64 - Awake And Forget.

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- P.O.V SKYE -

Meus olhos estavam vidrados no teto branco como se fosse algo extremamente interessante, mas não era.

Minha garganta está tão seca, eu não conseguiria falar mesmo se quisesse, mas o que se pode dizer quando não há memorias? Ninguém por quem chamar, apenas um vazio.
E ele.

O homem de olhos verdes com quem sonhei na sala do de cirurgia. Quem é ele? Quem sou eu?

Lágrimas caem sobre minha bochecha, fazendo-me levar a mão ao rosto, enxugando-a.

- Aish! - Praguejo, sentindo meu ombro doer.

Os médicos disseram que eu fui baleada. Por que alguém tentaria me matar? Teria eu sido uma má pessoa?

Enrolo os dedos no lençol da cama, quando a porta é aberta rapidamente, dando passagem para que um homem entre. Ele era alto e moreno, seus olhos azuis encontram os meus, quando ele vem em minha direção, me abraçando.

- Docinho, você está bem? - Suas mãos tocam meu rosto, parecia querer ter certeza que eu era real.

Apenas o encaro, confusa com sua reação.

Por alguns minutos ele permanece ali, sentado na beirada da cama, me examinando com o olhar, parecia ter mil coisas para dizer,  mas não poderia usar palavras.

- Senhor Daltton, precisamos conversar. - O médico em pé perto da porta chama, desviando a atenção do homem.

- Certo. - Ele encara o médico, em segui voltando-se para mim. - Eu já volto.

Ele me dirige um sorriso antes de se levantar e caminhar para fora da sala com o médico, me deixando à sós.

Quem é ele? Quem é? Ele me conhece, eu o conheço, mas de onde?

Eles provavelmente estavam conversando no corredor, as vozes entravam suavemente no quarto, deslizando pelas paredes brancas e chegando aos meus ouvidos como pouco mais que sussurros.

"... O tempo que ela passou sem oxigênio afetou o cérebro. " A primeira voz era do médico, com certeza.

"O que você quer dizer?" Uma segunda voz o interrompe, era o senhor que acabara de sair daqui.

"Ela perdeu a memória."

Minutos de silêncio. Talvez eles estejam falando mais baixo,  tomando cuidado para não serem ouvidos.

"Ela não lembra de ninguém?" Por sua voz ele não parecia triste ou decepcionado.

"Acreditamos que seja temporário."

O relógio na parede marca 4:00 A.M. Lá fora ainda está escuro.

"É possível algo assim? Quero dizer, o senhor viu o histórico médico dela." O senhor Daltton sussurava, um pouco alto demais.

"É o primeiro caso do tipo que eu presencio."

Mais silêncio. O barulho do aparelho que monitoria meus batimentos cardíacos começa a me irritar.

Ouço cochichos inteligíveis. Alguns passos e silêncio absoluto. Minutos depois a porta é aberta, revelando a figura de jaleco branco adentrando o quarto, mas não era o mesmo que havia saído com o senhor Daltton.

O homem alto tinha os cabelos presos em uma touca branca, haviam luvas em suas mãos e seu rosto estava coberto por uma máscara cirúrgica. Ele se mantém a certa distância, enquanto ler a ficha que está presa na borda da minha cama.

- Seu caso é... - Ele pausa, levantando uma das sobrancelhas. - Interessante.

"Interessante." Sinto os músculos do meu rosto se contraírem enquanto repito essa palavra em minha mente.

- Não é essa a palavra que você usaria? - Ele sorrir sob a máscara. - Talvez não seja apropriada.

O médico caminha alguns passos, parando ao lado da cama.

- Um parente seu veio aqui, você o viu? - Ele eapera uma resposta, que não lhe dou. - Graças a ele agora sabemos quem é você.

O médico tira um frasco de vidro do bolso do jaleco, fazendo o mesmo com uma seringa. Ele injeta a agulha, retirando o líquido transparente e, em seguida o aplicando no soro ligado a minha veia.

- Skye é um belo nome.  - Ele retira a máscara cirúrgica, revelando um rosto jovem, porém cansado apesar do sorriso que usava na tentativa disfarçar a exaustão das horas sem dormir. - Ele te lembra alguma coisa?

Balanço a cabeça em negação. Meu pescoço doi.

Ele sorrir antes de responder:

- Esse é o seu nome. Skye Daltton.

O senhor que esteve aqui tem o mesmo sobrenome. Somos parentes?

- Você deve querer saber meu nome, certo?

Estou curiosa.

- Jeffrey Donovan, à seu dispor. - Ele tira a touca, revelando cabelos louros bagunçados.

Sorrio, o que parece deixa-lo aliviado.

(...)

O sol nasceu, iluminando os prédios que eram vistos através das janelas do meu quarto. O dia se passou de forma extremamente calma, todo meu corpo doía como se houvesse caido de um abismo. Talvez isso realmente tenha acontecido. Ninguém me disse o real motivo de eu estar aqui. O que realmente aconteceu noite passada.

A tarde estava acabando, o céu era uma aquarela alaranjada, com tons de rosa, quando ouço passos no quarto, me fazendo virar a cabeça para encarar quem está se aproximando.

Pes calçados em sapatos brancos e meias da mesma cor caminhavam cautelosos, um buque de flores exageradamente grandes era trazido em seus braços.
A enfermeira pousa as flores sobre meu colo, parecendo aliviada por livrar-se delas.

- Seu namorado teve ser um homem realmente romântico. - Ela endireita o uniforme.

Eu não tenho namorado. Tenho?

- Tem um bilhete para você. - Ela tira um envelope dourado do bolso, me entregando.

Feito isso ela caminha para fora do quarto, me dirigindo um sorriso antes de fechar a porta.

Abro o envelope, retirando uma pequena folha branca.

"A sorte está ao seu favor e ele também."

Sem assinatura.

Deixo o papel na mesinha ao lado da cama, enquanto observo as flores. Rosas vermelhas. O perfume era suave e familiar, o que me deixa confortável, apesar da estranheza do bilhete.


O relógio marcava 23:15 quando alguém entra no quarto.
Ergo os olhos para observar uma garota parada ao pé da porta. Seus olhos me encaravam com um misto de medo e expectativa. Ela usava um vestido como o meu, e tinha as mãos sobre uma estaca de metal com rodas e uma bolsa de soro na ponta. Seus cabelos negros chegavam a quase cobrir seu rosto extremamente pálido.

Nos encaramos pelo que pareceu uma eternidade. Ela apenas esteve ali, imóvel, como se eu fosse algo surreal naquele momento, quando, finalmente, a garota se põe a falar.

- Olá, Skye - Pausa. - Eu ouvi dizer que você perdeu a memória, então acho que vou ter que me apresentar de novo. - Ela sorrir. Um sorriso magoado. - Meu nome é Talyta.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora