XXXI

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Érika estava naquela floresta novamente, sendo perseguida por um grupo de homens equipados com armas carregadas de dados tranquilizantes. Ela corria sem olhar para trás, empreitando-se entre as árvores. Ela cresceu naquele lugar e por isso o conhecia muito bem; não havia como ser capturada. Ela percorreu por toda aquela selva até chegar em uma caverna escura, onde ela entrou, acreditando que ali estaria segura. Sentou-se em um canto da caverna, escondida pelas sombras, recuperando o oxigênio dos seus pulmões.

Então algo a atingiu e ela apagou completamente.

Érika acordou em um quarto branco, deitada em uma maca hospitalar. Seus pulsos e suas pernas estavam presos, tornando-a incapaz de mover-se direito. Seus olhos tentavam adaptar-se à claridade do ambiente. Ela olhou ao redor e encontrou uma bolsa suspensa, conectada a uma fina mangueira que conduzia algum líquido para suas veias, agora correndo por sua corrente sanguínea. Suas roupas foram removidas e havia apenas um lençol fino lhe cobrindo o corpo. Não sabia quanto tempo ficara desacordada e não sabia onde estava.

Um homem entrou no quarto. Ele era alto, com cabelos escuros e a pele morena. Ele o achou familiar. Ele usava um jaleco branco, com um crachá sobre o peito escrito "P.S. Foundation", e havia um estranho símbolo nele. Ele se aproximou da maca.

- Você acordou. - ele disse.

- Quem é você? - Érika exigiu saber.

- Meu nome é dr. Notório Vines. Você fez um grande estrago, senhorita Green. Mas estou aqui para cuidar de você.

- Onde eu estou?

- Em casa.

🦇

Doralice havia acabado de abrir a porta do quarto do hotel quando encontrou Érika tendo convulsões sobre a cama. Ela foi em direção a amiga e mais uma vez gritou "Prohibere!", fazendo Érika se normalizar. Sentou-se na beira da cama e ficou olhando para a amiga. Se soubesse que algo assim poderia acontecer, nunca a teria deixado sair de Holden City. Elas eram melhores amigas, e amigas cuidam uma da outra. Mas ela não estava ali quando Érika precisou, quando realmente precisou. Deveria ter ido no exato momento do dia em a amiga telefonara. Agora sentia-se culpada, pois sentia que seu trabalho era protegê-la. Queria poder ir até a floresta, onde Simons suspeitava que tudo tinha acontecido, mas não podia deixar Érika sozinha de novo. Se perguntava o porquê de Simons não ir até lá, já que ele poderia fazer isso ao sair do trabalho. Será que ele estava com medo? Doralice podia apostar que sim. Além do mais, ele não tinha um espírito investigativo e, apesar de gostar de Érika, ele ainda era uma criança com "super poderes".

🦇

"Eu não estou com medo", Simons dizia para si mesmo ao se encarar em frente ao espelho. Não, ele nunca fora fraco, estava acostumado a sempre ter o que queria. E o que ele queria agora era Érika; acreditava que poderia ser algo duradouro, que podia fazê-la ficar, mesmo que encontrassem outra solução. Mas algo quase tirou isso dele, quase tirou Érika dele e quase pôs fim em sua centelha de esperança, e isso o acendeu em uma fúria desconhecida. Ele tinha que encarar isso, provar que não era covarde. Mas Simons também não era burro, sabia que não era capaz de encarar sozinho o que quer que fosse que fez aquilo com Érika. Se a detetive, que quase o matou, não foi capaz de bater de frente com o ser misterioso, como ele poderia? Doralice o ajudaria a enfrentar o mal escondido em Setville? Ou ele teria que ficar mais forte para isso? Ele sabia que só havia uma maneira de evoluir. O sangue de Érika.



Simons sentia uma certa urgência em ver Érika de pé novamente; o fim de semana estava chegando e ele ainda não tinha pensado em um plano B para si mesmo, caso tudo continuasse dando errado. Pegou o celular e pesquisou na Internet quando seria a proxima lua cheia. Sentiu um imenso alívio em seu peito ao descobrir que seria justamente no domingo. Isso significava que estava tudo certo e que as coisas terminariam bem. Não havia mais motivos para ficar preocupado. As probabilidades ao seu favor o deixaram otimista e empolgado, o que o levou a finalmente encontrar disposição para organizar a bagunça que a detetive fez quando esteve lá da última vez.

A EscolhidaWhere stories live. Discover now