CAPÍTULO 61

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CALLYEN

Todas as amenidades das conversas e da pequena estadia na Invernal foram deixadas naquele mesmo território. Viviane e Kallias solicitaram que passássemos a noite em seu palácio, sob a conduta de que eu poderia não estar totalmente recuperada para voltar, embora, todos soubessem que Azriel provavelmente iria voando comigo em seus braços se nem ele, eu, Mor ou até mesmo seu senhor me atravessasse. Sendo assim, nos despedimos brevemente, sabendo que em menos de três dias estaríamos juntos novamente, dessa vez, num campo de batalha.

***

Ao retornamos a Cidade da Luz Estelar, Rhysand solicitou uma reunião extraordinária com todos, para a manhã seguinte, o mais cedo possível e então se retirou juntamente com Feyre. Morrigan havia sumido assim que chegamos a cidade, e nesse momento eu estava apenas empoilerada sobre o parapeito de pedra de uma das varandas, observando as luzes prateadas cintilando abaixo na cidade.

Eu senti sua presença, como sempre sentia antes mesmo que pudesse de fato aparecer. O sussuros das sombras que caminhavam ao redor me disseram que ele estava ali e então o cheiro do vento daquelas montanhas. Fechei os olhos quando o toque dos seus dedos quentes subiram pela pele do meu braço, o toque lento deixando um maldito rastro quente. Virei-me para observa-lo. Ele estava diferente, havia trocado de roupa, usava uma calça preta e uma camisa de botões azul, as mangas fechadas ao redor do seu pulso, os cabelos castanhos escuros. Levei minhas mãos até os fios grossos e suaves, passando meus dedos entre as mechas, ele fechou os olhos quando desci o toque pelo seu rosto. Rapidamente, meus olhos se prendem a pequena marca ao redor do meu pulso, uma espiral bem desenhada numa tinta azul escura, que podia ser comparada á escuridão do céu noturno, uma das pontas em espiral vagava pelo torso da minha mão, para se enrolar em torno do meu polegar enquanto o restante, formava um bracelete ao redor do pulso, em pequenas espirais que poderiam muito bem ser marcas de suas sombras quando me tocam ali.

Azriel segue o olhar para meu pulso, segurando minha mão em sua palma, a mesma mistura de sinais brilhava ao redor do seu pulso marcado pelas cicatrizes, quando ele leva meu punho aos lábios beijando-o.

— Não foi um acordo, foi uma promessa. — ele diz, descendo minha mão para segurar meu queixo, fazendo olha-lo. — Eu não vou permitir que nada aconteça com você, Callyen. Eu esperei muito tempo por você, tempo demais, anjo, e eu teria esperado o dobro do mesmo tempo se os deuses me garantissem que você viria ser minha.

Ele diz num sussurro, a testa colada minha, os dedos ainda presos abaixo do meu queixo, os lábios a centímetros dos meus.  Eu engoli suas palavras, sentindo-as se acomodarem com um frio na minha barriga e subirem de volta com um arrepio lento. Respirei fundo, o cheiro de sua pele inundado meus sentidos quando eu fechei os olhos.

"Eu ainda não tive a chance... talvez não tenha a chance de dizer, mas eu te amo, Azriel." mandei através da ponte que se estendia em minha mente em sua direção, e não ousei abrir os olhos quando eu disse isso. “Talvez eu já tenha te amado desde a primeira noite que sonhei com seus olhos me vigiando no escuro. Você me salvou.”

— Eu gostaria de lhe dar algo. — ele murmura contra meus lábios antes de se afastar milímetros e levar as mãos a bainha em sua cintura. Vejo quando ele abre o fecho da cinta de couro illyriano e retira a peça erguendo entre os dedos hábeis entre o pequeno espaço entre nossos corpos.

— Azriel eu... — eu tento negar sabendo sua intenção, mas o macho me cala com um pequeno beijo.

— Eu a carrego comigo desde que a ganhei de presente no meu primeiro solstício junto com uma família. A mãe de Rhysand me presenteou com ela, assim como presenteou Cassian com suas gêmeas. — ele diz girando a adaga entre os dedos. — A Reveladora da Verdade, ela disse seu nome como se a lâmina contesse seus segredos, seus significados e poderes.

Ele continua, girando a lâmina na mão mais uma vez, para equilibra-la na palma, fazendo a lâmina seráfica brilhar com a luz prateada da lua. A Reveladora da verdade era uma adaga de lâmina reta, os gumes da ponta unian-se numa curva leve, e visivelmente afiada. O cabo de obsidiana de um azul tão escuro que parecia negro. Uma estrela entre duas luas crescentes dividiam a lâmina e o cabo, onde uma outra lua, minguante, enfeitava graciosamente. Linda. E mortal. Tal como seu dono.

— Eu não posso... — iniciei novamente, mas novamente, o macho me cala com um beijo.

— Ouça, anjo... É minha, para eu dar a quem quiser. — ele diz, o olhar castanho dourado penetrando profundamente em minha alma. — Um dia, antes de que a Lua e a Estrela da corte noturna minguassem, a mãe de Rhys me disse que eu deveria dá-la a quem fosse dona de minha alma e coração. Alguém que precisasse encontrar o caminho, de verdade. Eu a emprestei um dia, porque alguém precisava encontrar seu caminho. Ouso dizer que talvez tenha funcionado, mas não questionei quando me devolveu. Não que nada disso tenha importância agora, mas é sua agora. Um presente meu, para a dona da minha alma... E coração.

As palavras dele ecoaram no silêncio prateado da varanda, ecoaram principalmente na minha mente, alma e coração. Marcando cada palma de pele e alma expostas ali. O sopro do vento tocou morno em mim, tal como o toque de cada palavra que Azriel me dissera — e repetira em minha mente, através da ponte. Lentamente eu ergui a mão para dele, segurando a adaga incrivelmente leve em torno dos dedos. Uma carga elétrica passou do cabo da lâmina illyriana, as sombras dançando em torno de nossas mãos, numa silhueta aparente eterna.

Rapidamente, Azriel me ergueu em seus braços novamente, carregando-me pelo corredor em direção ao seu quarto, á sua cama. Azriel havia me salvado de todas as formas que eu se quer imaginei que alguém pudesse ser salvo. Quando eu nem sabia que precisava ser salva. E eu vou salva-lo de volta. As palavras ecoaram na minha mente, impedidas de serem repassadas pelo laço de parceria. Ele me guiou para o quarto aquela noite, e me amou aquela noite até me ter ofegante e tremula sob seu corpo.

 Ele me guiou para o quarto aquela noite, e me amou aquela noite até me ter ofegante e tremula sob seu corpo

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N/A: Oiê meus amores, como vamos nesse domingo? Bem? Espero que sim. Mais um capítulo cute cute e quem aí gostou?

O capítulo foi pequeno em comparação aos outros, mas vocês sabem que eu tô tentando né? Então perdoem qualquer coisa, okay?

Okay.

OBS. a LUA e a ESTRELA da corte noturna: mãe e irmã de Rhysand (achei linda a homenagem, e elas representavam muito pra isso coloquei essa representação)

2. Quem acertou a tatuagem acertou! E bora de se preparar porque vamo que vamo!

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now