XLV

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Era o policial Edgar.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou em tom autoritário, sacando a arma.

- Essa floresta anda recebendo muitas visitas ultimamente. - comentou Ícaro, e em um piscar de olhos estava diante de Edgar, atravessando-lhe o peito com o punho. A arma caiu no chão, fazendo um disparo. Ícaro ficou encarando os olhos arregalados do policial, que iam perdendo a vida. - Pronto, menos um verme no mundo.

- O que você fez?! - disparou Simons.

- Essa morte também vai para sua ficha. - Ícaro piscou.

- Eu vou acabar com você! - bradou Simons.

- Típica resposta clichê. Mas então, o que está esperando?

Ícaro e Simons entraram em uma luta feroz.

🦇

O

dia estava clareando em Setville, enquanto Doralice e Érika se aproximavam da entrada da floresta. Ao se aproximarem, encontraram a entrada fechada por carros pretos e homens fortemente armados. Elas notaram o símbolo no uniforme deles.

- P.S. Foundation! - ambas disseram ao mesmo tempo.

- Por que isso não me surpreende? - perguntou retoricamente Doralice.

- Nem a mim. Fique no carro, eu vou ver o que eles querem. Prepare as mãos, acho que vamos ter feitiços.

- Vou fazer uma entrada dramática, se precisar.

Ambas riram.

Doralice estacionou o carro à uma certa distância dos homens da P.S. Foundation. Érika desceu do veículo e caminhou em direção à eles, notando mais à frente o carro de Simons estacionado.

Entre os soldados, surgiu um homem alto, vestido de branco. Mesmo àquela distância, graças a sua visão aguçada, ela conseguiu ler o nome no crachá no peito dele, abaixo do símbolo da cruz investida: Notório Vines.

Érika paralisou. Ela já havia visto aquele homem antes. Lembrou-se do sonho.

- Ora, ora... Detetive Érika Green. É uma honra vê-la de novo. Já faz muito tempo.

- Você...

- Eu, eu, eu. Podemos dispensar as apresentações e ir logo ao que importa.

- O que você quer aqui? - ela indagou. Apesar da frase daquele homem, Érika só recordava dele do sonho. Não tinha nenhuma outra memória. Mas estava claro que ele sabia exatamente quem ela era, e não pela fama dela como detetive, mas de uma maneira mais próxima.

- Queremos o corpo de Sophia Dunan, detetive. E, bom, você, é claro.

O corpo de Sophia? Como assim? Do que ele exatamente estava falando?

- Que jogo é esse? Eu sei que vocês encontraram os corpos!

- Sim, dois deles. Mas o vampiro escondeu o terceiro corpo muito bem. Não o encontramos, e precisamos dele. Não dá para deixar corpos infectados sem uma localização, mesmo que estejam mortos. E quanto a você, detetive, temos planos bem maiores. Finalmente temos uma raça pura diante de nós.

O que era tudo aquilo que ele estava dizendo? Érika sentia-se perdida. Como era possível que eles não tivessem todos os corpos? Parando para pensar agora, ela e Simons só haviam ido até a localização de dois. Talvez o corpo de Sophia ainda estivesse onde ele havia enterrado. Tudo isso também deixava evidente que o delegado Martinez estava contribuindo com isso. Não podia ser coincidência. E que história era aquela de raça pura? O que tudo aquilo queria dizer? Muitas perguntas iam surgindo.

- Você parece perdida entre pensamentos. - disse o doutor Vines - Permita que eu explique. Podíamos ter resolvido isso sem você. Mas quando descobrimos quem você é e o que você é, eu tive que trazê-la aqui.


- Do que você está falando? - indagou Érika.

- Ora, você realmente não sabe? Tudo isso foi uma armação engenhosa para trazê-la até este momento, de onde você não poderá escapar. O vampiro foi só uma distração para que você não percebesse o que realmente estava acontecendo.

Érika sentiu-se imóvel.

O doutor Vines prosseguiu.

- Esse é o mal que os raças-puras tinham, essa forte ligação com os demais. Torna-os frágeis e previsíveis. Mas foi isso que te fez vir atrás do vampiro, isso que fez com que deixasse seu trabalho de lado e não o matasse quando teve a chance. Três mulheres inocentes mortas, detetive, e você se deixou levar por seus instintos para proteger um assassino frio. E por quê? Porque se identificou com ele. Essa é a prova do motivo pelo qual nossos ancestrais lutaram para dar um fim em qualquer ser não humano. Mas a P.S. Foundation tem razões diferentes. Acredito que possamos curar você, e seu sangue pode ser a cura para a morte. Imagina você poder salvar toda a raça humana! Fascinante, não é?

Érika estava nauseada, como se tivesse acabado de acordar de uma longa ressaca. Tentava organizar a enxurrada de informações que lhe foram lançadas. Então era esse o motivo da atração por Simons? Era só porque estava no instinto dela? Cura para a morte? A que preço?


Ela fechou o semblante e encarou o doutor.

- Você não vai ganhar essa!

O doutor Vines tirou um frasco do bolso e deixou à vista de Érika.

- Isso não é opcional, detetive. Todas as armas dos meus soldados estão equipadas com dardos que contém esse mesmo líquido, o mesmo que a deixou em coma por alguns dias. E vamos ser sinceros, você não tem como escapar disso.

Ele estava certo, e ela sabia.

Mas então Érika ouviu a porta do carro atrás de si se abrir. Ela não olhou para trás, mas o doutor desviou o olhar para observar a mulher que saía do veículo. Os olhos dele se arregalaram ao ver de quem se tratava. O vestido longo e preto denunciava: Ícaro estava certo.

Doralice se pôs ao lado de Érika e tomou a palavra.

- Você só trouxe esses homens? Não é o suficiente. - zombou.

- Ainda não é Halloween para você se vestir assim, bruxa. - retorquiu.

- O lugar para onde eu vou te mandar, todo dia é Halloween. Espero que sua mãe esteja no céu, porque seria horrível encontrar você no inferno!

A chuva já se dissipara completamente e os primeiros raios de sol começavam a surgir. Doralice virou-se para Érika e disse:

- Vai atrás do Simons. Eu cuido desses caras.

- Tem certeza disso?

- Deixa eu me divertir um pouco. Nem vou precisar usar feitiços. - ela deu uma piscadela.

- Por favor, tenha cuidado. - disse por fim.

- Vai logo, o dia está amanhecendo!

Então Érika correu para dentro da floresta.

- Atrás dela! - gritou o doutor Vines.

- Não mesmo, vocês são meus. Obice! - e disparou o feitiço, criando uma barreira invisível na entrada da floresta. - É, talvez eu precise de alguns feitiços.

Doralice levou uma das mãos atrás das costas e tirou uma adaga. Olhou para o doutor Vines, que observava assustado. Sorriu e se pôs em posição de combate.

- Vai doer só um pouco, e depois... um pouco mais. - ela disse.

A EscolhidaWhere stories live. Discover now