22 - Grey.

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- Shh vai ficar tudo bem, não importa o que aconteceu, vou cuidar de você. - Ele sussurra enquanto acaricia meus cabelos. 

  Após meu breve momento de desabafo, conserto minha postura e limpo as lágrimas, tentando não parecer tão mal quanto realmente estava. Meu pai me leva até a escola em sua velha camionete vermelha,  logo  nós paramos em frente a escola e eu suspiro, imaginando o que teria que enfrentar hoje. 

- Lembra quando você tinha oito anos e morria de vergonha quando eu ia te levar para a escola nessa camionete? - Ele vira o corpo em minha direção e me encara. 

- Lembro.  - Sorrio fraco. 

- Você fazia muita birra, não queria de maneira nenhuma que seus amiguinhos te vissem em um carro tão...

- Gasto. - Completo a frase.

- isso, gasto, era exatamente assim que você falava. - Ele sorrir nostálgico. 

- É, fiz tanta questão de parecer do nível deles, e por fim não serviu para nada. - Suspiro, olhando para meus dedos.

- Na verdade, serviu sim. Você aprendeu que a aparência não importa, seja você mesma, se eles te aceitarem é bom, se não, quem liga para o que eles pensam?  - Ele dar de ombros. 

- É, acho que o senhor está certo. - Assinto. 

- Sim. Se o mundo for mal para você, lembre-se que existe alguém que te ama muito. - Após depositar um beijo na minha testa, ele abre a porta do carro e eu desço. 

  Atravesso a rua e chego no gramado do jardim, passo por todos os alunos que me encaravam como se fosse possível, através dos meus olhos, saber tudo que eu vi nas últimas 24h.

  Em passos rápidos desvio de todos que estavam em meu caminho, chegando no meu armário, olho para a pequena porta verde-musgo ao lado e lembro de seus antigos donos. Primeiro Matt e, logo depois, Niall.

  Agarro meus livros contra o peito e abaixo a cabeça, seguindo em direção à sala onde teria minha primeira aula do dia, meus olhos embaçam e eu os aperto, fazendo algumas lágrimas caírem. Logo sinto algo chocar-se contra mim, fazendo com que eu caia contra o chão. Olho para cima e vejo o diretor Sparks.

- Você está bem? - Ele pergunta confuso, enquanto me ajuda a levantar. 

- Estou, abrigada. Agora preciso ir! - Tento voltar a andar, mas ele segura meu braço. 

- Você está chorando? - Ele me olha, apesar de que ainda tento manter minha cabeça baixa. - venha, você precisa se acalmar.

  Ele indica o caminho até sua sala, então seguimos em passos lentos. Ele abre a porta e dá passagem para que eu entre, em seguida ele apenas encosta a porta em um descanso, sem tranca-la, e caminha até um filtro de plástico, enchendo um copo com o líquido transparente. 

  Ele me entrega o copo com água e eu respiro fundo, em seguida bebo um gole e o pouso sobre a mesa de madeira avermelhada.

- Quer falar sobre isso?  - Ele se encosta próximo a mim e cruza os braços sobre o peito. 

- Não foi nada. - Dou de ombros e continuo a encarar minhas pernas. 

- Tudo bem. - Ele suspira - Se acalme um pouco, não pode ir para a aula desse jeito.  - Ele junta as sobrancelhas. 

- Obrigado. - Sussurro e levo o copo a boca outra vez.

  Após o que me pareceu cerca de quinze minutos, as lágrimas já haviam cessado e minha aparência já estava um pouco melhor. Eu já estava na terceira aula, que era de história. O professor falava coisas que, aos meus ouvidos, eram apenas sons aleatórios. Meu olhar estava focado na janela. O céu estava cinza e as gotas d'água escorriam pelo vidro, como se estivessem em uma corrida onde apenas um venceria. Por algum motivo, eu sentia a mesma coisa.

  Sinto algo tocar meu ombro, olho para trás e vejo Melanie com seus olhos azuis fixos em mim, ela aponta na direção da porta e eu vejo um casal, não muito velhos, e ao seu lado o diretor da escola. Ele pede permissão para me tirar da aula e, quando percebo, já estou seguindo pelos corredores vazios.

  Sinto algo me segurar e puxar meu corpo para trás do armário, fazendo com que eu me distancie das pessoas que me acompanhava. Tento gritar, mas uma mão quente tapa minha boca. 

- Não grita. - Ele sussurra e logo noto seus olhos assustados.

- Luke? O que está fazendo aqui? - Falo quando ele finalmente me solta. 

- São meus pais, eles estão procurando Niall. 

- Quer dizer que aquele casal...

- Sim. - Ele me interrompe.

- E por que você não contou a verdade a eles? - Arregalo os olhos. 

- Eunãotivecoragem. - Ele fala tão rápido que não consigo entender. 

- O quê? 

- Eu não tive coragem, tá bom?! - Ele fala nervoso.  - Quando eu cheguei eles estavam felizes que o empréstimo que pediram para Niall ir para o The X Factor saiu, eu não tinha como dizer que ele não iria porque morreu.

- Entendo. - Suspiro. 

- Agora vá! - Ele me empurra de leve.

- Espera, o que eu vou falar?!

- Não sei, inventa alguma coisa,  eu mesmo quero contar a eles, em outra ocasião. - Ele pede e eu apenas assinto, seguindo para a sala da diretoria. 

  Entro e encosto a porta, o senhor e a senhora Horan estavam sentados a frente do senhor Sparks, que me olhava com atenção. 

- Skye, estes são Laura e Robert,  os pais de Niall Horan. - Eles me olham como se eu estivesse com a jóia mais preciosa que poderia existir, em mãos.

- Olá. - Falo um pouco mais baixo do que pretendia.

- Niall não voltou para casa ontem e como vocês estão muito próximos ultimamente, achei que você poderia ter noticias dele. - Eles me encaravam com expectativas, e meu coração doia por ter que mentir.

- Eu não o vi, não sei onde poderia estar. - Respiro fundo,  tentando parecer o mais confiante possível. 

- Tem certeza, querida? - A senhora Horan levanta, ficando frente a frente comigo.

- Eu... tenho, não sei onde ele está! - Balanço a cabeça confirmando o que dizia.

- Certo, abrigada, Skye. Pode voltar a aula.  - O diretor me encarava de forma estranha,  como se soubesse toda a verdade.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin