41 - Bad Blood.

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  Me aproximo devagar, desviando de alguns objetos à minha frente,  até chegar onde ele estava. Me ajoelho e coloco a mão sobre seu peito, notando que sua respiração estava lenta, porém o pior não havia acontecido. 

  Toco em seu rosto, mas ele se quer abre os olhos. Com muito esforço, apoio seu braço em meus ombros e consigo, com dificuldade, coloca-lo na cama. Tento chama-lo, mas ele não acorda, então tudo que tenho a fazer é tentar ao máximo limpar toda aquela sujeira que havia no ambiente.

  Começo jogando todos aqueles pacotes de salgados e Fast Food no lixo, em seguida as garrafas de cerveja que estavam espalhadas por onde você puder imaginar. Vou ao banheiro e recolho o lixo, porém quando volto noto Luke sentado na cama, com os olhos vermelhos e sonolentos. Como uma criança. 

- O que você quer? - Fala ríspido. 

- Ajudar! - Ergo os sacos com lixo, para mostrar o que estava fazendo. 

- Não preciso da sua ajuda, não preciso de nada que venha de você! - Grita, tentando parecer forte. 

- Pare de ser infantil! - Respondo no mesmo tom de voz. - Eu só estou tentando ajudar você a sair desse buraco onde você mesmo se enfiou! Eu não tenho a mínima obrigação de estar aqui, mas eu estou, então eu acho que o mínimo que você deveria fazer, é me agradecer!

  Após meu pequeno "discurso" o silêncio se instala no local. Luke me encara com espanto e dúvida, como se pensasse: "Você é mesmo a Skye?"

Não espero que ele fala mais nada, apenas pego o lixo e vou em direção à porta, para leva-los ao andar de baixo. Com o trabalho feito, volto ao apartamento e encontro Luke no mesmo estado que estava antes, parecia ainda tentar voltar a realidade. 

 Para de frente para ele, esperando ele pedir desculpas ou qualquer coisa do tipo, mas ele continua imóvel, talvez porque quisesse jogar comigo, ou realmente não conseguia ao menos levantar a vista para me encarar.

  Respiro fundo e vou para a sala, pegando meu casaco e me preparando para deixar tudo aquilo para trás, pois talvez fosse o melhor a se fazer. 

Assim que abro a porta, sinto algo segurar meu braço e me puxar para trás, em seguida batendo a porta e trancando-a.

- Espera. - Luke sussurra, olhandopara o chão. - Eu sinto muito, desculpe. 

  Ele me encara tão profundamente, que eu quase poderia ver toda a sua vida passar como um filme projetado naquele mar azul que havia em seus olhos. 

- Você não deveria ter vindo aqui, seria melhor para todo mundo. Eu só quero ficar só e tentar superar o desastre que a minha vida se tornou. Sozinho! - Sua voz estava embargada e seus olhos marejados. 

- Então me deixe ir embora. - Faço sinal para que ele me dê passagem.

- Eu não posso. - Nesse momento, sua guarda baixa e ele se deixa ser dominado pelas lágrimas, embora eu não saiba o motivo de tudo aquilo. - Você não pode ir, porque eu preciso de você aqui, entende? Eu não sei que droga você fez comigo, mas eu preciso de sua companhia. Minha vida é um inferno desde que Niall morreu, e você esteve lá desde o primeiro momento -, Ele se inclina, me abraçando de modo como se tivesse medo que eu apenas desaparecesse como a fumaça, assim que o fogo apaga. - Você pode ficar, agora?

Devo confessar que não esperava por ouvir nada daquilo, e muito menos estava confortável com o ocorrido. Ele parecia frágil e indefeso e eu odiava aquilo, ele já tinha sido tão forte e confiante, e agora aquilo tudo parecia apenas uma armadura para esconder um menino assustado. Eu poderia cuidar dele, mas não namora-lo ou algo do tipo.

- Luke... - Começo,  mas logo me faltam palavras para qualquer outra reação. O que se diz em uma hora dessas? - Luke, você precisa descansar, que tal? - Sugiro. - Vamos para o quarto. 

  Após acomoda-lo em sua cama,  ele logo dorme, e eu já não sabia mais o que fazer então sento-me em uma poltrona ao lado da cama, para que pudesse atende-lo caso acordasse. 

   Em quanto o observo, penso em tudo que deverei fazer daqui em diante, nas coisas que definitivamente irão ter que mudar. 

(...)

- Oh meu Deus! - Sussurro alto, ao olhar no relógio e perceber que havia dormido fora de casa.

  Olho para a cama a procura de Luke, porém ele já não está lá, então decido levantar-me e ir embora antes que minha mãe chame a Polícia. 

- Bom dia! - Ouço a voz de Luke exclamar vindo de trás de mim, assim que me viro, o vejo sair do banheiro. 

- Bom dia. - Respondo, um pouco atrapalhada.

  Luke vem em minha direção e percebo que havia tomado um banho e cuidado dos ferimentos por conta própria. Já posso imaginar o que o fez se "reerguer" tão de repente. 

  Ele tenta me beijar, mas logo me afasto, e ele me olha com confusão, parecendo não entender o porque da minha atitude. 

- Que houve? - Pergunta.

- Você por acaso se lembra do que aconteceu ontem? - O encaro. 

- Não muito bem, acho que bebi demais, só me lembro vagamente de você, então imagino que as coisas estão em seus lugares, certo? - Ele sorrir, convicto de que nós estamos bem outra vez.

- Hãm... Não exatamente. Fico feliz que você esteja bem, mas tudo continua igual, Luke. Não me entenda mal, eu ainda quero sua amizade. - Tento parecer o mais gentil possível, pois "destruir" as esperanças de alguém não é tão fácil quanto parece. 

 Ele me encara indignado por alguns minutos, parecia não saber que atitude tomar, por um segundo eu imaginei que ele pudesse cometer uma loucura, mas tudo que faz é fechar os olhos e respirar fundo e, logo depois, me olhar e sorrir.

- Parece melhor do que nada. - Ele dar de ombros, em seguida vou em sua direção e o abraço, agora como verdadeiros amigos.

  Logo Luke me faz uma oferta de café da manhã, mas sou obrigada a recusar já que o relógionão estava bem ao meu favor, insistindo em marcar mais de sete da manhã. 

  Nós nos despedimos e logo eu sigo pelas calçadas frias e ruas vazias, que me levariam de volta para casa, enquanto isso, tento pensar em uma boa desculpa para dar a minha mãe quando chegar em casa , já que com certeza ela me encherá de perguntas. 

  Já estava perto de casa, quando noto um movimento diferente no jardim, e só ao me aproximar posso ver o Harry mexendo na caixa de correio. 

- Bom dia! - O cumprimento. 

- Bom dia. - Ele me olha, assustado.

-  O que está fazendo aqui tão cedo? - Interrogo. 

- É que eu dei seu endereço em algumas entrevistas de emprego e agora estou vendo se mandaram alguma coisa, espero que não se importe. - Ele fala.

-  Acho que tudo bem. - Dou de ombros. - Então você decidiu ficar mesmo por aqui? 

- Tudo indica que sim, eu realmente me familiarizo com essa cidade. - Ele sorrir, voltando a olhar as cartas que tinha em mãos. 

- Legal. - Respondo, indo em até minha casa.

- Mas e você, o que faz nas ruas tão cedo? -  Ele pergunta.

- Nada importante. - Sigo em frente. 

- Visitando Luke? - Ele fala, então viro-me olha-lo, porém ele continua encarando os papéis. 

- Como sabe disso? - Franzo o cenho, indo em passos rápidos em sua direção. 

- Apenas deduzi, já que vi aquela garota que anda com vocês por aqui, ontem à noite. - Ele me olha serenamente. 

- É, nós não temos mais sangue ruim. - Afirmo. 

- Sangue ruim? - Ele ergue as sobrancelhas. 

- É uma expressão usada para indicar que há desentendimentos entre suas pessoas, e agora não há mais entre nós. - Explico. - Em que mundo você vive? - Falo descontraída.

- No seu, espero.







Não Abra A Porta Para Estranhos [H.S]Where stories live. Discover now