21 - Born To Die.

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  Alguns metros a minha frente, ainda sentado na cadeira, estava Niall. Seu corpo estava debruçado sobre a mesa, e uma faca estava cravada em suas costas. Respiro fundo e tendo combater a sensação de fraqueza muscular que invade meu corpo. 

  Me aproximo devagar, ainda rezando para que aquilo não passasse de uma pegadinha de halloween antecipada, mas infelizmente, algo me dizia que aquilo era mais um homicídio em Bradford. Inclino um pouco meu corpo e consigo ver, sua cabeça estava apoiada em um livro, seus cabelos louros e as páginas brancas, ombos avermelhados pelo sangue marcado. 

  Não sou nenhuma perita, mas pela posição do corpo, posso quase afirmar que os livros haviam sido jogados no chão e as estantes haviam sido derrubadas apenas para simular uma luta.

Seus olhos abertos me encaravam, como se quisesse me falar alguma coisa, como se tentasse me dizer quem o matou. 

- Oh meu Deus! - Ouço uma voz masculina exclamar, ao virar-me para trás posso ver Luke encarar a cena com os olhos arregalados. - Ele está...

- Sim. - Soluço, deixando as lágrimas rolarem por minhas bochechas. 

- Oh meu Deus! - Ele repete, agora levando suas mãos até a cabeça. 

  Cá estou eu, parada, encarando todo esse teatro ao me redor. Luke está à minha frente, agarrando seus próprios cabelos com ambas as mãos, talvez tentando fazer com que sua ficha caia. Por algum motivo, sinto que a culpa disto tudo é minha. Talvez eu traga má sorte para quem está perto de mim, talvez eu tenha o matado. 

- Skye. - Sinto alguém tocar meu ombro, e pelo canto dos olhos posso ver Luke ao meu lado. 

- O quê? - Apenas sussurro, sem forças para outra reação. 

- Precisamos ir embora! - Ele anuncia, já caminhando em direção a janela. 

- Espera. - O alcanço, segurando na barra de sua jaqueta. - Não podemos deixa-lo aqui!

- Daqui a pouco a polícia vai chegar, eu não posso mais me meter em problemas! - Ele fala nervoso, tentando se afastar de mim. 

- Nós já estamos metidos! Ele é seu irmão, você não pode simplesmente fugir.  - O encaro, agora soltando sua roupa.

  Ele respira fundo e passa as mãos repetidamente pelos cabelos, bagunçando-os, em seguida olha para a janela e depois para mim.

- Tudo bem, qual seu plano? - Pergunta. 

- Ligar para a polícia, Niall foi assassinado! 

  Luke me empresta se celular, já que eu havia deixado o meu em casa, disco o número e uma mulher me atende, conto a ele a história por alto, e ela diz que a ajuda já está a caminho. Caminho até a janela e olho para fora, a aurora já iluminava o céu da cidade, alertando que eu havia passado a noite fora de casa e daqui a pouco, teria que ir para a escola como se nada tivesse acontecido. 

  Dentro de poucos minutos, ouço o barulho das sirenes e sinto o rapaz ao meu lado ficar tenso, então me aproximo e sento ao seu lado. 

- Como está? - Faço voz gentil, enquanto limpo as lágrimas. 

- Não muito bem, como você deve imaginar. - Ele me olha por um momento e em seguida volta sua atenção para o corpo à nossa frente. 

- Vocês era muito próximos?

- Ele era um pirralho irritante e mimado, mas ainda era meu irmãozinho. - Seus olhos marejam, mas ele logo vira a cabeça, para que eu não perceba. 

  Ouço um barulho e noto que eram os policiais entrando, fico de pé para recebe-los e a maior parte vai direto examinar a cena, a não ser três deles que vem e m nossa direção. 

- Skye Daltton e Luke Horan? - O do meio, que reconheci sendo o mesmo que tratou do caso do circo, franze o cenho em confusão. - O que fazem juntos?

- O rapaz - Aponto para Niall. - era meu amigo e irmão dele.

- Claro, foram vocês que o encontraram? 

  Respondemos todas as suas perguntas e, para minha sorte, não somos levados para um interrogatório. Os policiais me oferecem uma carona para casa, mas Luke se compromete em me levar de volta. Vou até a porta que dava para o corredor e olho para trás uma ultima vez, em seguida indo em passos lentos ao lado de Luke. 

- Como o polícial te conhece? - Pergunto, tentando não parecer atrevida. 

- Já estive preso algumas vezes. - Ele dar de ombros. 

- Porquê? 

- Destruição de patrimônio público, dirigir em alta velocidade... essas besteiras todas! - Ele me olha enquanto descemos as escadas, estando agora no lado de fora.

- Claro. - Assinto. 

- Mas  e você? Como ele te conhece? - Ele coça a cabeça,  enquanto nos aproximamos da moto.

- Digamos que não é a primeira vez que estou envolvida em uma tentativa de assassinato. - Suspiro e ele apenas assente, deixando claro em seu olhar que estava curioso para saber mais. 

  Nós subimos no veículo e logo saímos do local, nunca pensei que uma biblioteca fosse se tornar um lugar tão sombrio e triste. 

  Dentro de vinte minutos chegamos ao meu bairro, algumas casas já estavam com as luzes acesas, então acho melhor parar algum metros antes da minha rua, apenas para evitar boatos maldosos sobre nós. Desço da moto e entrego o capacete a Luke,  lhe desejando boa sorte para contar aos pais o que havia acontecido com o filho mais novo deles.

  Caminho em passos lentos até minha casa, abro a porta sem fazer barulho e entro. Subo as escadas devagar até chegar ao andar de cima, olho no relógio de parede e já era 6:14 da manhã.  Solto um longo suspiro e vou até o banheiro, tirando aquelas roupas sujas e tomando um banho rápido, em seguida visto meu uniforme e e pego a mochila. 

 Ouço a porta ser aberta e olho em sua direção, vendo o senhor de cabelos grisalhos e macacão do trabalho entrar. 

- Papai.  - Sussurro, antes de deixar a mochila escorregar das minhas costas e cair no chão.  Logo vou para seus braços e deixo as lágrimas tomarem conta de mim.

- O que aconteceu, docinho? - Pelo seu tom de voz, percebia-se que ele estava preocupado. 

- Nada. - Falo entre os soluços. 

- Pode me contar, alguém te machucou? 

- Foi pior que isso. - Me Abraço mais a ele, como uma garotinha assustada tentando se proteger do grande mundo malvado.


Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now