62 - One Night. Two Deaths.

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- P.O.V NARRADOR -

Ele limpou a lâmina, guardou o pano sujo de sangue no bolso do paletó e se livrou do corpo. Ele era bom em encobrir. pistas.

Seus cabelos voavam, levados pelo vento congelante daquela noite, quando ele parou em frente ao lago onde ela estava. No fundo.
Ele chutou a neve, eliminando a última gota de sangue que restava, agora tudo estava perfeito, intocado. Um sorriso doentio surgiu em seu rosto quando ele observava o gelo quebrado.

"A essa altura ela deve estar morta."

Esse pensamento o divertia. Uma noite, duas mortes. Tudo conforme o planejado.

Por alguns minutos seus olhos tão azuis, quase violetas, se perderam na imensidão do céu noturno. Tudo estava em paz, menos sua mente.

"A vingança não deveria ser o fim?" Ele pensou.

Não. Para ele não tinha acabado. Ele ainda se sentia vazio. Triste. Tão solitário quanto naquele dia, quando Skye tirou seu pequeno pedaço de esperança.

Não importava se ela era só uma criança. A culpa era dela. Precisava ser dela. Não dele.

Seus cabelos caem sobre seu rosto quando ele abaixa a cabeça, encarando o chão.

"Ela está morta, você conseguiu!" Seu subconsciente gritava.

Tantos anos de dedicação, tantas vezes observando pela janela quando ela fica só em casa. E ela nem se quer percebia.

Foi fácil entrar na casa. Garota boba, confia em estranhos.

O barulho da porta sendo aberta surge na sua mente. Mas não era apenas uma lembrança, era real. A porta do colégio foi aberta, alguém corria em sua direção.

Mãos contra seu peito, ele é empurrado, cai no chão.
- Idiota. - Balbucia, quase inaudível.

- Você atirou nela?! - O outro gritava, olhando para o lago, desesperado.

- Não, eu não atirei. - Ele se levanta, limpando a neve da roupa escura. - Eu juro. - Ergue as mãos no ar, em sinal de inocência.

Dissimulado. Sempre foi bom em mentir.

- Eu ouvi tudo! - O rapaz estava ofegante. - Eu vou lá.

Ele tira os sapatos e a parte superior do terno, se dirigindo ao lago escuro.

- Você está louco! - Ele segura seu braço. - Se entrar lá vai morrer.

- Prefiro morrer com ela à viver com você.

Silêncio. Olhos nos olhos. Personalidades opostas se enfrentando desde sempre.
O outro puxa seu braço do aperto, correndo contra o vento frio, mergulhando na água congelada.

Lá dentro estava quieto e escuro. Em poucos segundos que ele estava lá dentro, já podia sentir sua pele dormente. Ele a procurava, mas não encontrava.
Minutos ali dentro e ele já não conseguia respirar, voltando a superfície. O homem estava lá, na beira do lago, o observando com seu olhar sombrio.

Ele volta a mergulhar. Procurou e procurou, para, quandl tudo parecia perdido, finalmente sentie algo ao alcance de suas mãos. Ele segura o que parecia um braço e nada de volta a superfície trazendo consigo ela, a causa de tudo isso, Skye Daltton.

Seus lábios estavam roxos, a pele pálida, o vestido molhado pesava quando ele a tirou dali, colocando-a na beira do lago.

- Vamos, Skye, respira. - Sussurrou, enquanto fazia massagem cardíaca.
- Ela está morta. Aceite. - O homem tinha os braços cruzados, observando a cena.

Ignorando o primeiro, o outro pega o celular no bolso do terno que não havia caida na água.

Emergência: Discando...

- Qual a sua emergência? Informe sua localização...

Ele desliga o telefone.

Seria tolice trazer ambulâncias para a escola, chamaria muita atenção, pessoas feriam perguntas e descobririam o que deve ser mantido em segredo.

Ele a coloca nos braços, caminhando em direção ao estacionamento.

- Deixe ela aí! - Ele grita, seguindo os dois. - Por que você se importa com a bastarda?

- Por que você não se importa com ninguém? - Skye pesava em seus braços quase dormentes de frio, ele caminhava tão rápido quanto podia, ignorando o homem.

Ele para de andar ao ouvir aquelas palavras. Ele não deveria ter se sentido ofendido, era apenas a verdade, mas algo dentro dele parece ter se quebrado. Coração?  Não. Não se pode quebrar o que não se tem.

- Isso não vai ficar assim. - Ele sussurra, antes de correr para o lado contrario, desaparecendo noite a dentro.

Por sorte os adolescentes estavam bêbados demais para ver quando Skye foi colocada no carro. O outro entrou no lado do motorista. Ele sentia tanto frio que sua visão chegava a ficar turva, mas agora isso não importava.

Após minutos de agonia, entre as vezes que ele chamou por Skye, tentando faze-la acordar, e quando ele se sentiu tão mal que quase perdeu o controle da direção do carro, eles finalmente estacionam em frente ao Hospital.

Ele desce do carro, fazendo a volta e tirando a garota com cuidado. Ela não respirava. Ele a coloca em frente a porta de entrada, olhando uma última vez para seu rosto,  quase sem vida, logo depois volta parabo carro, dando partida em direção a qualquer lugar longe dali.

Não demora muito para que alguém passe e veja a garota no chão. Os enfermeiros a colocam em uma maca, entrando no hospital, correndo em direção à emergência.

Ela não tinha identificação. Junto ao corpo não havia carteira, celular, absolutamente nada. E ninguém viu quem a deixou ali. Agora, skye Daltton era apenas uma garota desconhecida que, com um pouco de sorte, havia tido uma morte indolor.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now