50 - Damn.

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Ele continuava de pé, ao lado da cama, me encarando de forma inexpressiva. Logo ajoelha-se próximo a mesma, onde eu me encontrava.

- Precisamos falar sobre o que aconteceu. - Ele murmura.

- Pra você me chama de louca outra vez?

- Eu não te chamei de louca, Skye, só não havia provas do que você disse ter visto.

Harry apoia as mãos na cama, sentando-se ao meu lado.

- Minha palavra não vale? - O encaro.

- É claro que vale.

Seus olhos pousam sobre os meus. Naquele momento, já não era mais o homem de olhar frio de minutos atrás, sua expressão tornou-se gentil e acolhedora, fazendo-me acreditar em cada palavra que seus lábios pronunciavam, embora eu não o tenha deixado saber.

- Obrigada. - Sorrio levemente. - Mas eu não quero falar sobre aquilo. Ainda estou assustada, entende?

O encaro pelo canto dos olhos, inclinando minha cabeça.
Harry apenas assente, aproximando-se de mim. Ele ergue a mão e a pousa sobre meus ombros, puxando-me para um abraço.

Um abraço?

Apenas fico ali, sendo apertada por seus braços ao redor do meu corpo.
Ele está realmente me abraçando?!

Apesar do estranhamento pela situação incomum, me permito relaxar, ousando rodear meus braços em sua cintura, devolvendo o gesto.
Ali ficamos. Não sei por quanto tempo.

- Harry? - Sussurro contra seu peito.

- Sim?

- Quem era aquele homem?

- Que homem, amor?

Essa é a segunda vez que ele se refere a mim como amor.

Sim. Amor.

Me engasgo com as palavras, tentando voltar a concentrar-me.

- O que acabou de sair daqui.

Ele me afasta, podendo olhar em meus olhos.

- Um amigo. - Dar de ombros, levantando-se e caminhando em direção a uma pequena cômoda do outro lado do quarto.

Reviro os olhos, mesmo sabendo que ele não me veria.
Sempre tem uma desculpa, senhor Styles.

- Claro. - Bufo.

Ele provavelmente sente a irritação em minha voz, virando-se para me encarar.

Ainda segurava a arma.

- Você tem seus amigos, assim como eu tenho os meus. - Ergue as sobrancelhas, irônico. - Por falar em "amigos", como vai Luke?

Estranho sua pergunta, hesitando à responder.

- Ele... Ainda está na Irlanda.

- Ah! - Ele inclina a cabeça, com um pequeno sorriso formando-sevem seus lábios. - Imaginei.

- Imaginou? - Franzo o cenho.

- Sim. - Virando-se, ele pousa a arma sobre o móvel. - Era óbvio que ele não aguentaria muito tempo aqui, ainda mais depois de tudo que aconteceu.

- Ele volta, Harry. - Levanto da cama.

O rapaz de encara, cruzando os braços sobre o peito.

Por mais que Luke tem ido embora quando eu mais o queria por perto, ainda sinto algo por ele, não posso deixar que falem algo contra ele. Principalmente Harry.

- Por que ele voltaria?

- Por mim.

Não sei por que eu falei. Talvez, no fundo, eu realmente quisesse isso.

Um silêncio perturbador se instala no local. Qualquer sinal de diversão abandona o rosto do rapaz, que cerra os olhos em minha direção. Ele parecia querer ler meus pensamentos, saber se minhas palavras eram sinceras.

"Eu mesma gostaria de saber."

- Tudo bem. - Ele suspira, abaixando a cabeça. - Se você ainda acredita nele, boa sorte.

Fico estática com suas palavras. A forma como ele as disparou, era possível sentir o desprezo em cada frase.

- Eu... - Pauso, organizando meus pensamentos. - tenho que ir. Boa noite, senhor Styles.

Antes que ele responda, vou em direção a porta que, para minha sorte, estava destrancada.
Atravesso o jardim, entrando em casa.

Ao chegar no quarto jogo-me sobre a cama, encarando a janela que refletia as luzes ainda acesas do galpão.

O galpão. O maldito galpão.

(...)

- Skye. - Ouço um sussurro, seguido por leves pigarreios.

Me novo na cama, trazendo as cobertas para o meu rosto, na tentativa de voltar a dormir.

- Skye, anda, por favor. - A voz torna-se mais clara, e o lençol é puxado para fora da cama, fazendo uma brisa fria chocar-se contra meu corpo.

Abro os olhos devagar, saltando ao ver quem estava à minha frente.

- Como você entrou aqui?! - Exclamo, me encolhendo no canto da cama.

- Janela. - Sorrir com orgulho.

- Meu Deus! - Bufo, passando as mãos sobre os cabelos. - Se você tocasse a campainha eu atenderia, Talyta.

Vou até a garota, abraçando-a.

- E não queira que ele me visse. - Ela murmura.

- Ele? - Ergo as sobrancelhas.

- Seu vizinho.

- Ah. - Assinto, lembrando que Luke havia mencionado o medo que ela sente pelo rapaz. - Entendo.

- Mas eu não estou aqui pra falar sobre isso. - Ele segura minhas mãos. - Eu preciso de ajuda, Skye.

- Como assim?

- Eu... Estou sendo seguida. - Vejo as lágrimas brotarem em seus olhos. - Ontem a noite, eu encontrei um bilhete no meu quarto, ele.... - Ela para.

- O que ele dizia? - Insisto para que ela continue.

- É melhor você ver. - As lágrimas já corriam descontroladas por sua face.

Talyta tira algo do bolço do casaco, estendendo para mim.
Ao pegar, noto que era um envelope, dentro do qual havia uma foto do doutor Baccarin, pai de Talyta, saindo do trabalho. No verso da imagem, estava escrito em letras vermelhas:

"Ponte Rufford, 03/05, 23:00. Que Skye Daltton esteja lá, ou seu pai não acordará amanhã."

Essa letra. A mesma que estava no espelho do banheiro. A mesma que estava na tela da TV.

- Por favor, Skye. - A garota sussurra entre soluços. - Eu não posso perder meu pai, eu só tenho ele.

O medo me domina nesse instante. Eu não queria ir, mas não poderia deixar alguém se machucar por minha causa.

- Calma, nada vai acontecer com vocês. - Sussurro, encarando os papéis em minhas mãos. - Se me querem lá, eu vou.







Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now