CAPÍTULO 65

3.9K 404 1K
                                    

Eu tentei tanto e cheguei tão longe
Mas no fim, isso nem mesmo importa
Tive que cair, que perder tudo
Mas no fim, isso nem mesmo importa
(in the end - linkin park)

CALLYEN

O cheiro da fumaça densa foi a primeira coisa que invadiu meus sentidos, os corpos estavam empilhados no chão, em pedaços, sem membros, cabeças separadas do corpo, os olhos tão inertes quanto os corpos. Eu podia ver as moscas sobrevoando acima dos corpos, o odor da morte as atraí, enquanto o odor ocre do sangue podre fez o meu próprio gelar. Eu continuo caminhando entretanto, ambas as lâminas empunhadas a altura do meu peito, enquanto o barulho da guerra ainda se faz presente. Eu podia ouvir os gritos de dor, o ruído grotescos doa ossos sendo quebrados quando alguma das feras de Ykner avança contra o fronte, perfurando dois dos soldados da Estival com a ponta do chifre antes de manear a cabeça e lança-los longe. Eu senti meu estômago revirar para o ruído do sangue, os gritos de dor da destruição, os urros das bestas avançando cada vez mais contra os nossos soldados.

Uma delas, de pele grossa esbranquiçada repuxada sobre os ossos, os olhos tão vermelho quanto o sangue que manchava as terras nesse momento se virou em minha direção e avançou. A ponta do chifre manchado com o sangue do último que havia desmembrado, ela correu. Eu também corri, forçando minhas pernas cansadas em sua direção, meus braços a permanecerem de pé, as asas semi abertas as costas.

Continue correndo. Avance. Quando estava perto o bastante eu saltei, sobre a ponta do chifre prontamente disposta a acertar meu peito, eu passei por cima de sua cabeça, girando o corpo sobre ele e descendo as lâminas rapidamente, enfiando-as em cada lado de seu pescoço e as forçando para baixou. Quando as lâminas encontraram a pele e eu montei em seu dorso, eu girei no sentido contrário e forcei meu corpo para o lado, puxando a espada contrária, fazendo o corte em seu pescoço ser fatal. A besta urrou, um grito que por um momento me fez questionar se ela não tinha, de fato, uma alma, e então caiu, me levando junto. Eu gemi de dor quando o corpo pesado caiu, levando o peso diretamente em minha perna esquerda, praticamente esmagando-a abaixo.

Saia daí. Não seja um alvo tão fácil. Eu virei enraivecida, forçando meu corpo a sair debaixo da fera agora abatida, mas meu braço reclamou, devido ao corte profundo próximo ao meu ombro. Rápido! Instintivamente, eu percebo a aproximação de um dos soldados da Legião, a armadura preta e vermelha que poderia ser facilmente confundida com um dos nossos, se não fosse pelo castelo vermelho entalhador no centro do peito da armadura. Olhei ao meu redor orando a Mãe para que eu pudesse encontrar alguma coisa. Qualquer coisa. A ponta de uma lança brilhou na minha visão periférica, mas estava distante do meu alcance. Eu me estiquei para poder alcançar, a risada do inimigo alcançou meus tímpanos em puro escárnio. Ele sabia que eu não a alcançaria antes dele me alcançar. Forcei as últimas horas de magia a rastejar pela minha pele, a chamar, implorar para que as sombras me ouvissem e se desprendessem, graças aos deuses elas ouviram. Dolorosamente eu as forço para baixo, rodopiando entre meus dedos eu as lanço a frente, em direção á lança, forçando-as a se enrolar sobre o punho da arma. Meu braço reclama dolorosamente mais uma vez, quando eu forço as sombras a levantarem e...

— Te peguei... — a voz nazalada do soldado soa diante de mim. Eu apenas suspiro pesadamente para o sorriso maligno apareceu quando ele ergue a espada. Entao eu puxo, a lança se crava na base atrás do crânio do macho, a ponta brilhante saindo pingando sangue negro direto de sua boca aberta.

— Eu também. — as palavras saem sem que eu possa controlar.

Eu preciso sair daqui. Eu tenho que sair daqui. Puxo a perna que não estava presa abaixo da besta caída, e a forço contra o corpo, empurrando para cima enquanto rastejava para longe. Minha panturrilha reclama com um ardor que me fez engolir o grito. Eu tento me levantar, mas minha panturrilha reclama e eu caio de joelhos, por sorte, uma das bestas de dardos envenenados estava próxima o bastante da minha mão, para que a disparasse contra um outro dos soldados de Ykner e o acertasse em um dos olhos.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now