65 - Horror In Hospital.

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A garota se mantém de pé, me observando com seus olhos escuros e profundos.

- Talyta? - Sussurro.

- Não se preocupe, não espero que se lembre. Na verdade, fico feliz por isso. - Ela sorrir.

Não era um sorriso feliz, mas sim aliviado.

- Nós somos- Pauso, procurando a palavra adequada. - amigas?

Mais uma pequena risada, desta vez tímida.

- Digamos que sim. - Ao colocar uma mecha do cabelo atrás da orelha, percebo uma mancha roxa que se estendia ao longo do lado esquerdo de seu rosto pálido.

- O que aconteceu com você?

Ela parece incomodada com a pergunta repentina. Não era minha intenção.

Seus olhos encaram fixamente o chão por alguns segundos, até um longo suspiro deixar seus lábios e ela voltar a me observar atentamente.

- É melhor que você não lembre.

Arrastando sobre o chão branco, a barra da roupa hospitalar que vestia, Talyta caminha até a saida, um tanto rápido para alguém machucado, desaparecendo por trás das portas brancas.

Mais uma incógnita. Muito bom.

Repouso a cabeça sobre o travesseiro, fechando os olhos.

(...)

"Tin...tin...tin..."

O barulho do metal batendo repetidamente, faz-me abrir os olhos devagar.

Minha cabeça dói.

Olho ao redor, procurando de onde vinha o som, mas tudo parecia normal. Assim que meus olhos encontram o relógio na parede, me surpreendo com o horário marcado.

3:00

Suspiro, sentindo o ar frio deixar meus lábios.

O barulho continua, cada vez mais irritante.

Percebo que vem do lado de fora. Do corredor. Ficando cada vez mais alto e próximo.

Com certo esforço me arrasto para fora da cama, segurando na aste de metal onde estava o soro ligado a minhas veias.

Meu ombro machucado lateja.

Um passo após o outro, meus pés descalços sobre o chão gelado, caminho vagamente até a porta, empurrando-a.

As paredes brancas erguiam-se solitárias cercando o corredor, nada mais, apenas elas, e agora eu.
O barulho continua, como antes, parecia vir de qualquer lugar a diante.

Meus pés me levam ao longo do corredor vazio. As portas dos demais quartos estavam fechadas. Não se ouvia nada além do metal tilintando. Meu ombro pesava.

A última luz estava apagada, me impossibilitando de ver o fim do caminho, porém, com toda certeza era de lá que vinha o barulho.

"Tin...tin...tin..."
Cada vez mais alto e constante.

Semicerro os olhos, tentando enxergar o mínimo possível na escuridão densa.

O barulho para.

Um calafrio percorre minha espinha.

Algo se move na escuridão. Uma silhueta surge, se esgueirando em minha direção.

Dou dois passos para trás.

Ele caminha dois passos à frente.

Estávamos a menos de dois metros um do outro, minha respiração estava descompassada, meus músculos pareciam rochas, minhas pernas não obedeciam ao comendo do meu cérebro.

O homem alto, de terno e chapéu, ambos escuros como a noite, se mantém imóvel. Seus olhos fitavam o chão, não consegui ver seu rosto.

- Corra, Skye. - Ele sussurra, quase inaudível.

Continuo imóvel.

Seu rosto ergue-se para mim, seus olhos frios como gelo, e uma expressão doentia.

- CORRA! - Ele grita, apertando algo em sua mão direita, algo prateado e brilhante.

Uma faca.

Solto a aste de metal que trazia meu soro, sinto uma dor em meu pulso quando as agulhas são arrancadas brutalmente. Correndo tão rápido quanto posso, sinto minha respiração falhar e meu ombro doer como nunca.

Um passo seguido de outros, e o homem estava bem atrás de mim, correndo com sua faca prateada em mãos.

Eu não quero morrer... Por favor.

Suplico em pensamentos.

Alguns metros mais a frente o corredor dobrava, uma área que, seu eu tivesse sorte, estaria movimentada.

Faltavam apenas alguns passos, quando sinto algo segurar meus cabelos, me derrubando sobre o chão.

Meu corpo se contorce de dor.

- Você não é muito rápida. - O sarcasmo fazia as palavras deslizarem por sua boca, como veneno.

Ele se ajoelha ao meu lado, deslizando o polegar sobre meus lábios, me dando a chance de fazer a única coisa ao meu alcance; morde-lo.

Quando meus dentes cravam em seus pele, ele geme dolorido, Levantando-se rapidamente.

Com certo esforço apoio meus braços nas paredes, até conseguir ficar de pé e mancar cada vez mais rápido.

Eu sentia sua presença, sua raiva bem atrás de mim. Por mais que eu me esforça-se, era como se ele ainda pudesse ser melhor. Pudesse me pegar quando bem entendesse.

Meus olhos embaçados pelas inúmeras lágrimas não me permitem ver o que está na minha frente, apenas quando meu ombro choca-se contra alguém que me segura, um grito deixa minha garganta.

Eu desisto. Não havia forças para lutar.

- Ei.. O que você está fazendo fora do quarto? - A voz familiar me acalma. Limpo as lágrimas para ver que havia esbarrado médico, ao tentar fugir.

As palavras simplesmente não saem, apenas soluços desesperados.

Meu corpo desaba, porém o médico me abraça, ajoelhando-se comigo.

- O que aconteceu com você? - Ele pergunta enquanto acariciava meus cabelos. - Vamos, você não pode ficar aqui.

Me carregando com cuidado, ele me leva de volta ao meu quarto. Meus olhos desesperados procuram qualquer vestígio do meu agressor pelos corredores, porém não havia. Ele desapareceu.

(...)

- Acho que eu deveria saber o que aconteceu. - Doutor... Jeffrey. Esse era o nome que ele havia me dito mais cedo, parecia distraído enquanto verificava meus medicamentos.

Ele havia refeito o curativo em meu ombro. Colocado um novo soro, e ajeitado minhas cobertas na cama.

- E-eu não sei. - Sussurro.

- Não sabe porque estava correndo pelos corredores do hospital às 3:00 da manhã? - Ele esconde as mãos nos bolsos do jaleco, erguendo uma sobrancelha.

- Bem... Havia um homem lá fora.

- Um homem, como um enfermeiro? - Ele parecia curioso.

- Não. Um homem com uma faca. Ele estava correndo atrás de mim. - Uma lágrima discreta rola sobre minha bochecha.

- Você não está enganada? Não é possível entrar alguém armado aqui, não passaria pela segurança do hospital.

- Eu vi. Ele estava aqui. - Seus olhos encontram os meus, então ele pode saber que eu estava falando a verdade.

- Tudo bem. - Ele suspira. - Eu vou descobrir quem era. Agora descanse, certo? - Sorrir gentilmente.

Assinto, aliviado por não ter sido vista como uma mentirosa.

Assim que o doutor Jeffrey deixa o quarto, uma estranha sensação de estar sendo observada me incomoda.

Deito a cabeça no travesseiro, encarando a janela, e eu posso vê-lo. Parado, do outro lado da rua, estava o homem de terno, com uma faca em mãos e um sorriso sádico nos lábios.

Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now