CAPITULO 51

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CALLYEN

Dois dias se passaram desde que eu havia aceitado firmar de uma vez o laço de parceria com Azriel segundo suas tradições. Ele me lambeu, idolatrou, amou e marcou cada pedacinho de pele exposta como se eu fosse uma jóia rara de seu arsenal, e eu engoli as lágrimas algumas vezes quando ele beijou as cicatrizes no centro de minhas costas, enquanto ele estava acima do meu corpo e seus dedos abaixo do meu ventre no centro das minhas pernas.  E nesses dois eu via o brilho ainda mais forte do laço nós unindo, puxando-nos um para o outro e nunca era o suficiente. Me perguntei se algum dia seria.

Dois também desde que Rhysand e os outros haviam voltado a Velaris para decidir a respeito do encontro com os outros Grãos Senhores para tratar dos assuntos de guerra. Era um fato agora, irrevogável, que Ykner buscaria vingança e alastrar seu veneno sobre toda Prythian e todos os reinos adjacentes, e que precisaríamos lutar para impedi-lo a qualquer custo. E mesmo nesse tempo de felicidade, a sombra do veneno de Hybern ainda pairava em um canto obscuro da minha mente, e não pararia de rastejar pelas frestas até que eu tivesse seu coração negro esmagado entre meus dedos e sua cabeça separada de seus ombros.

Azriel treinava comigo, demonstrando seu poder e elegância na frente dos outros guerreiros illyrianos. Eu podia sentir seus olhares, ouvir os surrurros de admiração, medo e ódio velado a seu respeito. Os pensamentos sobre ele ser um bastardo me irritaram mais que os pensamentos luxuriosos das fêmeas a seu respeito. Porque Azriel era um macho que merecia ser respeitado, não somente pelas provações que ele passou, mas porque ele galgou seu caminho para o topo como um dos três illyrianos mais poderosos em milênios existentes em todo reino de Prythian e Illyria. Além de que, já era difícil me concentrar em uma luta com Azriel, quando seu lado presunçoso era ainda mais proeminente, eu não deveria me preocupar em manter os pensamentos de metade do acampamento para fora a seu respeito, e também ao meu.

Depois do "incidente" da invasão ao acampamento, mesmo pouco deles que se aproximavam antes, não se aproximaram mais. Eu quase podia tocar a sensação de incômodo instaurada no lugar quando eu estava por perto de maneira visível, bem como o medo e ódio mal velado. E toda maldita vez que eu percebia alguém olhando torto em minha direção, eu devolvia um sorriso distorcido e um olhar ainda pior, fazendo congelar antes de desviar. Era bom que eles me temessem, mesmo que por razões que não estavam sobre meu controle quando eles me temeram. Não depois de eu ter praticamente assassinado seus senhores e incendiado parte do acampamento com o Caos enquanto eu não era de fato, eu.

Um golpe acertou em cheio meu ombro, me fazendo cambalear dois passos para trás e levar a mão ao local onde Azriel havia acertado o cotovelo, movo meu ombro vendo que ficaria dolorido e roxo depois. O sorriso presunçoso cortou seus lábios quando ele deu de ombros por minha falta de atenção. Estávamos num dos ringues não tão afastados no centro do acampamento, alguns — muitos — espectadores amontoados numa distância segura ao redor observando com curiosidade e análise enquanto eu e Azriel mantínhamos um treino de luta mano a mano sem espadas. Voltei para minha posição, os braços erguidos em defesa, quando ele atacou novamente, o punho fechado para tentar acertar a lateral das minhas costelas direita, mas eu desci meu antebraço interceptando o golpe, rapidamente prendi meus dedos ao redor de seu pulso e o puxei para frente, impulsionando minha perna para acertar a planta do meu pé no meio do seu peito com força o suficiente para enviá-lo para trás. Eu não aguardo que ele se recomponha e corro em sua direção, impulsiono um pé sobre sua coxa curvada e passo uma perna ao redor de seu pescoço, montando em seus ombros e jogo meu peso para frente, impulsionando-o num mata leão, onde eu mantinha seu braço firmemente preso e esticado entre minhas pernas e acima do meu quadril levantado. Uma suspensão a mais e o osso partiria. Não que eu fizesse esse movimento sendo Azriel abaixo das minhas pernas e seu braço preso em minha pélvis, não apenas por ele ser meu parceiro e eu não o machucaria, mas principalmente, porque ele era um ótimo guerreiro. Provando esse ponto quando ele rolou sobre si mesmo, levando meu corpo juntamente com o movimento para trás me deixando numa posição desconfortável quando ele inverteu rapidamente as posições, era eu quem estava num aperto de morte.

Príncipe das SombrasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora