CAPÍTULO 19

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CALLYEN

Sinto como se minha cabeça estivesse prestes a explodir, minha visão arde e todo o meu corpo reclama quando tento me mover. Sei que estou deitada, pois minhas costas estão aconchegada em algo macio, entretanto, não sei que horas são e muito menos o que ocorreu. Abro os olhos encarando a claridade que acomoda no local, o calor reconfortante e a brisa morna. Eu gosto disso. Dessa sensação.

A sensação entretanto, rapidamente se esvai quando eu me recordo onde estou e o que ocorreu para que eu estivesse aqui, e principalmente, o motivo pelo qual eu sinto minha cabeça prestes a explodir. As lembranças dos anos sobre o domínio torturante de Ykner, as lembranças sobre as correntes em meus pulsos e as malditas marcas contra a minha pele.

- Não se levante tão rapidamente. - uma voz suave sooa ao meu lado. Desvio meu olhar para encontrar a irmã Archeron, Elain, sentada numa poltrona ao lado da minha cama. Seu olhar azul cinza pálido apesar de estar direcionado a mim, parecia distante, perdido.

Não sigo seu conselho entretanto, e me repuxo para sentar-me sobre a cama, e sinto a visão rodar brutalmente com o movimento.

- Eu avisei para não se mover rapidamente. - a irmã diz, com um sorrisinho complacente.

- O que... o que aconteceu? - questiono, a voz saindo arranhada devido a garganta estar seca. Prontamente, Elain me entrega um copo com líquido frio, e o recebo agradecida e a minha garganta também.

- Você teve um surto e desmaiou. Desde então estava desacordada.

- Quanto tempo? - questiono.

- Dois dias.

- Dois dias?! - exclamo.

A sensação fria se apossou novamente, quando as lembranças retornaram, desde o surto de Poder puro até imagem de Ykner sorrindo em minha mente, dentro do escudo. Ele sabia. Pela Mãe, ele sabia e...

- Preciso falar com o Grão-Senhor. - Digo tentando me levantar, mas Elain me impede com segurando meus ombros para manter-me na cama.

- Você ainda não está recuperada, Callyen. Além do mais, Rhysand e minha irmã e os outros não se encontram na Casa dos Ventos agora.

- Eu preciso...

- Os olhos negros estão sobre você, Callyen. Sussuros de morte e sangue cantam em seus ouvidos... Você consegue ouvir, não consegue?

Um arrepio subiu por minha espinha e eu sinto o suor escorrer gélido pela minha têmpora, num sentimento de mau agouro. Os olhos da fêmea estavam fixados em mim, ao mesmo tempo que eles pareciam vítreos. Sim, eu sentia.. eu ouvia a maldita voz doce de Ykner em meus tímpanos, em minha mente...

- O que você vê? - questiono num sussurro, e a fêmea me olha com uma compreensão estranha.

- Sombras te guiarão em direção a luz do Caos, Princesa. Você foi abençoada, pela própria natureza da vida... O Senhor da Morte enviara sua Legião e o seu laço será posto a prova.

Abençoada pela Vida? Espera, ela falou laço?!

- Você fala por enigmas, Elain. - digo enquanto suspiro, tentando quase em vão levantar da cama, mais uma vez a fêmea tenta me impedir, mas para quando lanço um olhar fulminante em sua direção. - E eu agradeço por sua... previsão, mas no momento eu preciso falar com seus Grãos-Senhores...

- Creio que a senhorita não esteja em condições de realizar tal pedido. - a voz rouca e ao mesmo tempo profunda, cortou o espaço do quarto amplo quando o Mestre Espião passou pela porta de madeira pesada. Seu olhar de mel derretido, entretanto, estava mais duro que pedra sobre mim.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now