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Capítulo 45 - Vol. 03

Quando me aproximei da beira das ruínas semelhantes a banhos, só então me dei conta que aquelas paredes de pedra excessivas tinham pelo menos 2 metros de altura, tão altas que eu nem conseguia ver o rosto de Agares. Tive de caminhar pelo menos 10 metros ao redor da parede de pedra antes de encontrar uma pequena abertura que me permitisse subir.

Lá embaixo não poderia ser considerado um pântano, em vez disso, a água era clara e cintilante de luz, junto com uma vegetação de nenúfares flutuando no topo da superfície da água. Porém, a água não tinha a mesma clareza do lago, então eu nem conseguia ver onde ficava Agares.

Sentei-me no topo da parede de pedra e balancei o peixe grelhado na minha mão, da mesma forma que as pessoas chamam um golfinho em um aquário. “Ei, vim agradecer a sua ajuda. Se você ainda não quiser aparecer, eu voltarei! ”  

Depois de dizer isso, planejei me levantar. Para ser sincero, gostaria que Agares não aparecesse imediatamente, apenas para que eu pudesse ter um motivo para deixar este lugar mais cedo, embora tivesse a sensação de que era naturalmente impossivel. Exatamente naquele momento, eu imediatamente avistei uma garra com membranas emergindo de baixo da água, passando pelas lentilhas flutuantes. Em seguida, agarrou meu tornozelo, que estava balançando acima da lagoa. Um rosto longo, malvado, mas bonito, flutuou para fora das sombras escuras e se aproximou do meu joelho. 

Embora eu estivesse mentalmente preparado e tivesse retirado meu corpo instintivamente, o movimento repentino fez com que eu perdesse meu centro de gravidade. Antes que eu pudesse cair, algo apertou minha cintura e todo o meu corpo foi puxado para frente, me fazendo chegar perto de um peito úmido. Quando eu levantei minha cabeça, um par de lábios roçou levemente na ponte do meu nariz, e meus olhos apenas olharam diretamente para os seus enigmáticos enquanto eu sentia minha respiração engatar dentro da minha garganta. 

“Desharow? Onde você está? Não consigo mais te ver! ” 

Não muito longe, o som de Lafarre gritando abruptamente me sacudiu do transe e imediatamente empurrei Agares. Firmei meu corpo para me sentar mais uma vez e levantei o peixe grelhado que estava em minha mão. Então respondi ao seu chamado: “Estou aqui, não se preocupe! Eu só vou alimentá-lo!” 

"Alimentar…?" Em voz baixa, Agares repetiu essa palavra em particular e olhou para mim perplexo com as sobrancelhas erguidas, como se não pudesse compreender o significado por trás dessa palavra. Afinal, eles eram organismos acostumados a caçar comida para si mesmos, então como poderiam entender a ação por trás da palavra? Além disso, se eu fosse alimentá-lo, seria um insulto para ele, já que ele provavelmente era mais velho do que a geração do meu pai ou mesmo do meu avô. 

“Er...” Eu brandi o peixe assado em minha mão antes de levantar uma de suas mãos palmadas. Em seguida, coloquei o garfo em sua mão, explicando: “Basicamente... isso é para você comer, é a nossa comida. Foi assado no fogo, você pode comê-lo? " 

Suas pálpebras caíram enquanto ele olhava para o peixe assado em minha mão, e quando ele deu uma cheirada no peixe, suas sobrancelhas franziram. Eu não tinha certeza se o cheiro da especiaria usada para assar, trazida da Rússia por Lafarre, atendia ao gosto dos Tritões. Resumindo, adorei usar esse tempero o ano todo. Foi graças a isso que pude resolver problemas relativos às preferências alimentares pessoais durante a longa viagem.

Se Agares não quiser comê-lo, este peixe assado será meu. Eu encarei a iguaria em minha mão, engolindo um bocado de saliva.