HISTÓRIA COMPLETA | Quando a ameaça de um novo conflito começa a se formar no horizonte, dois irmãos, reis de nações rivais, se veem obrigados a arriscar sua maior joia, a única garantia que ambos têm de que sua dinastia perdurará em busca de uma so...
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MINHAS MÃOS AINDA TREMIAM. Olhei para as palmas esfoladas, totalmente desacostumadas à aspereza do cordame e ao trabalho num convés, e tentei achar um padrão para o movimento aleatório que os dedos faziam, mas não havia nenhum.
Fazia ao menos vinte minutos que estava sentado numa cama alta que cheirava a desinfetante enquanto o médico do palácio me examinava. Não sabia porque tinha permitido que os agentes da PSG me levassem de volta para aquele lugar, mas ali estava eu novamente, esperando que a cada vez que a porta do pequeno consultório se abria Eveline fosse entrar por ela, para logo em seguida me lembrar que ela estava com o filho do duque em algum lugar no centro da cidade.
Devia estar grato por ele a ter levado para longe de mim, afinal os dois se mereciam. Porém, ao invés de alívio, tudo o que sentia era o amargor queimando no fundo da minha garganta como fogo vivo, lambendo meu peito por dentro e me fazendo suar frio.
— Levando em consideração seu histórico – o doutor Swain disse e levantei os olhos para o mirar – sua saúde está excelente. – completou tirando os óculos de leitura que usava e os deixando cair de qualquer jeito ao lado da cópia da minha ficha médica que, em algum momento, alguém teve o trabalho de conseguir com o médico que eu costumava visitar em Bremen.
— Como disse quando cheguei aqui, – respondi, descendo da cama alta e me aproximando da mesa onde ele se achava – não há nada de errado comigo. Me sinto melhor do que nunca.
— E eu não duvidei do que você disse nem por um instante. – ele retrucou – Sua resistência física é mais forte do que a de noventa e nove por cento da população, talvez até mais. – disse num tom de brincadeira, tentando deixar a conversa mais leve, mas permaneci sério. Ele pigarreou quando percebeu que tinha falhado e continuou – Me perdoe Logan, mas preciso fazer algumas perguntas que poderão parecer um pouco invasivas.
E assim o momento que eu mais odiava tinha chegado.
— Você quer saber se eu estava tentando me matar. – fui direto ao ponto, para poupar o tempo de ambas as partes, mas o doutor Swain balançou a cabeça negativamente.
— Na verdade não. – respondeu num tom despreocupado – Essa é a última coisa que poderia se passar pela minha cabeça a seu respeito. Você teve inúmeras oportunidades de fazer isso no passado e não o fez, por isso acho que não o faria agora. No entanto está bem claro que algo o está incomodando.
Minha boca se abriu para negar, mas os olhos do médico baixaram para os nós dos meus dedos, a única evidência que ainda existia do ataque de fúria que deu início a tudo aquilo, e eu suspirei fundo.
— Já lidei com coisa pior. – falei enquanto enfiava minhas mãos nos bolsos da calça.
— Eu sei. – ele anuiu – O que me preocupa é que aparentemente você estava tentando chegar ao próprio limite, ou por qual outro motivo teria ido para alto mar quando sofre de talassofobia?
