Capítulo 44 • Sua Majestade, Oliver da Alpia-Ístria

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NUNCA MAIS QUERIA PASSAR POR aquilo de novo

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NUNCA MAIS QUERIA PASSAR POR aquilo de novo.

Estava dormindo quando Daphne, sem sequer bater na porta que nos separava, entrou no meu quarto num rompante, o rosto pálido como se tivesse acabado de ver um fantasma, aterrorizada e incapaz de formular uma frase sequer que fizesse sentido.

Eu nunca a tinha visto daquela forma, tão fora de si, tão próxima de se descontrolar, e não foi necessário que dissesse muito para que meu coração de pai imediatamente soubesse que só havia uma coisa capaz de a deixar daquele jeito.

"O que aconteceu com ela?", eu tinha exigido saber, pulando da cama enquanto Daphne ainda lutava para se manter racional. Eu a alcancei e a segurei pelos ombros. "Pelo amor de Deus, mulher", roguei, "me diz o que aconteceu com a nossa filha!"

Com dificuldade, Daphne soltou o ar que prendia dentro de si e me mirou, todo o seu ser envolto em num abismo de desespero.

"Tentativa de assassinato", respondeu tremendo.

Foram precisos mais quinze agoniantes minutos para que ela se acalmasse o suficiente e me contasse tudo o que sabia. Depois, em cinco, tomamos a nossa decisão e, antes mesmo que o sol despontasse no horizonte, deixamos o palácio de Vienna incógnitos, junto com um regimento da Guarda Vermelha, rumo à Rosenthal.

Aquele raro momento de cumplicidade entre nós terminou da mesma forma que começou. Ao ir se recuperando do susto, Daphne foi se fechando, me afastando dela como sempre fazia, e me tratando com se eu fosse um enfeite. Nós mal trocamos algumas poucas frases durante todo o voo. Ela me culpava. Ela culpou desde o dia em que fui obrigado a pedir a Eveline que se casasse com o herdeiro do ducado de Bremen, e fez questão de deixar seu ponto de vista inegavelmente claro em várias ocasiões.

O rancor que sentia era tamanho que ela sequer se permitia dar uma chance de enxergar o quanto aquilo me custava, o quanto me destruía colocar a única coisa boa que tínhamos realizado juntos na mesma posição que nossos pais haviam nos colocados tantos anos atrás. Eu renunciaria à minha própria vida se pudesse livrar Eveline daquele destino, porém Daphne escolhia ver somente o que lhe era conveniente, e aquela postura excludente me deixava preso, sem nenhuma alternativa.

No momento que me vendi à Alpia-Ístria perdi o pouco de vantagem que possuía perante à Germânia. Fui expatriado, rechaçado e, naquela época, eu não liguei. Me contentei em saber que assim garantiria a paz que meus pais desejavam para o nosso povo e me concentrei em reprimir o que havia dentro do meu coração. Tive consciência das tentativas de Daphne de tentar se aproximar, mas não consegui me deixar envolver.

Havia tanta coisa acontecendo naqueles primeiros anos que demorei para perceber que nos dávamos muito bem e que eu a admirava. Ela costumava gostar de me observar brincando com Eveline no tapete do seu gabinete enquanto trabalhava e apreciava quando eu esperava até que se livrasse de tudo o que a ocupava para jantarmos juntos, mesmo que fosse quase madrugada. Sempre que havia uma brecha na minha agenda, eu a acompanhava em seus compromissos e tentava ajudá-la. Ela retribuía dividindo comigo o que podia, me dando espaço, permitindo que me sentisse útil no meu novo lar.

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