2 - Don't Be Afraid.

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Já passava das 3:00h da madrugada e o sono estava quase me vencendo. Levando em conta o fato de que fiquei a noite toda acordada, me permito deixar minhas pálpebras relaxarem.

Um barulho alto invade meu sono, fazendo com que eu me levante imediatamente. Quando o som se repete, percebo se tratar da campainha e relaxo, até pensar: Quem toca a campainha de uma pessoa de madrugada e em plena tempestade?

Tento ignorar e voltar a dormir, porém o barulho fica cada vez mais insistente e eu acabo decidindo que teria que ir lá em baixo; ou para atender a porta, ou para chamar a polícia do telefone fixo que, para meu azar, ficava na sala.

Pego a taco de baseball e caminho devagar, sem acender as luzes para, seja quem for que está lá em baixo, não perceba que estou acordada.

Ao chegar no andar de baixo, os barulhos cessam, como se soubessem que eu já estava ali, e eu decido olhar através do olho-mágico, não havia nada nem ninguém além da rua vazia e das gotas de água caindo em sincrônia. Devo estar ouvindo coisa, penso. Dou meia volta e começo a subir as escadas. Quando faço isso, os barulhos recomeçam repetidamente e decido acabar de vez com isso. Eu abro a porta.

Era uma figura alta, sei que era um homem pelo modo como estava vestido; Sobretudo e um chapéu que, pelo fato de ele estar de cabeça baixa, cobria seu rosto.

- Você pode me ajudar? - Aquela voz rouca fazia todos os cabelos do meu pescoço se arrepiarem.

Eu apenas junto as sobrancelhas, escondendo o taco atrás da porta, mas sem solta-lo.

- Eu fui assaltado -, ele levanta a cabeça, e percebo que se tratava de um belo moreno de olhos verdes brilhantes. - Acho que fui ferido. - Ele ergue a mão, e posso ver que ela estava completamente suja de sangue. Qualquer pessoa sã, meu lugar bateria aporta e sairia correndo, mas meu senso de boa pessoa me impede de fazer isso.

- O que você quer? - Pergunto, segurando firme o taco, sem que ele perceba.

- Ajuda. - Tenho a impressão de ter visto um pequeno sorriso nascer em seus lábios, mas que logo some.

"Não deixe-o entrar, não deixe-o entrar"

- Entre! - Meu subconsciente gritava desesperadamente para que eu o mandasse embora, mas não o fiz.

- Obrigado! - Ele entra e eu facho a porta, torcendo para que algum vizinho estivesse vendo aquilo, para todos os efeitos.

- Não vai tirar o chapéu? - Ele estava completamente encharcado.

- Se não se importar, prefiro continuar com ele.

Ele se senta em uma cadeira e eu pego a caixinha de primeiros-socorros que ficava no armário do banheiro. Faço um curativo em sua mão e ele continuava sério, não falou nada até eu terminar.

Ao terminar, nos levantamos e fico um pouco incomodada com o fato dele ser bem mais alto que eu. Eu estava tão desprotegida e ele estava em minha casa, eu ao menos sabia o seu nome e ele facilmente poderia fazer o que quisesse. Alguma coisa nele me dava medo, seu ar misterioso talvez. Eu me acalmava um pouco, cada vez que chegavamos alguns passos mais perto da porta.

- Mais uma vez, obrigado. - Ele segura na aba de seu chapéu clássico e abaixa um pouco a cabeça para em seguida, sumir entre a nevoa que havia se formado na rua.

Eu fecho a porta assim que uma brisa fria invade a casa, não posso acreditar no que fiz. Subo e tranco a porta, tendo uma leve sensação de estar sendo observada, porém a ignoro e decido voltar a dormir.

(...)

Um barulho irritante de batidas na porta, me faz acordar. Levantando desajeitadamente eu desço as escadas e abro a porta.

- Ainda estava dormindo? - Minha mãe pergunta, me abraçando.

- Vocês que chegaram muito cedo. - Bocejo.

- Cedo? Já é meio dia.

- Mas como foi, conseguiram? - Pergunto animada.

- Seu pai conseguiu emprego e uma fábrica, mas eu não. - Minha mãe suspira.

- Não fique assim, daremos um jeito! -Tento anima-la.

- Filha, eu e sua mãe decidimos que não vamos nos mudar! - Meu pai fica a minha frente.

- Não?! - Eu não poderia estar mais feliz. - Espera, como o senhor vai trabalhar?

- Vou ficar na casa da sua tia, mas todo o final de semana eu estarei de volta. - Seus olhos mostravam que ele não estava feliz com aquilo, mas precisava fazer para garantir nossa sobrevivência em tempos como esse.

- Mas, só seu salário não pagará todas as contas. - Suspiro.

- Eu sei, então nós pensamos em uma coisa -, minha mãe hesita, mas continua. - Vamos alugar o galpão como um quarto.

- Mas quem iria querer morar ali?

- Alguém que acabou de chegar na cidade e não quer pagar um hotél muito caro. - Minha mãe praticamente cantarola. - Aliás, seu irmão já está colocando a placa! - Quando olhos através da janela, posso vez Thomas cravar uma pequena placa no gramado da minha casa.

Ele entra correndo e vai falar com meu pai, mas não escuto a conversa. Já estávamos seguindo para a cozinha quando alguém bate na porta.

- Boa tarde. - Fala minha mãe.

- Boa tarde, estão alugando um quarto? - Aquela voz, não é possível! Era ele...

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now