Capítulo 49 • Natalie Kammer

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MEU TELEFONE TOCOU, mas eu não atendi porque tinha certeza de que mais uma vez seria Ethan tentando me convencer a ir à final do campeonato de basquete com ele na sexta

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MEU TELEFONE TOCOU, mas eu não atendi porque tinha certeza de que mais uma vez seria Ethan tentando me convencer a ir à final do campeonato de basquete com ele na sexta.

Sério! Faltava muito pouco para eu perder completamente a minha paciência com aquele ser.

Havíamos nos encontrado em duas ocasiões desde domingo passado quando ele me seguiu pelo trânsito de Bremen até quase a entrada de Haven. A primeira fora na terça durante a manhã, e a segunda no dia de hoje, quinta à tarde, em ambos os casos porque ele era o meu parceiro de fisioterapia.

Nunca fui uma pessoa religiosa, mas naquele momento, ouvindo o telefone tocar sem parar enquanto todos na casa se preparavam para dormir, estava clamando a Deus por paciência. A minha necessidade de conseguir uma liberação médica era a única coisa que importava, a única coisa que me garantiria voltar para onde eu realmente faria a diferença. Era nas zonas de conflito que eu poderia salvar vidas, porém, se não fosse capaz de me proteger sozinha, jamais voltaria a ser incorporada a uma unidade. Era mais do que essencial que eu fosse capaz de voltar a usar o fuzil. E Ethan? Ele era alguém que eu precisava aprender a tolerar.

Ri na cara dele quando disse que estava apaixonado por mim mais cedo. Ele havia me emboscado na saída do ginásio onde treinávamos com o fisioterapeuta e eu o adverti que se tentasse me beijar iria socá-lo mesmo depois que tivesse caído no chão. Ele não se atreveu a chegar perto, mas ficou enchendo o saco sobre eu o deixar mostrar que o que sentia era real por uns dez minutos, até que John chegou para me buscar.

Algumas pessoas jamais compreenderiam o que era realmente estar apaixonado, a força que atraía para a outra pessoa, o brilho no olhar, o sorriso que não se deixava ser contido. Esse tipo de coisa não precisava ser mostrado ou posto à prova. Simplesmente acontecia onde menos se esperava. Exatamente como foi comigo... e com Julia.

Pensar nela fazia meu coração doer tanto que me dava falta de ar. Eu a conheci quando estava na faculdade e nunca jamais pensei que um dia ela deixaria de existir. Julia era americana, mais velha que eu quase dez anos e tinha um mau-humor terrível que sempre me fazia querer estrangulá-la, mas a minha vontade de estar enroscada nos braços dela sempre era maior. Era também descendente de chineses e tinha um dragão enorme tatuado em todo o comprimento e largura de suas costas.

Certa vez, enquanto matávamos o tempo deitadas no sofá da república onde ela vivia, ela me contou que a tatuagem simbolizava a sua liberdade. Foi ela quem me mostrou o que aquilo significava de verdade e, talvez, fosse por isso que ser livre num mundo onde ela já não existia havia se transformado em um tormento que eu só conseguia suportar se estivesse focada em fazer o que ela mais amava: exercer a medicina e ajudar pessoas em lugares onde ninguém mais se atrevia a ir.

— Tia, por que você não atende o telefone? – a cabecinha de Liv apareceu por entre a porta entreaberta do quarto de visitas da casa de John onde eu estava hospedada até que a minha vida tumultuada tomasse um rumo.

Flores Que Renascem do Fogo | Flores Reais #1 ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora