P.O.V NARRADOR
Skye havia voltado para o quarto há exatas duas horas atrás. Ela se mantinha calada, sentada na cama fria enquanto observava seus próprios dedos sobre a roupa hospitalar.
A pessoa que poderia ajudá-la a lembrar-se do passado, nesse momento estava desaparecida. Ela não sabia ao certo, mas tinha a sensação de ser a culpada.Sua cabeça lateja. Ela não se lembrava, por mais que tentasse.
- É completamente inútil. - Lamenta, sentindo uma lágrima quente escorrer sobre sua bochecha.
Os corredores estavam silenciosos e amedrontadores, como sempre. Aquele lugar não era nem de longe acolhedor, ela queria sair dali tanto quanto queria descobrir quem realmente é.
Passos quebram o silêncio, a porta é aberta de súbito, revelando um homem jovem e alto. Seus cabelos castanhos molhados caiam sobre seu rosto e ele parecia cansado.
Quando seus olhos se encontram, um calor repentino preenche o ambiente. Apesar dela não o conhecer, seu rosto parecia estranhamente familiar.
- Eu sinto muito por vir tão tarde. - Ele ofegava, entrando no quarto e caminhando até ela.
- Eu... te conheço? - Sua voz era baixa e trêmula.
Ele sorri, relevando profundas covinhas.
- Conhece. Você também cohecia a garota que veio aqui, Talyta, não é?
- Eu, bem, eu não sei. - Suspira. - Mas acho que ela me conhece.
- Isso. - Ele senta-se na cama, ao seu lado. - Eu não tenho tempo para explicar, mas eu preciso que você confie em mim, ok?
Ela não responde, apenas continua o encarando.
- Talyta foi levada por pessoas ruins, e eu acredito que você possa me ajudar a encontrá-la.
O quê?!
- Eu não sei quem é você, mas deve saber que eu perdi a memória, como posso ajudar alguém? - Skye estava realmente assustada.
- Skylar, apenas confie em mim, você pode fazer isso? - O rapaz sorrir calorosamente, estendendo-lhe a mão direita.
(...)
Ela não sabia porque tinha concordado com aquilo. Sua ferida latejava a cada passo, a garota apenas acompanhava o rapaz através dos longos corredores do hospital.
Ele havia dito que, para encontrar Talyta, precisavam sair daquele lugar o mais rápido possível. Segundo ele, as pessoas que haviam rapitado a garota, poderiam estar à espreita, esperando o momento certo para fazer o mesmo com Skye.
Foi essa ideia que a convenceu a usar suas forças limitadas para correr para fora daquele lugar.
Por sorte, a recepcionista cochilava sobre o teclado do computador. Não havia mais ninguém na sala de espera, e a porta ficava à apenas alguns passos de distância.
Quando finalmente conseguem chegar ao estacionamento, a garota para, erguendo o corpo e apoiando as mãos em seus joelhos, tentando recuperar o fôlego.
- Você está bem? - O rapaz franze o cenho.
Skye apenas assente, sentindo o ar frio da madrugada preencher seus pulmões.
- Você... - Ela pausa, ofegante. A ferida em seu ombro ainda latejava - Você não me disse seu nome.
- Oh, tem razão, sinto muito - Ele passa os dedos em seus cabelos, escovando-os para trás - Meu nome é Styles. Harry Styles.
- Desde quando nos conhecemos, Harry Styles? - Erguendo-se novamente, ela o encara.
- Foi em uma noite como essa. - Harry encara o céu escuro. - Estava chovendo também, você me ajudou.
Estendendo sua mão até encontrar a mão da garota, ele cruza seus dedos.
Mais uma vez, ele sorri. Aquele mesmo sorriso. Um sorriso doce e familiar, porém misterioso.- Acho que eu ainda não te agradeci o suficiente por aquela noite, mas não se preocupe, vai chegar a hora. Agora precisamos ser rápidos, o caminho até Talyta é longo.
Ele a guia até uma caminhonete estacionada próximo do local onde estavam. O veículo era antigo e empoeirado, hesitando, a garota entra, acomodando-se no banco do carona, observando o rapaz que se colocava ao seu lado, atrás do volante. Em alguns minutos, eles já estavam longe do hospital.
As ruas de Bradford eram escuras e quietas. O caminho que eles tomavam parecia levá-los ao subúrbio, um lugar afastado, onde logo as paredes das altas casas do centro, deram lugar à muros pixados de pequenas moradias com janelas e portas quebradas.
Que lugar é esse? A garota se questionava.
Após pouco mais de uma hora, ao que lhe pareceu, o carro estaciona em frente a um predio em construção. As paredes altas, ainda sem pintura, traziam para o local um ar frio e assustador. Os andaimes ainda estavam posicionados em torno da estrutura, cobertos por faixas verdes, rasgadas.
Aparentemente, a obra havia sido abandonada.- Não vai sair? - A voz rouca, quase em um sussurro, tira Skye de seus pensamentos. Harry havia saido do carro, e agora estava de pé, próximo a porta do prédio.
Hesitando, a garota abre a porta do carro, para seus pés, cobertos por pequenas pantufas do hospital, encontrarem o chão frio e húmido, fazendo-a tremer.
Lá dentro era um caos; Paredes vandalizadas, restos de materiais de construção espalhados por todo lado, ratos e baratas se esgueirando na escuridão. O último lugar onde uma garota machucada e sem memória gostaria de estar. E mesmo assim, era onde ela estava. Ele havia a convencido. Ela havia confiado.
- Por que nós estamos aqui? - Sua voz sai em um sussurro, apesar de não ser a intenção.
- Você vai ver. - Harry lhe responde no mesmo tom, enquanto eles sobem as escadas.
Harry não soltava a mão de Skye, enquanto eles iam avançando, degrau por degrau, até finalmente chegar ao último andar.
Lá o espaço era grande, apesar dos andaimes, das partes e canos de plástico e pedaços de metais espalhados pelo local. A poeira faz Skye espirrar. A luz fraca provinha de uma lâmpada improvisada do centro da sala. A parede à direita era apenas uma grande janela, ou deveria ser, mas não haviam vidros ou grades para proteger, revelando a grande lua cheia, que preenchia o céu.
Uma sensação estranha atinge a garota. Um nó na garganta, um aperto no peito. Havia algo errado.
- Skye... - A voz doce a chama, fazendo-a encarar o rapaz, imóvel atrás dela - Ali tem algo que você deveria ver.
Ele aponta para a esquerda onde havia apenas telas verdes estendidas como curtinas.
Skye estava nervosa. Era nítido.
Caminhando lentamente, ela estende a mão, abrindo espaço entre as telas, para revelar quatro silhuetas ajoelhadas no chão.
Eram duas mulheres, um homem e, aparentemente, um garoto. Suas cabeças estavam curvadas sobre o peito. As mãos amarradas atrás dos corpos. As roupas estavam cobertas de poeira, e havia sangue deslizando para fora das feridas em seus corpos.
Skye imediatamente leva a mão à boca, cobrindo um soluço enquanto as lágrimas caiam.
- Harry, o que você...
Ela vira para atrás, apenas em tempo de ver o punho do rapaz descendo contra seu rosto. A última coisa que consegue ver, são seus olhos maldosos, azuis como o oceano.
Então tudo escurece.
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Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]
Rejtély / Thriller"Abrir a porta" esse é um ato comum que exercemos todos os dias. Pode ser a porta do seu quarto, do elevador ou até mesmo do armário, abrimos ao menos uma porta diariamente. Mas e se esse simples ato, pudesse mudar tudo na sua vida? Se ao abrir a po...