79 - Lonely.

7.6K 910 592
                                    

A casa - ou melhor, a mansão - em uma das avenidas principais de Londres parecia fazer parte do cenário de um filme.

As paredes altas eram vistas ao longe, depois do grande jardim que tomava toda a entrada do local. Era um palacete lindo e luxuoso, o que os fez pensar sobre quão rica seria a família que eles nunca haviam conhecido.

Eles não relutaram quanto a decisão da avó de adotá-los. Apesar de não entender o que havia acontecido, ou o porque da mãe nunca ter mencionado nada sobre sua antiga vida, antes deles nascerem, não havia motivos para não ir com aquela mulher. Não poderia ser pior que dois anos de insultos e desprezo no Orfanato Woodcastle - ou todos os anos de solidão, após a morte de Anna.

A senhora Delphine Styles havia tornado-se uma mulher diferente quando soube da morte da filha. Após dias internada, devido ao choque causado pela notícia repentina, ela acordou buscando saber sobre a criança que havia nascido meses após Delphine ter expulsado a filha de casa.

Ela não comseguia lidar com a culpa. Se ela não tivesse jogado Anna na rua, se não tivesse dito que não tinha mais filha, se não tivesse condenado a jovem de 17 anos por uma gravidez prematura... talvez sua única filha não tivesse sido brutalmente assassinada, certa noite.

Haviam muitas coisas com as quais aquela senhora distinta havia aprendido a lidar - e o remorso não era uma delas.

Após anos de busca, ela finalmente encontrou seu neto - ou melhor, seus netos. - os meninos haviam sido deixados pelo pai em um orfanato, após problemas com as nova família. E então, ela encontrou a oportunidade perfeita para reparar o erro que havia cometido no passado. Ou, ao menos tentar.

Apesar de no início a convivência ter sido complexa e a comunicabilidade quase nula, com o passar dos anos, os Styles conseguiram enxergar um ao outro como família. O laço que os unia iria além do sangue, seria a dor da perda em comum; a saudade de uma filha - de uma mãe.

No último ano do ensino médio, o passado perecia ter sido apenas um longo e terrível pesadelo. Harry tinha boas notas e era popular, principalmente entre as garotas. James matinha-se reservado, lutando contra seus próprios pensar.

Como se uma sombra obscura e profunda estivesse cercando-o, o Jovem não conseguia esquecer o que havia acontecido. Todos os traumas, todas as vezes que sentiu como se fosse o único ser humano sobre o Terra que não importasse para ninguém.
Ele não conseguia livrar-se da constante sensação de estar sendo observado, perseguido... de ter sido roubado.

Ele não conseguia esquecer as risadinhas de Skye, ou do sorriso de Robert ao brincar com ela.

"Deveria ser eu." Ele pensava.

...

Em uma noite chuvosa, pensamentos sombrios o despertaram de seu sono.

Com o coração batendo forte contra se peito, ele levantou-se de súbito. A respiração ofegante e os cabelos grudados a testa, pelo suor excessivo, o deixaram em alerta.

Ele não conseguia mais manter aquela farsa.

Abrindo os olhos lentamente, Harry pôde ver a silhueta do irmão, que movia-se de um lado para o outro dentro do grande e luxuoso quarto que dividiam.
Ele parecia inquieto e perturbado.

- James? - o rapaz balbucia, coçando os olhos. - O que você está fazendo de pé há essa hora?

- Eu preciso... preciso fazer algo. Isso está me deixando louco. - parando de mover-se, James leva as mãos à cabeça, bagunçando os cabelos ondulados.

- Do que você está falando? - Harry senta-se na cama, acendendo o abajur ao seu lado.

- Você não sente isso? - um relâmpago é ouvido do lado de fora - Droga! Você não vê? Harry, você não se sente sufocado pelo passado?

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now