Capítulo 45 • Sua Alteza Real, Eveline da Alpia-Ístria

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IMÓVEL E RECLINADA SOBRE AS almofadas que enfeitavam a enorme cama de dossel, eu encarava o teto enquanto brincava de prender minha respiração para contar quantos eram os segundos que conseguia ficar sem ar

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IMÓVEL E RECLINADA SOBRE AS almofadas que enfeitavam a enorme cama de dossel, eu encarava o teto enquanto brincava de prender minha respiração para contar quantos eram os segundos que conseguia ficar sem ar.

Não eram muitos.

Deveria estar descansando, cochilando como Matt fazia na poltrona de leitura, mas quando fechava os olhos sentia a água gelada do canal forçar caminho pela minha garganta abaixo, tomando conta de mim, me sufocando. Eu revivia aquele pesadelo todas as vezes, com a única diferença que ao voltar a mim, Logan não estava ao meu lado para dizer que tudo ficaria bem.

Eu havia prometido que o esqueceria, mas como poderia ser capaz de o fazer se a cada vez que respirava me lembrava que só estava viva por causa dele?

Matt se remexeu desconfortavelmente onde estava. Suas pernas eram compridas demais para caber no pouco espaço que havia entre a poltrona e o pequeno puff que a acompanhava. Escorreguei da cama e, tentando fazer o mínimo possível de ruído, arrastei o puff para o lado, criando um espaço maior para que ele pudesse se acomodar.

Pobre Matt. Estava exausto e, no entanto, se recusava a admitir que havia atingido o próprio limite. Ele podia mentir, dizer que dava conta, que suportaria todo o peso que colocassem sobre seus ombros, mas eu sabia que não era bem assim. Ele era humano e, por mais que tentasse esconder, eu havia visto o que realmente havia dentro do seu coração. Da mesma forma que ele havia visto o que havia no meu.

Peguei uma manta na cama para o cobrir. Queria deixá-lo o mais confortável possível, porém, assim que estiquei o tecido felpudo e quente por cima dele seus olhos azuis se abriram, primeiro assustados, girando em todas as direções à procura de ameaças, depois mais tranquilos quando percebeu que estávamos sozinhos no meu quarto.

— Que horas são? – quis saber, se ajeitando na poltrona até que suas costas estivessem eretas.

— Quase meio dia. – respondi me sentando de frente para ele no puff que tinha acabado de afastar.

— Eu não deveria ter dormido. – reclamou consigo mesmo, bocejando e ajeitando o cabelo para trás das orelhas num gesto inquieto.

— Você precisava descansar. – retruquei, tocando seu joelho para o conter antes que se levantasse e ele se deixou ficar – O perigo passou.

Ele suspirou fundo, os olhos presos aos meus, e envolveu a mão que eu tinha em seu joelho na dele.

— Não, Eve. – respondeu sério, o tom grave na voz deixando claro que estava convencido de que a ameaça não havia acabado – Baixar a guarda agora seria um erro catastrófico. Esse pesadelo só vai acabar quando nos casarmos.

Com aquilo eu concordava. A Guarda Vermelha nos manteria seguros, mas isso não garantia que a população também estaria. Ainda existia a possibilidade de que o que aconteceu em Berlim se repetisse, e eu jamais me perdoaria se perdêssemos mais vidas inocentes por causa da ambição doentia de Van Basten pelo trono.

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