51 - Is him?

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[Casa dos Daltton - 22:00]

Meus olhos estavam fixos na mochila preta sobre a cama, enquanto as fortes batidas do meu coração contra meu peito, faziam minha caixa torácica doer.

- Tudo bem. - Suspiro. - É isso aí.

Um breve silêncio repousa sobre o quarto, até ser quebrado por uma voz preocupada.

- Tem certeza? Você não precisa...

- Sim. - Ergo a cabeça para encarar Talyta, parada à alguns metros de mim. - Eu preciso.

Desde que Talyta havia estado aqui essa manhã, uma sensação estranha me perseguia, como uma nuvem negra sobre minha cabeça, que nunca iria embora.

O dia havia sido exaustivo, mais psicológica do que fisicamente.
  Harry havia passado o dia fora, aparentemente. Meu pai estava de volta a casa, afinal, hoje é sábado. Isso deveria me tranquilizar, porém era apenas mais um espectador para a minha dor, que estava aparente em meu olhar, disso eu tinha certeza.

Após pensar inúmeras vezes se havia tomado a decisão certa quanto a ir até o local que o bilhete indicava, decido que não poderia acontecer nada pior do que tudo que havia acontecido nos últimos meses.

Era o que eu imaginava.

Assim que a noite caiu, Talyta tratou de entrar pela janela do quarto, apenas observando enquanto eu organizava o necessário para nossa pequena "aventura".

E aqui estamos nós.

- Só falta uma coisa. - Apoio o queixo nas mãos, enquanto observo a mochila.

- O quê? - Talyta pergunta.

- Eu já volto. - Caminho em direção a porta, antes de olhar para a garota um última vez. - Não deixa ninguém te ver. - Aviso, recebendo um aceno como resposta.

Desço as escadas rapidamente, quase tropeçando em meus próprios pés, enquanto vou em direção a cozinha.

- Docinho?

Levanto ligeiramente a cabeça, para ver meu pai me encarar com uma expressão confusa.

- Olá. - Dou-lhe um sorriso torto.

- Está tudo bem lá em cima? - Indaga, tomando um gole do líquido na xícara que segurava.

- Hum, está. - Dou de ombros, indo em passos lentos para o outro lado da cozinha.

Me encosto no balcão, de forma que minhas costas fiquem direcionadas para o porta-louças.

- Então, como vai o trabalho? - Pergunto, na tentativa de distrair meu pai, enquanto minhas mãos vagavam sobre o mármore, até encontrar o que eu procurava.

O faqueiro.

- Estão muito bem! - Ele sorrir. - Aliás, sua mãe e eu temos uma surpresa para você e Thomaz, tenho certeza que vão adorar.

- O que é? - Seguro a faca, guardando-a na parte de trás da calça.

- Se eu contar não vai ser surpresa. - Ele cantarola.

- Tudo bem. - Reviro os olhos.

Caminho até ele, depositando um pequeno beijo em sua bochecha, seguido por um "boa noite".
 
Subi as escadas, orgulhosa por ter alcançado meu objetivo.
Só espero não precisar usá-la.

Assim que chego no corredor ouço um grito abafado, fazendo-me correr em direção ao quarto.
Pouso a mão sobre a maçaneta, lembrando do trunfo que havia comigo. Pego a faca, segurando-a firmemente.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now