Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]

7 - Afraid.

-A mídia exagera! -Harry fala, pegando o controle remoto e desligando a TV.

-O que você faz aqui? -Pergunto um pouco assustada, me apoiando no batente da janela.

-Preciso de uma caneta...

-Não. Quero dizer, como você entrou aqui? -O interrompo.

-A porta dos fundos estava aberta. -Ele dá de ombros, como se fosse uma coisa muito normal entrar na casa das pessoas sem avisar. -Mas então, tem uma caneta?

-Sim, vou pegar! -Caminho até a escada.

-De preferência vermelha! -Ele dá um pequeno sorriso e eu continuo subindo.

  Ao chegar no quarto vou até uma gaveta na cômoda e pego uma caneta, vermelha. Por que vermelha? Não deve ser nada importante.Desço devagar e ele já não estava mais na sala, vou até a cozinha e não o encontro. Caminho por um pequeno corredor e o encontro parado, olhando fixamente para as fotos da minha familia.

-Tudo bem? -Pergunto.

-Claro. -Ele olha para mim, claramente perturbado, pega a caneta e sai. 

  Me posiciono onde ele estava, de frente a um porta retratos na parede, com uma foto de quando o Thomas nasceu. Estavamos eu, com apenas 6 anos, Thomas bebê nos braços da minha mãe e meu pai ao lado. Não entendo o que pode ter o assustado tanto, é apenas uma foto de família! Volto a sala e me sento no sofá, quando a campainha toca e eu bufo, não querendo levantar.

-Polícia, abra por favor! -Arregalo os olhos e penso o que a polícia estaria fazendo na minha casa.

  Me levanto, ajeitando minha roupa e indo até a porta, abrindo-a em seguida. Estavam dois políciais, um mais alto e loiro, e outro baixo e moreno. Ambos usando kepé, e um carro estava parado em frente a minha casa.

-Posso ajudar? -Me apoio na porta, torcendo para que não seja algo sério.

-Desculpe o incomodo, mas estamos passando nas casas dos moradores, para verificar se tem acontecido... algo estranho! -O polícial mais alto se inclina, como se estivesse procurando algo dentro da casa.

-Não. -Franzo a testa.

-Você mora só? -o mais baixo pergunta.

-Não, meus pais sairam. -Suspiro. -Mas tem meu vizinho, ele mora lá nos fundos! -Exclamo, ao me lembrar dele.

-Podemos ir até lá? -Eles se entre-olham, provavelmente imaginando se alguém relmente moraria nos fundos de uma casa.

  Eu os guio até o quintal, chegando lá o galpão estava trancado e todas as luzes apagadas, não se ouvia nenhum som.

-Tem certeza que mora alguém aqui? -Um deles pergunta, como se eu fosse lunática e tivesse inventando isso, por sabe se lá por que motivo!

-Sim, ele se mudou a alguns dias. -Falo o mais calma possível.

-Certo, mas caso você veja alguma coisa estranha, ligue para nós! -Eles dão uma outra olhada para o galpão e depois para mim, até que saem da casa e eu fecho a porta.

  O.k, ele estava lá a alguns minutos e de repente some? A não ser, que ele se escondeu. Mas por quê? O que ele não quer que a polícia veja?

   Algum tempo depois minha mãe e Thomas chegam, ela diz que ele comeu muito doce e acabou passsando mal. Era estranho não ter meu pai por ali, mas era por um bom motivo, e eu teria que me acostumar. Aos poucos a noite chega e com ela mais chuva e raios, o tempo estava bem fechado ultimamente.Mamãe e Thomas logo dormem mas, ao contrário deles, eu não estava com um minímo que fosse de sono. 

  Fico no quarto estudando alguns assuntos desse novo semestre, eu teria de me empenhar muito a partir de agora, se quisesse passar de ano. De repente, todas as luzes se apagam. Eu não me movo, esperando que alguém vinhesse aqui, mas minha família já estava dormindo a muito tempo e, provavelmente, nem tinham notado que a energia caiu. Agora, estava por minha conta. Após bater na quina dos moveis algumas vezes, consigo sair do quarto e chegar até a acozinha, onde esperava encontrar uma lenterna. Por puro reflexo, tento ligar o interruptor, mas obviamente nada contece. 

  Vou até o armário e antes que abra a gaveta, sinto um vento, como se alguém estivesse passando por trás de mim. Me viro rápido, mas não havia ninguém. Quando eu abro a gaveta, não havia nada. Procuro por todos os locais prováveis, mas não estava ali. Pelo canto dos olhos vejo uma luz e me viro, a lanterna estava em cima do balcão, mas sem as pilhas. Em fração de segundos, algo me empurra, me deixando contra a aparede. A luz da lua ilumina o par de olhos verde me encarando.

-Harry... -Suspiro e ele me solta devagar.

-Desculpe se assustei você. -Ele se afasta, caminhado pela cozinha.

-O que você faz aqui? 

-Skye, por que você levou aqueles homens até o galpão? -Ele começa a mecher em algumas coisas, e pelo barulho era metal.

-Os policíais? Eles perguntaram se morava mais alguém aqui! -Falo, enquanto tento recuperar o fôlego

-Skye... Eu não gosto de ser interrompido, então vamos combinar uma coisa -Ele se vira, e percebo que estava segurando uma faca -, nada de "visitas indesejadas" certo? Nunca mais leve ninguém lá!

-Certo. -Tento parecer calma, mas com certeza o tom da minha voz coloca tudo a perder.

-Ótimo, bom saber que posso confiar em você! -Ele joga a faca na pia, fazendo um barulho alto, mas que foi encoberto por um trovão.

-Sim, pode confiar. -Suspiro.

-Ótimo! -Ele começa a caminhar. -Obrigado pela caneta. -Ela a joga para mim e sai, fechando a aporta. 

Dentro de poucos segundos a energia volta.Certo, isso foi MUITO assustador. Esse cara não é normal e disso eu tenho certeza. Será que essa é a "coisa estranha" que deveria me fazer ligar para a polícia? Talvez não, não sei quem ele é, nem o que pode fazer. Para começo vou me manter longe dele, minha família precisa do seu dinheiro, e eu não posso colocar tudo a perder outra vez.

(...)

O sol já estava nascendo e eu ainda estava pensando na noite passada, não consegui dormir nem um pouco e aparentemente, iria para a escola assim mesmo.Meu despertador toca e eu apenas o desligo, indo ao banheiro, tomando um banho e vestindo a roupa. Paro na frente do espelho e noto as olheiras que estavam me fazendo parecer um panda, coloco uma maquiagem para disfarçar e desço, pegando uma maça e parando no ponto para esperar o ônibus.