pelo menos ela havia se divertido, ela mesma quem dissera isso antes dele levá-la para o local de abate. E que lance doido foi aquele de detetive? Se fosse mesmo verdade, talvez ele finalmente estivesse encrencado. Jogou a bolsa dela no riacho, mas como se livraria das coisas dela no hotel com perfeição? Simons estava perdido entre esses pensamentos quando alguém bateu na porta. Conferiu o relógio e já passava das 4:00h. Seria Ícaro? Ele era o único que sabia seu endereço, mas nunca aparecia naquele horário. Kalista teria dito alguma coisa para ele no hotel? Seja o que fosse, não poderia deixá-lo ficar por muito tempo. Ligou a luz da sala e foi atender. Ao abrir a porta, automaticamente seu rosto se contraiu, assustado. Estaria ele tendo um pesadelo? Não era possível. Érika estava parada bem na sua frente. Ela sorriu e disse:

— Surpresa!

Então veio o primeiro golpe. O murro dela o atingiu em cheio no rosto, mas dessa vez muito mais forte que o anterior, e ele voou alguns metros para trás, caindo em cima da mesa de centro, partindo-a. A pancada o deixou zonzo por um instante e quando ele recobrou a consciência, Érika já estava em cima dele, o agarrando pela camisa com as duas mãos e o colocando em pé de novo. "Seu desgraçado!", ela gritou, e em seguida aplicou outro golpe, chocando a cabeça dela contra a dele. Ela o atingiu com um soco no estômago e o acertou um chute, fazendo-o voar para longe novamente, ele atravessou a parede da sala para a cozinha. Simons finalmente ficou de pé por conta própria e se preparou para reagir. Érika se aproximou dele e ele desferiu um soco contra o rosto dela. O golpe não teve efeito nenhum. Ela continuava imóvel na frente dele. Ela o empurrou e ele bateu contra a parede.
- Seu vampiro de merda! - Érika avançou contra Simons e o pressionou contra a parede. A mão dela agarrou o pescoço dele. Simons se debatia, sem conseguir se soltar. Ele estava impressionado com tanta força.

Com a voz arfando, ele perguntou:

— O que... o que é você?

— Eu? — ela o encarou.

Simons sentiu a mão dela ainda mais forte no pescoço dele. Érika começou a se transformar ali na frente dele, ficando duas vezes mais alta que Simons, coberta por uma pelagem branca, com características lobais. As garras em sua mão perfuraram o pescoço de Simons, que a fitou desesperado. Ele não esperava que houvesse alguém que pudesse pará-lo. Ele parou de reagir, aceitando o fato de que ia morrer. Seria melhor assim, pois não cometeria mais maldades.

Érika abriu a boca e disse para ele:

— Meus caninos são maiores do que os seus.

Simons a encarou e aguardou a morte. Érika estava pronta para colocar um fim naquela história, mas então ela viu nos olhos dele algo familiar, como uma lembrança vindo em enxurrada. Viu-se exatamente naquela mesma posição, sem esperança alguma, quando lhe foi dada uma chance de se explicar. Ela suspirou, o soltou e se afastou. Simons continuou fitando-a, surpreso. Os hematomas no corpo dele se curaram quase que de imediato. Érika o olhou, ainda transformada.

A EscolhidaWhere stories live. Discover now