CAPÍTULO 4

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CALLYEN


Eu as ouvi novamente. Sussurrando meu nome num som melódico, distante, mas convidativo. Abri os olhos em algum momento, sabia. Mas o que vi me fez achar que era um sonho e dormir novamente. Os olhos cor de mel e avelã, quentes e derretidos, mesclados com a escuridão das sombras que movia através deles, num comando silêncioso. Foi isso que me fez dormir novamente, a sensação que eu sempre tivera quando o via... Era por isso que era um sonho. Não havia outro modo de não o ser, pois se ele estava aqui... Eu estava dormindo.

Não sei quantos dias eu dormi. Eu não sei onde estava, muito menos se eu estava em segurança.

Abro os olhos e encaro ao redor. O sol claro e pálido da manhã iluminava o lugar. Grandes janelas abertas de ambos os lados deixavam a luz e o vento entrar pelas cortinas negras esvoaçantes. Podia ver ao longe, os picos nevados da montanha ao redor, mas aqui era magicamente quente e acolhedor. A cama, confortável, com lençóis negros de seda era grande. Enorme na verdade.

Meu corpo ainda estava letergico, e eu me sentia amarrada pelas ataduras ao redor, em minhas costas, braços, abdômen e peito.  Olho devagar para minhas costas, vendo-as. Ataduras as cercavam e elas estavam limpas. A maior parte já curada, os rasgos foram remendados e o resto, se curando.

Arrasto-me com dificuldade para a beirada da cama, ignorando a dor que se alastrou pelo corpo em reclamação, olhando ao redor novamente. Eu estava sozinha. O quarto era estéril. Limpo. Duro. Não parecia que alguém dormia ali. Mas era definitivamente, bonito e arrumado. Forço meu corpo a sair da cama, não conseguindo evitar o grunhido de dor quando me coloquei de pé, vendo a túnica branca bater contra o chão. Eu estava limpa, e trocaram minha roupa em algum momento.

Onde eu estava?

— Em segurança. — uma voz clara e límpida soa. — Não deveria se esforçar tanto, você acabou de acordar. — uma jovem diz parada a porta. Ela era linda. Os cabelos castanhos dourados pendiam semi soltos até abaixo de seus ombros, os olhos grandes e azuis pálidos me observavam com carinho, mas também cautela como se esperasse algum perigo de mim, mesmo com minhas atuais condições.

A observo, desde o seu rosto esplêndido até o vestido azul pálido com pequenas pedrinhas brilhantes, ofuscando a luz do sol. Eu soube quem, de fato ela era e principalmente onde eu estava, pelas tatuagens negras em seus ambos braços. Feyre Archeron. Quebradora da Maldição. Salvadora de Prythian contra Hybern. Grã Senhora. Da Corte Noturna.

Segurei um xingamento enquanto a observava se aproximar de mim. Os olhos sagazes, varrendo minha expressão, enquanto eu me encolhia a cada passo.

— Como está se sentindo? — questionou colocando uma bandeja no criado ao lado da enorme cama.

Eu a observei ao mesmo tempo que sentia. O poder emanando. Vindo até a mim, como uma onda negra, chocando contra minha mente, batendo contra as paredes do escudo perfeitamente levantado. Mesmo com a inspeção em minha mente, o que sinceramente, foi rude, eu respondi:

— Bem, melhor. — a voz saiu arrastada, rouca e quebrada assim que a ouvi. Engoli em seco, e a Grã Senhora me ofereceu um copo, com o que parecia ser água. Bebi o líquido que desceu melhorando a dor em minha garganta.

— Porque... Porque estou aqui? — questionei. A Grã Senhora me olhou novamente, e decidiu não me contar no momento.

Para confirmar o que eu já sabia, mais pessoas passaram pela porta do quarto. Eu os reconheci, pelas histórias que me contaram da guerra, pelas histórias de antes disso, Sob a Montanha... O que havia se perdido, o que havia se encontrado, quebrado e consertado. Tudo devido ao sacrifícios dessas pessoas.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now