Capítulo 36 • Brigitte Leclerc

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O DESTINO ERA MESMO UM senhor cruel

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O DESTINO ERA MESMO UM senhor cruel.

Eveline havia atravessado o inferno durante o tempo em que a foto dela bêbada e abraçada com um príncipe Maurice nas mesmas condições esteve nas capas de todos os jornais e revistas do mundo. O julgamento injusto ao qual fora submetida na época e as noites que passou desejando ter o poder de mudar o passado ergueram à sua volta um escudo de cautela capaz de bloquear qualquer indício de sentimento que pudesse tentar florescer dentro de seu coração.

Ela não só se isolou como passara os últimos anos evitando qualquer um que tentasse se aproximar mais que o necessário, transformando o escudo em muralha e o usando como motivação para se afastar de seu título e de tudo o que o acompanhava, mesmo que no fundo soubesse que o momento em que precisaria enfrentá-lo estava cada dia mais próximo de acontecer.

Eu sempre soube que o necessário para a tirar de dentro daquela concha protetora era a chegada de alguém imune às proteções que ela havia erguido, alguém que a alcançasse mesmo contra à sua vontade, e redondamente me enganei por pensar que Adrien era o possuidor daquele poder. No entanto, agora que os pés dela finalmente se encontravam de volta no mundo real, eu desejava que jamais tivessem deixado de habitar os devaneios ingênuos em que costumavam viver.

Quando entrei no quarto e me deparei com Eveline caída do chão, chorando como se o mundo estivesse prestes a acabar, compreendi que não era a minha voz que ela desejava ouvir e me calei, me limitando a sentar ao seu lado no assoalho e a abraçar até que se acalmasse o suficiente para aceitar a sugestão de tomar um banho quente.

Não me atrevi a perguntar o que senhor von Löwestein havia dito para deixá-la naquele estado, porém era bem claro que se ele não fosse capaz de atravessar as proteções que Eveline havia criado em volta de si, jamais a teria machucado àquele ponto. Nem mesmo Maurice fora capaz de tamanho estrago. E era exatamente ali, naquela linha tênue e quase invisível, que os meus piores temores se concentravam.

Depois de se vestir, ela tomou em silêncio duas chávenas do chá de alfazema que a chefe Hernandez tinha mandado da cozinha enquanto observava os relâmpagos iluminarem a noite escura para além das janelas e não discutiu quando coloquei na sua frente três comprimidos azuis. Demorou pouco mais de vinte minutos para que eles fizessem efeito e ela adormecesse num sono que, pelo menos naquela noite, seria sem sonhos. Ou sem pesadelos.

Saí do quarto sabendo que ela não acordaria antes do amanhecer, mas ainda assim decidi deixar instruções com Morwell que, de forma indireta, era o motivo de tudo aquilo estar acontecendo. Afinal, se o senhor von Löwestein não tivesse ordenado uma guarda pessoal para a princesa, o fim daquele dia seria muito diferente.

— Se ela acordar, – disse ao guarda – mande alguém me chamar, não importa a hora.

— Entendido. – ele respondeu com um aceno de cabeça.

Cheguei a me virar para ir embora, mas uma ideia do que Eveline poderia querer fazer se acordasse decidida a mandar o acordo de casamento às forras me veio.

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