Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]

71 - Going On and On.

   James estava em silêncio há algumas horas.
Ao chegar em determinada parte da história, sua voz parecia embargada, então calou-se.

Skye não imaginava que alguém como ele, capaz de fazer coisas tão cruéis, pudesse chorar facilmente.
 
Sim, ele estava chorando. Ela tinha certeza de ter visto uma lágrima discreta traçar o rosto do rapaz enquanto ele olhava para a Lua cheia iluminando o céu.

  A garota ainda tentava, vagamente, afrouxar as cordas ao redor de seus pulsos quando um murmúrio baixo preenche os seus ouvidos. Os sons ficam cada vez mais altos, vindo de algum lugar em meio aquela bagunça, parecia algo - ou alguém - tentando seu melhor para gritar.

  James não parecia surpreso, ao contrário, ele apenas bufa antes de caminhar para trás das telas verdes espalhadas sobre os pedaços de metais que pendiam das paredes e teto.

- Olha quem acordou. - A voz rouca de James ecoa, baixo. - Eu trouxe uma visita especial para você, vem dar oi.

  Logo o rapaz alto surge no campo de visão de Skye, trazendo consigo o velho Robert, com os pés e mãos atados e uma bandana cobrindo a boca. Apesar de não conseguir falar, seus olhos gritavam por socorro.

  Ele é colocado de joelhos alguns metros na frente de Skye, estava acabado, o corpo coberto de poeira e marcas roxas.

- Não vai cumprimentar sua filha favorita, papai? - Ele zomba.

Lágrimas abrem caminho sobre a camada de poeira sobre as bochecas do homem.

- Papai... - Skye sussurra, em prantos.

- Anda, Robert, fala com ela, ou o gato comeu sua língua? - James tira o pano da boca do homem, abaixando-o até o pescoço.

- Eu... - Robert soluça agressivamente - eu sinto muito, filho, por favor, não machuque ela, a culpa é minha, faça o que quiser comigo mas não a machuque.

Os olhos de James se escurecem em raiva e desprezo quando ele leva seu punho de encontro ao rosto do homem.

- HIPÓCRITA! - Ele grita, vendo o sangue quante escorrer, manchando o rosto de seu pai, que cai sobre o chão sujo.

- Não, James, para! - Skye implora.

- Como você consegue ser tão cínico, ainda protegendo ela?!

James se coloca sobre o corpo do homem caído, sentando-se em cima de seu peito e puxando a gola da camisa com a mão esquerda, enquanto usava a mão direita para desferir socos repetitivamente.

- VOCÊ  - um soco - SEMPRE - outro - PREFERIU - mais um soco - ELA! E ELA NEM É SUA FILHA!

James deixa sua cabeça tombar sobre a do homem ensaguentado, quase inconsiente.

- Ela nem é sua filha... - O jovem sussurra, chorando.

  Robert havia desmaiado.

- James, por favor, não o machuque.

  Skye estava com medo de falar seu nome. A voz da garota tremia e um nó se formava na boca de seu estômago, mas, mesmo assim, ela ainda implorou pela vida do único homem que ela conhecia como pai.

- Você... - James levanta a cabeça, encarando-a. Ele tinha os olhos vermelhos, de um azul escuro, como o oceano noturno.

O rapaz levanta-se, cambaleando devido ao esforço feito para agredir Robert, e fraco por ter chorado tão intensamente. Ou, talvez, ele simplesmente não tivesse mais ânimo para lutar. Ele já lutava há muito, muito tempo.

- A culpa é sua. Você roubou meu pai, roubou a atenção do meu irmão, você robou tudo o que deveria ser meu! - Em um movimento rapito ele desfere um tapa contra a rosto da garota, que vira o rosto bruscamente.

O local arde e logo uma mancha vermelha forma-se sobre sua bochecha esquerda. Ela estava chocada.

- James! - Uma voz rouca soa próximo a entrada do local.

  De pé, usando uma camisa social branca com alguns botões abertos e uma calça jeans preta, estava o outro Styles.

  Após deixar Skye na porta do hospital, alguns dias atrás, Harry havia voltado ao galpão, sem ser notado. Devia ao mergulho no lago congelado, na tentativa de retirara garota de lá, ele contraira uma leve hipotermia, que o impossibilitaria de proteger a família quando James invadiu a casa, certa noite, e os sequestrou, mas agora ele estava ali para salvar todos, ou ao menos tentar.

- Irmão! - James grita, endireitando a postura e sorrindo. - Só faltava você para a reunião ficar completa.

  Harry vagueia o olhar entre os escombros espalhados sobre o chão, Rebert ainda inconsistente e coberto de sangue, e Skye, presa na cadeira, com os cabelos sobre o rosto, encarando seus joelhos.

- Nós podemos conversar?

- Eu não nada tenho para falar com você, já nos resolvemos há muito tempo. - James vira-se, dando as costas para o irmão e encarando Skye.

- James, afaste-se da menina - Um barulho baixo chama a atenção do rapaz, que volta a olhar para Harry, encontrando-o apontando uma arma engatilhada. - Por favor, você sabe que eu não quero atirar.

- Eu sei - Ele sorrir, apoiando as mãos nos quadris - E você não vai, um bom detetive nunca atiraria no próprio irmão.

Harry aperta os punhos contra a arma, ainda apontada para James.

- Oh, você não é apenas um detetive comum, desculpa, eu não queria ofender. - Ele matinha um sorriso irônico em seus labios rosados. - Você é o melhor da divisão, certo? Por isso sempre se escondia dos policiais que entravam na casa deles, para não ser reconhecido e estragar seu disfarce. Tsk.

  James caminha para trás da cadeira onde Skye estava, segurando os cabelos da garota e puchando-os, exibindo o pescoço desprotegido onde ele pousa sua faca.

  Harry, pela primeira vez em anos, sentia-se realmente nervoso.

- Se me matar, ela também morre.