31 - Hurt.

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Luke me leva em sua moto até a esquina próximo a minha casa. Nos despedimos com um breve beijo e logo me encontro saltitando pela calçada e cantarolando uma música qualquer que me veio à cabeça.

Sobo até a varando e toco a campainha de casa, mas ninguém atende. Bato na porta mas não obtenho resposta, então vou até a janela e tento olhar através da fina cortina, porém tudo está apagado. Começo a ficar preocupada e opto por entrar pelo pequeno portão ao lado da casa, por onde Harry sempre entra para ir ao galpão, porém ele está trancado.

Tiro os sapatos de salto baixo que usava e me apoio na parede, colocando as pernas sobre o portão e o pulando, porém na queda caio sobre minha mão, e grito ao sentir a dor.

Minha vista fica turva por algum tempo, até que alguém me ajuda a levantar. Ainda um pouco tonta, me encosto na parede e respiro fundo, até que minha visão volta ao normal e eu posso ver Harry me encarando de forma estranha.

- Você está bem? - Ele pergunta.

- Sim. - Resmungo, até que ele tenta pegar em minha mão e mais uma vez eu solto um grito um tanto agudo.

- Você não parece bem. O que estava tentando fazer?

- Não tem ninguém em casa e eu tentei entrar pelos fundos, mas não deu muito certo. - Bufo.

- Percebi! - Ele sorrir.

- Ei! - Sorrio e dou um pequeno tapa em seu ombro, porém minha mão machuca.

- Precisamos cuidar disso. - Harry junta as sobrancelhas. - Vem, vou te levar ao hospital.

Ele coloca a mão no fundo das minhas costas, abrindo o portão e me guiando até a frente da casa.

- Espera! - Paro. - Não quero ir ao hospital, eu estou bem. - Sorrio fraco.

- Você não está bem, amor, precisa de cuidados. - Após um bom tempo, percebo que ele havia me chamado de 'amor', e ele fez isso de forma tão natural, que era como se já estivesse habituado a isso.

- Pode parecer estranho, mas não gosto de médicos, eles me assustam. - Faço um bico.

- Prometo que não vou sair do seu lado. - Ele sorrir amigavelmente e me estende sua mão, então a a seguro.

Nos entramos em seu carro e logo ele começa a conduzir. Após alguns minutos na estrada, começo a perceber que haviamos chegado no centro da cidade, onde se localizava a hospital. Só de pensar em estar ali já me arrepio.

- Então, você sabe para onde foram todos? - Pergunto a Harry, para tentar me distrair.

- Sim. Seu pai chegou e levou sua mãe, seu irmão e Matt para jantar. Me pediram para avisar quando chegasse da casa da sua amiga.

- Oh, claro. Obrigado. - Encosto minha cabeça no vidro da janela.

Me sinto mal por mentir assim, será que devo contar a verdade? Talvez sim, afinal, agora somos amigos!

Antes que possa falar qualquer coisa, sinto o carro freiar e logo Harry sai, indo até o outro lado e abrindo a porta para mim. Saio do carro e percebo que estamos no estacionamento do subsolo, abaixo do hospital.

Caminhamos até o elevador e assim que entramos Harry digita o andar onde parariamos, e após alguns minutos o elevador finalmente para. Saímos de lá e começamos a andar por um corredor exageradamente branco, até que chegamos à recepção e explicamos tudo que aconteceu, então logo a moça nos indica a sala em que devemos entrar, e assim fazemos.

Abro a porta devagar e encontro uma sala branca, com algumas listras azuis na parede, uma maca fo lado esquerdo e no lado direito uma mesa e três cadeiras ao seu redor.

- Podem sentar, já estou indo! - Ouço uma voz fa pequena salinha logo atrás.

Sento-me e Harry faz o mesmo. Por estar nervosa, começo a mexer freneticamente meus dedos da mão esquerda logo sinto a mão de Harry sobre a minha, me fazendo ficar calma.

- Desculpem a demora, estava assinando alguns documentos. - Fala um homem por volta dos quarenta e cinco anos, usando um jaleco branco com um crachá escrito; Dr. Baccarin.

Logo ele pergunta o que aconteceu e sou obrigada a repetir toda história, então sou levada até a sala ao lado e tiram um Raio-X da minha mão direita. Logo após, ele coloca um gesso e voltamos para sua mesa.

O médico começa a escrever alguns remédios que terei que tomar para evitar dores nos primeiros dias, porém enquanto ele escreve presto atenção em um porta-retratos em cima da sua mesa. É Talyta.

- É sua filha? - Pergunto, apontando para a foto.

- Sim. - Ele sorrir tristemente.

- Vocês se parecem.

- O nome dela é Talyta, tem a sua idade, tão cuidadosa quanto você! - Ele irônisa, e nós sorrimos.

Logo que pego a receita, saimos da sala e vamos até o corredor onde pegaríamos o elevador. Assim que a porta do mesmo abre, sai um casal um pouco mais velho que nós. A mulher estava grávida e gritava muito, ofegante e sentada em uma cadeira de rodas, já o rapaz segurava umas centenas de bolsas com coisas de bebê, enquanto empurrava sua esposa. Olhamos para a cena e sorrimos, encantados com aquilo.

Após um longo caminho de volta, logo chegamos em casa. Todos já haviam chegado, inclusive papai, que passou a noite em casa.

(...)

Já se passaram três dias desde que tudo aconteceu. Hoje não só meu pai voltou para a cidade, mas Matt voltará para Londres após uma ligação da emergência do seu pai, parece que ele fará uma viagem inesperada para o Japão e não quer deixar sua mulher só, então chamou o filho para lhe fazer companhia.

Hoje também, terei que voltar às aulas. Essa não é exatamente a melhor segunda-feira que já vivi.

Desço as escadas correndo, passo pela sala e abro a porta, indo pela calçada e abraçando Matt, que terminava de guardar sua malas no Táxi.

- Achou que iria sem se despedir de mim? - Brinco, ainda o abraçando.

- Impossível! Já vou ficar tempo de mais sem te ver. - Ele sorrir.

Ouvimos o motorista chamando e Matt o avisa que já está indo.

- Volta logo. - Beijo sua bochecha e ele sorrir.

Logo ele entra no carro e some na estrada. Suspiro e caminho pela calçada, em direção a escola onde passaria o dia.

(...)

O final da aula finalmente chegou, todos já haviam saído da sala e estava apenas eu, terminando de guardar meus livros na mochila.

- Hey, Skye! - Ouço alguém me chamar, assim que me viro vejo Melanie me observando.

- Oi, que houve? - Sorrio, colocando a mochila nas costas.

- É que, como o baile de Halloween está chegando eu sou a organizadora, preciso saber se você vem só ou vai trazer alguém? É que eu preciso ter uma noção de quantas pessoas terão ao todo. - Ela pergunta animada, enquanto caminhamos pelo corredor.

- Ham... não sou muito de festa, mas acho que posso ir.

- Acompanhada? - Ela ergue as sobrancelhas.

- Talvez. - Sorrio.

- O.k, nos vemos amanhã, tchau! - Ela acena e logo vai embora.

Abro as portas avermelhadas de entrada do colégio, e vejo algo que me deixa estática. No lado direito estava Luke de pé, perto de sua moto, usando sua jaqueta e botinas empoeiradas. Já no lado esquerdo, estava Harry, de terno e chapéu, encostado em seu carro. Ambos me esperavam.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now