CAPÍTULO 14

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saaaabe né? Capítulo novo, já corre pra ler e deixar aquele voto maroto. Comenta aí se tá gostando tbm.

Bora la.

CALLYEN

Cassian me olhava de forma predatória, com o mesmo sorriso debochado de antes enquanto eu me aproximava. Cometi a imprudência de olhar pelo canto do olho para o Encantador de Sombras, que estava com o corpo mais tenso que antes a medida que eu me aproximava do mestre dos Exércitos do Grão Senhor da Casa Noturna.
Cassian me ergueu a espada de aço illyriano e eu medi seu peso, relativamente leve para uma espada de batalha, mas pelo brilho do gume prateado, bem afiada.

E eles estavam treinando com isso.

Sem esperar por um maldito sinal Cassian avança contra mim, a espada erguida. Rapidamente ergo a que estava comigo e giro o corpo, indo para suas costas e protegendo do ataque com a própria espada, ouvindo do som do metal contra metal. Instintivamente, giro novamente, baixando o corpo e tentando atingir uma das de suas pernas, mas ele salta sobre a lâmina antes que o atinja e vem em minha direção.

Giro o corpo protegendo as costas com a espada de um lance de Cassian, ao mesmo tempo que lanço a minha lâmina contra seu pescoço e ele, contra o meu. O impeço com a lâmina e seguro seu braço com força. Ouço os risos não muito longe, mas não ouso desviar o olhar do macho, que não duvido, me daria alguns cortes a mais na pele se eu me distraísse da batalha com ele por algum segundo que fosse. Forço o aperto novamente, forçando também a espada para afasta-lo de mim, mas a montanha de músculos chamada Cassian não cederia facilmente. Então abaixo um dos joelhos, forçando-o contra seu próprio peso para arremessa-lo no chão e passo por cima dele, prendendo um de seus braços sob o meu joelho apertando-o, e a lâmina em sua garganta.

Mesmo que eu tivesse rendido, o miserável ainda mantinha o sorriso debochado nos lábios e isso me irritou mais que o risos atrás de nós.

— Ora, não é todo dia que o cão toma uma surra. — ouço a voz de Amren zombar quando eu me levanto, acompanhada pela montanha de músculos.

— Não foi uma surra. — Cassian diz, apertando o punho e olhando as marcas avermelhadas que eu havia deixado em sua pele. Entretanto fora um trabalho mútuo, porque eu sentia minha barriga arder devido a alguns golpes, assim como as costas, braços e pernas.

— Não foi o que pareceu irmão. Daqui, realmente pareceu uma surra. — Rhysand zomba com uma gargalhada estrondosa e a maioria o acompanha. Pelo canto de olho, vejo um sorriso disfarçado nós lábios de Azriel.

Bom, pelo menos serviu de alguma coisa, além de uma dores musculares. Sorrio a medida que me afasto, entregando a espada de volta a Cassian que me cumprimenta com um aceno de cabeça. Ele não facilitou, mas eu também sabia que ele não dera tudo de si, ele tinha séculos de prática em mais batalhas do que eu se quer imaginaria, mesmo eu o tendo surpreendido, sabia que se ele quisesse me reduziria a pó apenas com poucos movimentos. Então retribui o aceno e voltei para onde, agora, Amren observava de pé e braços cruzados. Os olhos, que já não possuíam a cinzenta nuvem rodopiante, me observando.

— Porque você quer a minha ajuda, menina? — ela pergunta, desconfiada. — Rhysand poderia te ajudar a controlar a si própria...

— Prefiro a professora ao aluno. Sem ofensas Grão Senhor, mas sei de alguma forma, que sem seu intento os poderes de Rhysand o teriam engolido e talvez, a própria Prythian junto. Além do mais, você é velha o bastante para me ajudar com esses símbolos. — digo recebendo um rosnado controlado da pequena mulher a minha frente. — Além do quê, o que quer que estivesse escondido atrás de seu rosto bonito, deixou seus rastros dentro do seu novo corpo...

A pequena monstra sorriu montando os dentes brancos e com pequenas presas pontiagudas.

— Me encontre na Biblioteca ao crepúsculo. — ela diz, me observando de baixo a cima, um sorriso misterioso nos lábios. — E não se atrase, menina.

Dito isso ela se afasta e sai. As outras mulheres se levantam e por incrível que pareça, Feyre, com todo o couro negro escamado toma meu lugar com Cassian onde começam a distribuir golpes aparentemente letais um contra o outro. Eu observo, apenas para não dar importância ao macho de peito exposto não muito distante me observando como se eu fosse algum tipo de enigma bem trabalhado e impossível de decifrar, ou ao olhar que insistia em queimar em minha nuca advindo da pequena cadeira onde Morringan estivera sentada antes de sumir em partículas se sombras, atravessando de volta para dentro da Casa provavelmente.

Uma gota de suor escorre por minha têmpora, passando pelo meu pescoço e me trazendo uma sensação estranha. Como se alguém estivesse me chamando, como alguém — ou algo — estivesse me convocando em algum lugar longe dali. Tudo ao meu redor perde velocidade, o foco e eu sinto meu corpo arder. Eu sinto as marcas em minha pele queimarem. Em um minuto eu estava no telhado planado da Casa dos Ventos e no outro...

A floresta de carvalhos se estendia ao meu redor, a neve cobrindo a relva e o silêncio abafando o lugar. Nada. Nem o ruído de algum possível animal, nem o farfalhar das folhas cortadas pelo vento gelado, nada era ouvido. Mas tinha algo, além disto, que não encaixava.

Talvez pelo cheiro ferruginoso que impregnava o lugar, ou da sensação vertiginosa que acometia meus sentidos, como se algo muito ruim fosse acontecer ou já tivesse acontecido;  ou das manchas vermelhas escuras em poças na neve levando a um rastro de destruição e morte não muito longe. Corpos empilhados, destroçados e com partes faltando, espalhados num cenário que, no fundo do meu inconsciente eu conhecia bem. Eu já vi isso antes, era uma das imagens que assombrava a minha mente por tempo antes... Algo que me fez lembrar... Das carnificinas que eu já protagonizei.

Trinquei os dentes evitando que a bile subisse pela garganta, os corpos distribuídos em pedaços formando um círculo, com uma espécie de cruz no centro e a cabeça decepada depositada no meio. Aquilo era um aviso. Mesmo que eu não tivesse experiência com guerras ou tratados de morte, eu sabia que aquilo era um aviso.

Houve um estalo ao meu lado, mas eu não me virei para observar, eu soube quem eram. Houve um ranger de mandíbulas, que eu pude ouvir. Houve uma respiração pesada. Os machos, um de cada lado meu na campina manchada, observaram a cena provavelmente tão estarrecidos quanto eu. E também chegaram a mesma conclusão que eu: aquilo era um aviso.

Até porquê, eu soube mesmo sem saber, que aqueles corpos empilhados e dilacerados eram os batedores de Azriel, soldados de Velaris afim de proteger a fronteira a mando de Rhysand.

— Mas que... — Cassian expira ao meu lado, visivelmente chocado com a cena.

— Sim, parece que alguém quer nos mandar um aviso. — Azriel diz ao meu lado lado, e eu pude sentir seu olhar longiquo sobre mim, mas em nenhum momento eu ousei me mover. Em nenhum momento eu consegui desviar o olhar para ele.

— Devemos comunicar a Rhysand... — Cassian diz frustrado. — Ele não vai gostar nada disso.

— Você acha?

Observei novamente a cena macabra a frente, o massacre a frente e senti a garganta fechar. As sensações do lugar me acometendo uma após a outra, as cenas do massacre vindo involuntariamente até mim, o som dos gritos, o barulho gorgolejante do sangue sendo jogados... Eles estavam vivos. Enquanto eram massacrados, eles sentiram tudo, viram tudo.

E eu soube, era sim um aviso. Um aviso para mim.

 Um aviso para mim

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Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now