Capítulo 37 • Matthias von Löwestein

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ACORDEI COM OS BRAÇOS DELA à minha volta, e os meus em volta dela

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ACORDEI COM OS BRAÇOS DELA à minha volta, e os meus em volta dela.

A mão de Thea se movimentava lenta e repetidamente pelas minhas costas, num gesto de carinho quase automático, mas que denunciava que permanecia acordada. Não atrevi a me mexer.

O que tinha acontecido entre nós... Eu não deveria ter ido procurá-la.

O que diria quando precisasse olhar em seus olhos? Que havíamos cometido um erro? Que precisávamos esquecer aquela noite e seguir nossas vidas como se nada tivesse acontecido? Como poderia dizer uma coisa daquelas se o que ela era capaz de me fazer sentir ainda ecoava em cada músculo do meu corpo?

O peso da culpa e a angústia me fizeram suspirar contra seu pescoço e o momento que mais temia chegou. Ela percebeu que eu também estava acordado e se afastou dos meus braços, puxando um dos lençóis por sobre o corpo nu e colocando entre nós a maior quantidade de espaço que a cama permitia.

— Bom dia. – disse com um sorriso triste e eu compreendi que ela já havia deduzido o destino que teríamos.

— Thea. – pronunciei seu nome, levando uma mão até ela para a tocar, mas ela se esquivou.

— Por favor, não. – implorou fechando os olhos enquanto eu retraia minha mão de volta e prendia a respiração – Não vamos fazer isso mais complicado. Não faz o nosso estilo. – comentou, o que me fez engolir em seco.

— Você não pode achar que o que está acontecendo aqui é a mesma coisa que aconteceu quando terminamos. – contestei, não acreditando que ela pudesse estar fazendo aquela comparação.

O caminho que tomamos naquela época foi o resultado de uma escolha calculada que ela fez sabendo que o impacto seria sofrido apenas por nós dois. O grande porém da minha situação é que aquela regra não se aplicava, o que me deixava com apenas duas opções: fazer o que precisava ser feito ou passar o resto da minha vida sem ser capaz de me perdoar pelas consequências dos meus atos.

— Mas é exatamente a mesma coisa! – ela insistiu, seus olhos azuis de repente carregados de tensão – Um de nós tem uma tarefa a cumprir, não tem?

— E o outro? – questionei, o tom de voz soando mais amargo do que pretendia mesmo que algo profundo e repleto de mágoa em sua expressão me dissesse que ela sabia como tinha me sentido quando me deixou.

— O outro precisa aceitar. – ela respondeu com dignidade, sem se deixar levar pelo que havia nas entrelinhas da minha pergunta.

Não adiantava discutir. Ela sabia que o que havia entre Eveline e eu era uma farsa, só não tinha ideia da ameaça que Van Basten era, que tinha sido ele o mandante do atentado que iniciou aquilo. Tudo o que ela enxergava era que havia trocado de papéis na própria história e que nada que pudesse fazer mudaria a situação.

— Thea... eu nunca aceitei. – confessei cheio de remorso por tê-la deixado ir sem ao menos ter tentado impedi-la uma última vez. Ela absorveu minhas palavras em silêncio e se fechou dentro de si mesma.

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