Capítulo 41 • Logan Adams

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O QUE ACONTECEU NAQUELA NOITE me assombraria pelo resto da vida

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O QUE ACONTECEU NAQUELA NOITE me assombraria pelo resto da vida.

Naufragar. Quase morrer no meio do oceano. Ser obrigado a enterrar a única pessoa que me restava. Desaprender como ser humano. Viver como um animal. Tudo aquilo era parte do que havia me destruído, do que eu fazia questão de esquecer, de enterrar bem fundo até que as memórias não passassem de vislumbres, imagens borradas quase sem sentido. Mas como esquecer de respirar? Como fingir que não reconhece o gosto do êxtase quando já se embriagou com ele?

Eu jamais seria capaz de esquecer Eveline. Jamais conseguiria transformar as lembranças dos beijos, da sua voz sussurrante, do seu toque ou de como me sentia certo quando ela se entregava nos meus braços em simples imagens do passado. Da mesma forma, não podia me impedir de entrar em desespero cada vez que relembrava da sua vida se esvaindo, do seu corpo ficando inerte, suas mãos me deixando para flutuar livremente enquanto eu lutava para a tirar da água. Quase a havia perdido. E aquele quase sempre me faria estremecer.

Ao deixar a enfermaria, eu era um homem em conflito. Parte de mim queria gritar, esmurrar as paredes até que as derrubasse e finalmente me desse por satisfeito; uma segunda parte queria voltar até aquele quarto e segurar a mão dela, beijá-la e jurar que a protegeria com a minha própria vida, enquanto uma terceira repetia incessantemente que se não fosse por mim, ela não precisaria de proteção porque estaria em segurança casada com o Matthias e pronta para ser a rainha que nascera destinada a ser. Eu era um homem atormentado. Aquela definição se encaixava melhor.

Quando cheguei ao quarto, joguei as roupas ensopadas que vestia no cesto de lixo e entrei no chuveiro. Lá, enquanto a água quente reaquecia meu corpo enregelado, fui obrigado a admitir que, mais do que sobrando naquela história, eu estava atrapalhando. Deveria ter ido embora quando ela pediu. Deveria ter confiado nela quando meu instinto gritou que havia algo do qual ela tentava me proteger. Boatos, ingenuamente pensei na época quando, na verdade, Eveline estivera tentando me proteger dela mesma.

Em silêncio, coloquei minha mala aberta em cima da mesa e me pus a arrumá-la, o que já deveria ter feito a muito tempo atrás. Tentava não pensar em nada enquanto me obrigava a dobrar cada peça de roupa quando fui interrompido por duas batidas na porta. Eu a abri e, sem surpresa alguma, encontrei o Matthias e o agente especial Marshall no corredor, com expressões pesadas nos rostos, bem semelhantes à minha própria.

— Podemos conversar? – o Matthias quis saber sem rodeios. Dei um passo para o lado, sinalizando para que entrassem, e ele e o agente passaram por mim – Não tenho muito tempo. – explicou enquanto me observava fechar a porta – Preciso que você nos conte exatamente o que aconteceu.

Anuí, já esperando que em algum momento daquela noite alguém me procurasse para ouvir minha versão dos fatos. Me lancei então num relato detalhado de tudo, desde quando Brigitte me encontrou atrás da estátua até o momento em que ele, Matthias, me ajudou a envolver Eveline em seu casaco. Ambos ouviram com atenção tudo o que tinha para dizer e, quando terminei, o agente Marshall foi o primeiro a reagir.

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