63 - Unknow.

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- P.O.V NARRADOR -

Os médicos tentaram. Eles fizeram tudo que estava ao seu alcance. A cirurgia para retirar a bala, o tratamento contra hipotermia, apesar da pressa que a situação exigia, haviam ocorrido bem. Então, ao fim da cirurgia, uma parada cardío-respiratória parece ter posto a perder todo o esforço.

A vida de Skye Daltton se esvaia, como grãos de areia escapando entre os dedos. Mas, em algum lugar em seu subconsciente, ela ainda esta ali. Enquanto seu coração desistia, seu cérebro lutava uma última vez.

- P.O.V SKYE -

Tudo era claro. A luz do sol irradiava, trazendo uma aura alva e aconchegante ao ambiente. A grama esverdeada fazia cócegas em meus pés descalços, a brisa acariciava minha pele. O campo era tão vasto quanto minha vista alcançava, aparentemente eu era a única pessoa ali.

Respiro fundo e o cheiro de lavanda preenche minhas narinas. Tudo parecia estar em seu lugar. Não havia duvidas, medo ou insegurança. Havia paz.

Ergo a mão no ar, tocando uma borboleta azul que voava em minha direção. Para minha surpresa ela voa sobre minha cabeça, que eu rapidamente viro, podendo segui-la com o olhar.

Ela pousa no ombro de alguém. Ele usava uma camisa e calças brancas, de tecido leve. Seus cabelos dançavam soltos ao vento e em seu rosto havia um sorriso, evidenciando as covinhas profundas.

Harry caminha alguns passos, parando em frente a mim. Seu sorriso desaparece, dando lugar a um olhar preocupado.

Levo minhas mãos ao seu rosto, acariciando sua pele macia.

- Estamos bem. - Minha voz sai pouco mais alto que um sussurro.

Seus olhos continuam presos nos meus. Ele pousa suas mãos sobre as minhas, tirando-as de suas bochechas.

- Você precisa voltar. - Seu tom era calmo.

- O quê? - Junto as sobrancelhas.

- Aqui não é o seu lugar. Não agora.

- Aqui é bom, Harry.

- Eu sei. - Ele sorrir. - Mas eu preciso que você volte. Skye, eu preciso de você.

Suas mãos apertavam firmemente as minhas. Seus olhos estavam fixos nos meus. Verdes para castanhos. O vento torna-se mais quente e aconchegante, como se braços invisíveis estivessem me envolvendo. Harry estava sereno e calmo, como eu nunca o havia visto antes.

Suas palavras me acertam como flechas fazendo meu coração bater forte. Tão forte que sinto que vai saltar através de meu peito. A luz do sol cai sobre nós quando ele vem até mim, colando nossos lábios.

- P.O.V NARRADOR -

Os médicos haviam desistido, a garota estava deitada na mesa de cirurgia, todos ao redor que tinham trabalhado duro para salvar sua vida, agora se encontravam de cabeça baixa, em luto pela jovem desconhecida que parece ter sofrido tanto até aquele momento.

Subitamente, como um milagre, ela respira pesado, abrindo os olhos imediatamente. A máquina que monitorava seus batimentos cardíacos volta a funcionar, cada pessoa naquele ambiente move-se, mesmo ainda em estado de choque, para entuba-la e injetar medicamentos para controlar a pressão sanguínea.

Ela está viva.

(...)

Os sinais vitais estavam estáveis. Ela foi levada para um dos quartos do hospital, uma enfermeira havia acabado de entrar com uma pequena ficha em mãos, se dirigindo ao lado da cama onde Skye havia acabado de acordar.

Seus olhos cansados estavam fixos no teto extremamente branco. Tubos em seu nariz a ajudavam a respirar, seus dedos estavam imóveis sobre o lençol da cama.

- Com licença. - A jovem enfermeira balbucia, sem receber resposta. - Quando você foi encontrada não havia documentos ou identificação... isso quer dizer que não sabemos o seu nome ou de onde é sua família.

Um minuto de silêncio. Os olhos da garota continuam fixos no teto.

- Querida, você pode me dizer quem é você?

Ele deita a cabeça para o lado, podendo encarar o enfermeira. Seu olhar era vazio, distante. Até que em um sussurro quase inaudível, ela fala suas primeiras palavras pós-sobrevivência.

- E-eu não sei.

(...)

Robert estava inquieto. Desde o momento em que ele viu o carro de Harry partir em direção ao baile, um mal pressentimento tomou seu coração. Sua filha estava tão linda, mas não parecia feliz.

Já passava das 3:00h da manhã quando ele acorda, sentando-se na cama. Seu rosto estava suado, uma angústia aparentemente sem razão lhe tomava.

- Robert, volte a dormir. - Sua esposa balbucia.

- Já vou, querida. - Ele estava ofegante, havia algo de errado.

Lá fora a neve cobria a rua. O clima estava frio e, para ele, assustador.

- Roselee, acorde. - Ele balança levemente os braços da mulher ao seu lado.

- O que é? - Ela o encara ainda sonolenta.

- Eu acho que Skye está com problemas.

- Ela está no baile, Robert. Se divertindo com o inquilino. Agora volte a dormir.

- Eu não acho que tenha sido uma boa ideia deixar que ele a acompanhe. - Ele senta-se na beirada da cama, colocando os pés no chão.

- Desde o começo eu odeio a idéia deles estarem tão próximos, mas o que podemos fazer? - Sua esposa senta ao seu lado.

- Ele é um bom rapaz, na maior parte do tempo. E é isso que me preocupa.

- Eles não se largavam antes. Por que seria diferente agora? Nós já deveríamos ter imaginado. - Roselee apóia a cabeça no ombro do marido.

- Eu tenho medo que ela se machuque de novo. - Ele era um pai preocupado, realmente amava sua primogênita.

- Ela está bem. Provavelmente vai voltar para casa pela manhã...

Mal Roselee havia acabado de falar, o telefone do andar de baixo toca, assustando o casal.

- Fiquei aqui, eu atendo.

Vagamente ele levanta-se, abrindo a porta do quarto, atravessando o corredor, descendo as escadas até a sala de estar.

- Sim? - Fala, aproximando o aparelho do ouvido.

- Skye está no Hospital St. Edward. - A voz era falha e ofegante.

- Quem está falando?

Um baque e a ligação é encerrada.

Ele sabia. Robert Dallton soube que, assim como na última vez, Harry por perto colocaria em risco a vida da sua filha.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now