49 - Flashback! - part. 2

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... Até que tropeço em uma pedra no caminho, fazendo com que eu caia sobre Harry que, sendo um pouco mais alto e muito mais forte que eu, me segura e logo fecha a porta atrás de nós. Em um suspiro que transparecia um misto de medo e confusão, desfaleço ali mesmo, no chão, sem entender o que havia acontecido nos últimos minutos.

"Abro os olhos lentamente, tudo que consigo ver é um quarto branco com rabiscos de caneta colorida nas paredes e alguns brinquedos espalhados ao longo do carpete. Sinto um cheiro, ah aquele cheiro de torta de maçã saindo do forno, por que me parece tão familiar?

  Caminho devagar e abro a porta, é um corredor, mas não é o da minha casa, porém começo a percorre-lo até ao fim da escadaria de madeira. Sigo aquele aroma que certamente me levaria a cozinha, até que ao chegar noto, sentado à mesa, um menino. Ele estava de costas para mim, logo tudo que pude ver foram seus fartos cabelos castanhos e extremamente lisos, como os meus eram até os cinco anos de idade, quando começaram a surgir as primeiras ondulações. Aliás, essa parecia ser a idade dele e eu sinto que deveria conhecê-lo, mas de onde?
Quem é ele? Por que ele me é tão familiar, mesmo eu nunca tendo visto seu rosto? "

Abro os olhos em um impulso repentino e praticamente salto para longe do sofá onde me encontrava, o que me causa uma leve tontura.

- Oh, meu Deus! - Minha mãe exclama, segurando em meus braços e me ajudando a sentar.

- Skye, você está bem? O que aconteceu lá fora?

- Eu... - Tento falar, porém havia um nó em minha garganta impedindo a passagem da voz.

- Querida, respire fundo. - Fala papai, me entregando um copo com água. - Havia alguém lá fora?

- Eu não sei. - Finalmente falo, embora soe como pouco mais que um sussurro.

- Por que você correu? - Harry finalmente se pronuncia, mantendo sua posição encostado no batente da porta.

- As luzes. - Suspiro. - Vocês não viram?

Ao perceber o olhar que os três trocam entre si, sinto uma pressão em meu peito, como se pressenti-se que algo ruim iria acontecer.
Ou já havia acontecido.

- Oh Deus, você deve ter batido a cabeça. - Mamãe diz, sentando-se ao meu lado.

- Não. Eu sei o que eu vi, as luzes explodiram!

Levanto rapidamente, abrindo a cortina da janela que dava vista para a rua.

- Vejam só! - Aponto para fora, ainda encarando as três pessoas que agiam de forma desconcertada.

- Skye, não tem nada aí fora. - Harry aponta, fazendo-me virar para olhar. - Ver? As luzes estão todas aí.

Ele tinha razão. Não havia se quer um caco de vidro no chão. Todas as luzes estavam exatamente em seus devidos lugares.

"Eu não estou louca, eu não estou louca."

- Como é possível... - Sussurro para mim mesma, com os olhos fixos na rua.

- Talvez você só precise descansar um pouco. - Fala o rapaz, pousando a mão sobre o meu ombro.

- Realmente aconteceu, eu sei o que eu vi!

- Quando as pessoas estão exaustas, a mente pode pregar peças. É normal. - Ele me encarava intensamente.

- Harry, eu não estou louca!

Fico frente a ele.

- Eu não disse isso, só acho que...

Ele estava realmente falando que eu poderia ter imaginado coisas? Não! Aquilo aconteceu, eu sei.

- EU NÃO ESTOU LOUCA! - Grito, desvencilhando-me de suas mãos, correndo pelas escadas e em seguida, trancando-me no quarto.

"Skye!"
Ouço mamãe e papai gritar do andar de baixo.

O que está acontecendo? O que significa aquele sonho?

Tudo está tão confuso.

"Eu só preciso de uma luz, só uma luz..."

(...)

Nem mesmo a insistência dos meus pais e até do próprio Harry para que eu abrisse a porta, me fizeram mudar de ideia.
  Sem perceber, acabei dormindo.
Já era o começo da manhã quando finalmente acordei, essa madrugada foi tão estranha quanto a noite passada, pesadelos me perturbaram durante as poucas horas de sono, fazendo-me acordar de sobressalto.
Olho no relógio:

"4:17"

O sono já havia ido embora.

Visto um moletom que se encontrava ao pé da cama e caminho até a janela, onde a geada cobria o vidro​ como um lençol branco.

Já estava prestes a voltar para a cama, mesmo que fosse apenas para deitar em baixo das cobertas e fingir ter uma vida normal, quando, de repente, ouço vozes vindo do quintal.

Ao olhar através da janela​ embaçada, posso notar a porta do galpão sendo aberta, logo Harry saí, ele ainda usava o mesmo terno elegante da noite passada, porém, logo após ele, saí um homem alto, de pele clara e traços asiáticos.
Tento entender o que eles falam, porém sempre fui péssima em leitura labial. Em seguida o homem misterioso o entrega uma bolsa preta, após checar o conteúdo, eles trocam palavras que, mais uma vez, eu não entendo.
O homem se despede e vai embora.

Eu o sigo com o olhar, tentando encontrar traços famíliares no desconhecido. Sem sucesso.

Meu coração quase para quando volto a olhar para Harry. Ele estava lá, de pé, me encarando com um misto de curiosidade e... Sarcasmo?

Após um pequeno sorriso, ele volta a entrar no galpão.

O que está acontecendo?

Balanço a cabeça, tentando me livrar dos pensamentos que a rondava.

Desço as escadas em direção a cozinha.
  Cá estou eu, bebendo um copo de água encostada no balcão enquanto encaro o relógio de parede.

"4:33"

Já estou aqui há um bom tempo.

Ouço um barulho vindo do corredor externo da casa, ao olhar pela janela vejo que Harry havia saído.

Eu tentei lutar contra, mas a curiosidade me venceu.

Em um movimento rápido abro a porta da cozinha, atravessando o jardim humido, chegando ao galpão. Para a minha sorte, a porta estava aberta.

Entro, caminhando em passos lentos sobre a madeira que rangia. E lá estava ela, a bolsa, posta sobre a cama.

Vou até ela, abrindo-a.

Nada.

Não havia absolutamente nada dentro.

"Droga."

Ouço passos atrás de mim, ao virar-me percebo que Harry havia voltado. Ele entra, trancando a porta atrás de si.

- Procurando algo? - Ele para, com as duas mãos atrás das costas.

- E-eu...

- É claro que sim. - Sorrir. - Estava procurando por isso?

Ele ergue a mão, onde havia uma arma negra. Sim, era uma arma de verdade

- E-eu não deveria ter vindo, já vou embora. Me descul... - Antes que terminar de implorar, sou interrompida.

- Por que a presa? Já que está aqui, fique um pouco. - Ele diz simplesmente, caminhando em minha direção. - Ainda faltam algumas horas para o sol nascer, tenho certeza que ninguém vai sentir sua falta.

-

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now