39 - Die Tonight.

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  O sangue estava congelado em minhas veias, eu juro que poderia sentir meu coração pular dentro do meu peito e a cada segundo a tenção apenas aumentava. 

  Eu não me atrevi a sair de onde estava, não poderia, assim como o homem, ele ficou me observando por alguns instantes, me examinando sem mexer um músculo. Até que, para minha surpresa, ele se aproxima alguns passos e quando acho que pulará, ele apenas polsa algo sobre  batente e, após me encarar uma última vez, foge em passos incrivelmente silencioso, como um fantasma. 

  Uma vez que ele está fora da minha visão,  deixo que meus joelhos se dobrem, levando meu corpo ao chão. Tento controlar minha respiração acelerada, algo praticamente inútil, já que o acontecido mexeu comigo como nunca antes.

  Após minutos sentada ao chão, lembro-me que o "invasor" havia deixado algo para trás, então seguro a toalha em meu corpo e caminho vagarosamente até a beira da janela, estendendo minha trêmula mão e pegando o que parecia ser um bilhete.

" Terei de volta o que você roubou. "  Era o que estava escrito. 

  Aparentemente ele usou uma Máquina de Escrever para formar a frase, pois eu já tive uma quando criança e posso reconhecer essa escrita  em qualquer lugar.

  Fico em choque com o que leio, eu nunca 'roubaria' nada de ninguém, não entendo o que pode ter acontecido. Afinal, ao que ele estava se referindo?

  Sem pensar duas vezes coloco a cabeça para fora, procurando pelo homem, porém ele não está mais ali, tudo que vejo é Harry me encarando com um pequeno sorriso no rosto, como raramente fazia.

  Passado aquele estranho momento, tranco a janela e fecho as cortinas, em seguida guardando o bilhete dentro de um livro ao lado da minha cama. Vou até o guarda-roupa e tiro um pijama quente, vestindo-o em seguida. 

Deito-me na cama e respiro fundo, me cobrindo com uma manta e apagando a luz do abajur, torcendo para esquecer tudo que aconteceu, afinal eu poderia ter morrido está noite.

(...)

  Está manhã o céu entrou em sincrônia com o que eu sentia; fazia frio, as nuvens estavam cinzentas e o sol se quer dava sinal.

  Após me arrastar para fora da cama, vesti o uniforme da escola e coloquei um pouco de maquiagem apenas para disfarçar as olheiras que se formaram já que os pesadelos que tive durante a noite  me impediram se dormir.

  Tomei café da manhã como sempre e em seguida fui para a escola, por mais que quisesse apenas permanecer enrolada nas cobertas durante todo o dia.

  Andando pelas calçadas vazias, coloco meus fones de ouvidos e coloco no 'Play' começando a tocar uma música qualquer, que, "incrivelmente", era melancólica e monótona.

Após longos minutos de caminhada, finalmente chego aos portões da escola, o mesmo que fazia todos os dias. 

  Eu realmente não queria ter saído de casa hoje, talvez se eu inventasse uma doença ou qualquer coisa do tipo eu pudesse ficar em casa, porém minha mãe tem uma espécie de "faro" para saber quando estamos mentindo sobre isso.

  Ao entrar na sala sento-me próximo a janela, em uma das últimas carteiras. Cubro minha cabeça com o capuz do casaco e tiro meu caderno de anotações da mochila, rabiscando letras de músicas e desenhos de imagens que apareceram em meus pesadelos.

  Logo ouço o som do sino tocar e uma manada de alunos entram na sala, preenchendo todas as cadeiras vazias ao meu redor.  

Mesmo sem me dar ao trabalho de olhar ao redor, percebo que o professor ainda não havia chegado, já que as 'turminhas' ainda conversavam e alguns garotos jogavam aviões de papel como crianças na primeira série.

  Volto a fazer meus rabiscos, até que sinto o caderno ser tirado de onde estava apoiado, com isso logo levanto a vista para ver Chelsea parada com suas "capangas" à minha frente. 

- Ora, o que temos aqui? - Ela pergunta enquanto abre meu caderno com a ponta dos dedos, como se estivesse com nojo.

  Ela folheia página por página, fazendo uma careta diferente a cada desenho ou poema que via.

- Credo, jura que você perde tempo com isso? - Ela torce o nariz.

- Não te interessa, agora me devolve! - Peço.

- Hãm... - Ela finge pensar. - Não! Vou ficar com isso, talvez sirva pra limpar a sujeira do meu Poodle. - Ela sorrir sinicamente, dando as costas para mim.

  Sem pensar duas vezes, agarro em seus cabelos e puxo para trás, fazendo-a cair no chão. Todos olham para nós e ficam alguns minutos em silêncio, até que começam a rir e apontar para Chelsea. Dou a volta e pego meu caderno, antes que Anna e Chloe ajudassem Chelsea a levantar. Assim que isso acontece, elas parecem me fuzilar com o olhar, então o professor entra e manda que todos sentem em seus devidos lugares  para que a aula pudesse começar. 

  Sento-me calmamente, tirando o capuz antes que o professor reclamasse e guardando meu caderno.  Eu realmente não me importo com o que Chelsea ou qualquer outra pessoa pensa, eu tenho a minha vida e posso vive-lá como bem entender.

 (...)

  As últimas aulas foram mais entediantes que de costume, o professor de Matemática falava mil coisas, e eu entendia, no máximo, uma. Essa matéria costumava ser legal, mas agora tudo me extressa assim como me dar medo. Foi vergonhoso quando um pássaro bateu na janela ao meu lado e eu quase caí da cadeira. Maldito perseguidor que está me causando tudo isso!

  Neste momento me encontro na Biblioteca da escola, procurando por um livro ou documento que relate um fato não tão conhecido na história de Bradford, pode ser um caso que saiu em um jornal antigo ou até mesmo alguém importante que nos visitou no século passado, e então deverei escrever um texto sobre isso.

  Como não encontro a sessão que procuro, vou até a mesa da bibliotecária.

- Boa tarde! - Sou recebida com um sorriso reconfortante de quem logo reconheci.

- Melanie, o que está fazendo aqui? - Pergunto, retribuindo o gesto. 

- Estou trabalhando aqui depois da aula, preciso juntar dinheiro para a faculdade. - Explica, dando de ombros. 

- Ham, o.k! - Assinto. 

- Mas deixa eu adivinhar, você deve estar procurando por arquivos antigos, certo? - Ela ergue as sobrancelhas. 

- Sim, sabe aonde eu posso encontrar? Já procurei em todas as sessões, mas nada. - Suspiro. 

- É porque eles não ficam exposto para não rasurar... - Melanie informa, enquanto pega uma pequena chave e abre um armário atrás de sí. 

  De lá, ela tira uma enorme pilha de documentos empoeirados, e coloca sobre o balcão. Logo ela divide a pilha em duas, para que fique mais fácil a organização, e faz sinal para que eu possa procurar. 

  Começo a abrir as pastas, porém não encontro nada interessante, já que nesse trabalho quero dar o melhor de mim, até que um arquivo em especial me chama à atenção pois tinha uma fita vermelha sobre ele.

-  O que é isto? - Pergunto.

- Não sei exatamente, mas deve ter sido algo que marcou a cidade, por isso tem a fita. - Ela aponta.

   Abro a primeira página e o título logo chama a atenção: "Caso Millward". Começo a folhear e observar cada detalhe, porém uma parte específica me atrai:

" Em janeiro de 2005, um habitante local, conhecido por John Millward, assassinou à tiros a mulher e a filha de quinze anos, após uma discussão, os únicos sobreviventes foram os gêmeos de cinco anos, que permaneceram durante todo o tempo escondidos no porão. "

  Fecho o documento e respiro fundo, aquilo daria um ótimo texto!


Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now