CAPÍTULO 11

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Desculpem o sumiço, andei meio depre esses dias e por isso, sem ânimo para escrever e atualizar a fic. Mas, voltei e vai ter atualização sim.

Bem vamos ao capítulo. Não esquece o voto e comentários.

CALLYEN

Eu não conseguiria dormir, mesmo que eu quisesse muito isso. Eu não ia correr o risco de deixar as sombras me consumirem novamente, o que era bem provável de ocorrer. Coloquei o vestido, vi que as gêmeas deixaram um par de sapatos de camurça igualmente brancos ao lado, mas não os calcei, preferi andar descalça, a sensação fria da pedra polida sob meus pés era calmante.

Era tarde, através das janelas abertas para o espaço eu via a lua e as estrelas brilhando como mil diamantes e uma bola de cristal reluzente no céu Noturno acima. Caminhei até o salão de jantar, onde mais cedo eu destruira mesas e cadeiras e parte do chão, mas que agora, quaisquer que fossem os vestígios da minha falta de controle, haviam sumido. O chão, estava polido, a mesa, apesar de eu saber que não era, parecia a mesma de mais cedo, as cadeiras suntuosas o bastante para acomodar os Illyrianos com conforto. Continuei caminhando, silenciosa, até a beirada da abertura que se excedia para fora da pedra. A forma como essa casa fora projetada, dizia isso. Para entrar naquele lugar, só havia uma forma: voando.

O vento aqui não bate com a força que deveria, a magia do lugar o tornava aconchegante, acolhedor e quente. Mesmo de pé na beirada, os dedos raspando a borda, a queda e o vento não incomodavam. Inspiro o ar, fundo, lento, e libero a magia envolta nas minhas asas, deixando-as surgirem as minhas costas. Elas estavam melhores, eu sabia, mas ainda assim eu precisava testa-las. Movimento firme, juntando e afastando, sentindo os músculos das costas, ombros e abdômen arderem com o esforço. Num movimento seco, olho para cima e me lanço no abismo abaixo, deixando o vento me cortar em queda livre para baixo. A cidade brilha abaixo, quando eu estou próxima a bater contra a rocha ingrime abaixo eu abro as asas, plainando de volta para cima, forço as asas a baterem, impulsionando mais e mais para cima, acima das poucas nuvens que cobriam parte do céu.

Abro as asas, parando, fecho os olhos e inspiro o vento, cheiro de tempestade, de madeira e terra molhada, cítrico... O cheiro de vento.  Abro os olhos e me deparo com asas Illyrianos a minha frente. A envergadura grande completamente aberta, deixava a mostra as marcas da guerra. Cicatrizes. Grandes e feias, e provavelmente dolorosas sobre a pele fina e translúcida, nos espaços de pele. Sinto minha mão coçar, a vontade de tocar nela. Mas, eu não faria isso. As feições do illyriano estava firmes, a luz da lua lhe fazia ainda mais elegante sobre a pele bronzeada. Os sifões em suas mãos brilharam também, polidos. Os olhos analíticos, pairavam sobre mim, do meu rosto às minhas asas.

Fecho as asas e me deixo cair no abismo brilhante da cidade abaixo, sentindo o vento cortando meu corpo com a queda livre, a sensação de liberdade fluindo... Acima de mim, o illyriano vem em queda livre em minha direção. Giro o corpo com um pouco de dificuldade, e torno a forçar meus músculos para abrir as asas, poucos metros de atingir o chão da cidade abaixo, voltando para cima, observo o brilho intenso que toma a cidade. As luzes da lua e das estrelas pareciam se refletirem nós telhados das casas e na frente das lojas. Mesmo depois das feridas de Guerra deixadas por Hybern, que eu soube serem em toda a Prythian e mesmo com os esforços do Grão Senhor, atingiram também essa cidade.

Velaris era linda, brilhante e vibrante mesmo a noite. Ou melhor, inclusive a noite, porque a cidade era ofuscante. Até mesmo o rio, que cortava a cidade ao meio e desenbocava no leito do mar parecia ser prata derretida. E as ruas estavam alinhadas de gente, dava pra ver mesmo a essa altura e distância, o movimento de ambos só lado do rio. Ao meu lado em uma certa distância, o illyriano voava calado, também observando a cidade. Já eu, apenas me ofuscava com a beleza desse lugar. Eu não vira muitos reinos, mas esse com certeza, nem se equiparava com os que havia visto, mesmo nos livros.

— Porque está me seguindo? — digo quando eu paro o vôo no céu que começava a se pintar com as cores do alvorecer. Tornando a vista da cidade, e dele, ainda mais bonita. Tons de laranja, vermelho e rosa e roxo pintavam o céu Noturno, declarando o fim da noite e o início da manhã. E o illyriano a minha frente parecia uma escultura. Ele estreitou os olhos, olhando ao redor, para cidade que parecia acender abaixo e de volta para mim.

— Seguindo você, porque exatamente eu estaria seguindo você? — ele diz com total indiferença.

— Isso, Encantador de Sombras quem tem que me informar é você. — digo e vejo por um milésimo de segundo, confusão transparecer em seu olhar. Logo depois ele o estreita para mim. — Afinal, é você quem está voando ao meu redor e não o contrário.

— Cuidado... — o ouço dizer baixo, quase como um sibilar, sorrio

— Com o que exatamente? Não sou uma ameaça aos seus, Encantador de Sombras. Também não vou fugir. — eu digo, cerrando os olhos para o illyriano a minha frente.

Mentirosa. Meu consciente grita.

— Não é uma ameaça? — vejo que ele pondera por alguns instantes, pendendo a cabeça levemente para um lado enquanto me observa novamente. — Seus poderes certamente o são, principalmente se você não tem controle algum sobre eles. Além, é claro, de quem quer que estivesse atrás de você, com certeza ainda o está. Então diga-me como exatamente você não é ameaça?

— Seu Grão Senhor não me viu como uma ameaça.

— Mas não significa que não o seja. — ele me corta, mordaz e gélido.

— Está com medo de mim? — tento o perigo. Eu não devia estar falando assim com ele, mas isso era uma questão que eu precisava descobrir. Dentre várias outras.

Vejo a reação das sombras ao seu redor e elas sussurram para ele, e para mim, rodando ao redor de seus ombros e orelhas pontiagudas. O Encantador fica aí da mias reto com a pergunta e me vejo a sombra de um sorriso debochado em seus lábios finos e bem desenhados.

— Não sou eu, Princesa, quem deveria estar com medo.

Dito isso ele vai em quadra livre a minha frente, as asas fechadas as costas, diminuindo a aderência do vento e antes de tocar o chão ele some, atravessando em sua própria escuridão.

Entretanto, eu não me movi depois que ele se foi. O impacto de suas palavras e a forma como ele me chamou de Princesa, me deixaram estagnada pendendo no ar, observando o céu se tornar ainda mais límpido acima da Cidade. Como diabos ele soube? E porque diabos eu deveria teme-lo?

Vamos lá, você sabe o porquê Callyen... Porque ele pode ser o único que pode salvar você. Ou te destruir.

 Ou te destruir

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Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now