Capítulo 11 • Sua Alteza, Eveline da Alpia-Ístria

7.5K 821 208
                                    

NO MEIO DA MANHÃ, PIETER anunciou que não estaria presente no salão de jantar para o almoço

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

NO MEIO DA MANHÃ, PIETER anunciou que não estaria presente no salão de jantar para o almoço. Eu aproveitei a situação para anunciar que também não estaria lá sem ser descortês com os outros moradores do palácio e convidei Brigitte para um almoço só nós duas.

Nossos planos eram comer ao ar livre no jardim que fica anexo ao salão de bailes, mas as nuvens escuras que rondavam o céu nos obrigaram a mudar de ideia e nós acabamos indo almoçar na sala de chá, um cômodo no primeiro andar também destinado a refeições, porém bem menor e mais íntimo do que o salão oficial.

Em Vienna, ela e eu costumávamos sair do palácio para irmos aproveitar clandestinamente os restaurantes do centro da cidade sempre que podíamos. Meu pai sempre foi a favor que eu tivesse uma vida normal na medida do possível, mas ainda assim mandava guardas vermelhos à paisana pra nos seguir e vai saber quantos outras unidades militares prontas para entrar em ação caso algo acontecesse. Brigitte e eu sempre sabíamos quem eram os agentes e de vez em quando até acenávamos para os que conhecíamos, mas no geral não ligávamos porque aquelas eram as poucas oportunidades de ser livre que eu costumava ter.

Era deprimente quando nossos momentos roubados acabavam e eu precisava voltar para o palácio onde as paredes sempre ameaçavam me engolir. No entanto e apesar de tudo, aquela ainda era a minha casa então eu voltava mesmo que minha vontade fosse ir até a estação central e pegar o primeiro trem que saísse na direção das praias e do mar mediterrâneo. Eu sentia falta desesperadamente do calor da Australásia mesmo ali em Rosenthal, que era perto do oceano o suficiente para eu sentir seu cheiro no ar e assim alimentar a nostalgia dos anos em que morei em Melbourne, os melhores da minha vida.

Me dei conta que jamais tinha imaginado que sentiria falta daqueles momentos em que eu fingia ser uma garota normal nas ruas de Vienna quando Brigitte relembrou uma das nossas fugas. Tínhamos ido experimentar um restaurante recém-inaugurado e muito bem avaliado numa coluna culinária que Brigitte adorava ler no jornal, mas a comida foi péssima e nós acabamos voltando para o palácio com fome.

— Você ainda teve a cara de pau de ir na cozinha assaltar a geladeira e cortar o bolo que o chefe Lamartine tinha preparado para o aniversário da condessa nojenta no dia seguinte. – ela falou, tentando se controlar para não rir alto e falhando completamente.

— Não sabia que era para o aniversário dela! – rapidamente me defendi – E não me lembro de você reclamar quando te entreguei sua fatia. – comentei, sabendo que estava semeando a discórdia, mas Brigitte apenas gargalhou de satisfação.

— A gente nunca foi com a cara dela mesmo. – comentou dando de ombros.

A condessa de Joanne, como ela fazia questão de ser chamada, era uma pessoa fútil que não perdia uma oportunidade sequer de ir ao palácio quando o marido, ao menos vinte anos mais velho do que ela, era chamado pela minha mãe. Ele era um dos membros mais antigos do conselho real e ela era o tipo convencido. Quando estava hospedada no palácio andava pelos corredores numa postura mais altiva até do que a rainha.

Flores Que Renascem do Fogo | Flores Reais #1 ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora