55 - Why You Opened The Door?

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Tomo fôlego enquanto observo o vento bater contra o vidro da janela. Apertando firme o papel em minha mão, sinto meu maxilar travar enquanto as lágrimas correm frenéticamente, com seu calor ardendo em minhas bochechas frias.
Ouço o zunido do celular sobre a cômoda amadeirada. Giro meu corpo vagamente, caminhando em passos lentos.

             "Número desconhecido"

Era o que dizia no ecrã. Deslizo o dedo sobre a tela, aproximando o celular do ouvido.

- Espero que tenha recebido meu recado. - Dizia a voz do outro lado. Era a mesma voz que ligou da última vez, na noite do jantar.

- Eu não vou. - Murmuro entre os dentes.

- Sim, você vai. - O tune não me permite distinguir se a voz era masculina ou feminina. - Você precisa ir. Você quer saber quem eu sou.

- Eu sei quem você é. - Fungo, sem querer deixá-lo perceber que estou chorando. - Você veio de Holmes Chapel, matou aquelas mulheres, matou Niall, me perseguiu, me incriminou, atirou em Talyta, feriu pessoas inocentes. Você é meu pior pesadelo.

Um silêncio se faz do outro lado da linha. Uma respiração profunda e pesada ecoa repentinamente, mostrando que, seja quem for, ainda estava lá.

- Você não deveria ter aberto a porta.

A voz diz. Em seguida ouço um baque, como se o aparelho tivesse caído, e a chamada é encerrada.

Encaro perplexa a tela do celular.

Como o trailer de um filme, uma série de imagens surge em minha mente. Desde a noite tempestuosa em que um estranho bateu em minha porta, passando por quando eu descobri que ele seria nosso inquilino, os assassinatos reportados na TV, as mensagens no espelho do banheiro, a morte de Niall, até o momento em que Talyta desfaleceu em meus braços, por que o assassino me procurava.

E todos esses momentos tinham algo comum, algo que sempre se repetia: Styles.
Ele sempre está por perto quando algo ruim acontece.

Esse pensamento faz meu sangue ferver em minha veias. Uma onda de  adrenalina me invade, fazendo meus pés caminharem rapidamente em direção a porta, abrindo-a e caminhando pelo corredor. Meus passos pesados contra o chão de madeira fazem um som alto, mas não me importo. Assim que chego ao fim da escadaria ouço uma porta no andar de cima ranger, seguido pela voz da minha mãe.

- Skye? - Chama sonolenta.

Ignoro.

Atravesso a cozinha, abrindo a porta dos fundos. Assim que o galpão aparece em meu campo de visão, com sua madeira escurecida e as luzes amarelas, cerro firmemente meus punhos, sentindo minhas unhas machucarem a palma das mãos.

Sem me importar com a fina camada de neve que cobria o chão, vou pelo jardim, batendo na velha preta que eu bem conhecia.

Logo sou recebida por um Styles sonolento, usando apenas a parte de cima de seu paletó, e calças escuras. A ausência da camisa deixava amostra suas tatuagens, que, para mim, eram tão intrigantes quanto o próprio homem.

- Que horas são? - Haviam dois círculos escuros ao redor de seus olhos. Apesar do enfado, ele com​ certeza não estava dormindo.

- Você deveria saber, já que acabou de me acordar. - Bufo.

- Você que veio me chamar. - Se faz de desentendido.

- Não minta! - Exclamo, mais alto do que deveria. - Você entrou no meu quarto, deixou isso lá. - Ergo o papel amassado.

Ele pega o papel, observando-o e lendo o que havia escrito.

- Eu não fiz isso. - Ele me encara.

- E quem poderia ser além do cara mistérioso que apareceu do nada?

Eu estava visivelmente alterada, disso tenho consciência. A forma como as palavras saiam dos meus lábios, e o olhar surpreso de Harry evidenciavam meu descontrole.

- Sou de um lugar distante, Skye. Isso não significa que eu sou um psicopata. - Ele cruza os braços, ainda tendo o papel em mãos.

- Também não significa que é inocente.

- Essa é a segunda vez que você me culpa pelo que está acontecendo. - Ele endireita a postura, inconscientemente, parecendo ameaçador. - E, quer saber? Eu estou cansado. Eu não tenho nada a ver com a sua vida e apesar disso eu quero ajudar! Mas acho que você não sabe o que significa agradecer.

Me encontro estática. Seu tom de voz havia se elevado na medida que a sinceridade tomava conta de suas palavras. Palavras quais eu não esperava ouvir, mas, lá no fundo, algo dizia que eu mereço cada uma delas.

- Eu... - Minha voz falha.

- Você sente muito? - Ele ergue a sobrancelha. - Acho que já ouvi isso antes.

- Não, Harry. - Suspiro, encarando seus olhos verdes intensos. - Eu não acredito em você.

Viro-me devagar caminhando em silêncio pelo jardim. O som da grama sob meus pés é claro, uma vez que tudo ao redor está em silêncio.

- Skye! - Sua voz rouca ecoa.

Olho sobre o ombro, vendo-o se aproximar.

- É uma pena que você não acredite em mim. - Suspira, ficando a poucos centímetros de mim.

- Por quê? - Sussurro.

- Por quê? Bem, porque eu estou, simplesmente, totalmente e perdidamente apaixonado por você.

O ar desaparece. Sinto a força abandonar minhas pernas, fazendo-as bambear.
Isso foi, realmente, uma declaração? Harry Styles, meu inquilino assustar, está apaixonado por mim?

- Não vai responder? - Ele franze o cenho. Só então percebo que fiquei um longo tempo o encarando, processando suas palavras.

- Harry... - Sou interrompido por uma voz feminina gritando meu nome.

- Skye, o que você está fazendo? - Noto mamãe parada ao pé da porta de nossa casa, nos observando.

- Está tudo bem, senhora Daltton! - Harry responde, em meu lugar. - Eu precisava dizer algo importante a Skye, desculpe tê-la feito sair essa à  hora.

- Oh, está bem. Mas não é bom que ela venha aqui sozinha, ainda mais em noites de inverno. - Adverte, sem querer parecer ofensiva.

- Desculpe, mais uma vez! - Ele acena, logo dirigindo o olhar​para mim. - Nos vemos amanhã. - Sussurra, voltando para o galpão.

Volto para casa, dizendo qualquer desculpa a minha mãe, apenas desejando me esconder entre as cobertas e não sair nunca mais.

Assim que estou confortável mente acomodada em meu quarto, relembro cada palavra dita por Harry, e infelizmente, eu sei exatamente a resposta para dar-lhe.

Sempre que se trata de Styles um sentimento estranho me possui, algo tão intenso quanto o ódio. Mas eu não o odeio. Eu não consigo.

Droga, eu acho que.. o amo.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora