CAPÍTULO 63

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CALLYEN

Dois, dos quatro dias de espera haviam se passado rapidamente diante dos nossos olhos, mas a tensão era crescente no círculo íntimo. Nestha, apesar de ter minimizado os ataques de ódio em minha direção parecia tão desconfortável quanto antes com a ideia de uma guerra, e isso estava interferindo diretamente no humor de Cassian. As vezes, embora nem mesmo ele — ou a fêmea — percebesse, ele pairava ao seu redor como um satélite, como se esperasse que ela quebrasse para as lembranças de última batalha. Embora a Grã Senhora disfarçadas um pouco melhor, a tensão em relação em como Nestha poderia reagir, era visível através de sua aura, era a sensação que emanava deles que me fazia perceber isso.

Rhysand e Cassian informaram que as tropas illyrianas já haviam se mudado para a fronteira com a Diurna, e deveríamos partir antes do anoitecer encontrar e guiar as tropas que também já estavam no local. De alguma forma, Rhysand e Feyre conseguiram fazer com que o segundo governante da Cidade Escavada, Kier, pai de Morrigan, enviasse seu comando. Sendo assim, eu apenas estava aguardando a hora de partimos. Nuala e Cerridwen, as belas espectros, surgiram através de um dos cantos do quarto de Azriel onde eu estava.

— Minha senhora. — a voz aveludada de ambas soou numa saudação quando ambas se moveram diante de mim. Uma segurava a conhecida armadura de couro illyriano, uma malha pesada apesar de maleável. A outra segurava uma espécie de cinta, onde eu poderia facilmente armazenar as minhas armas, uma liga de couro que se unia a argolas de prata que, quando eu vestisse, iria se prender ao redor do meu peito e costas e em uma das minhas coxas.

— Por favor, me chamem de Cally. — eu digo com um meio sorriso para a expressão de choque das fêmeas. — Não sou senhora, muito menos senhora de vocês.

— Perdoe-nos então, senho... Cally, é um costume... — uma delas disse, caminhando para depositar a armadura sobre a cama.

— Você é a senhora do nosso senhor... devemos lhe ter respeito. — a outra completa.

— É por isso que eu peço que não me chamem de senhora. — eu digo novamente e observo ambas as fêmeas se surpreendem piscando algumas vezes para as palavras, antes de sorrirem para mim.

As fêmeas me auxiliaram após eu tomar banho a vestir a armadura, a malha cobriu toda a pele, em minhas pernas e braços, o couro negro grosso cobrindo as partes essências, estômago, peito, costas, coxas, ombros... O tecido negro, cobrindo meu pescoço numa gola alta. Calcei as notas negras sem salto e cano longo, ao lado da cinta de couro, percebo um par de manoplas para cobrir a palma e o dorso das mãos. As fêmeas não me ajudaram a prender a conta de couro entretanto, deixando-a sobre a cama e então me sentaram na poltrona da escrivaninha ao lado do espelho, ambas trançando meu cabelo. Assim que terminaram as gêmeas se retiraram com uma pequena reverência, antes de se transformarem em fumaça negra no mesmo canto que apareceram. Sorri para o aceno, ao menos, elas não me chamaram de senhora novamente.

A presença dele se fez presente antes mesmo dele próprio ser visto. Azriel estava de pé próximo a porta, a armadura de sifão perfeitamente posta, as asas imponentes as suas costas, fechadas e erguidas, em nenhum momento tocando o chão. A postura ainda mais imponente, tão elegante quanto um príncipe. As sombras se movendo impacientes ao redor das pontas das asas, dos dedos e punhos.. Príncipe das sombras. Era o que ele aparentava esse momento. Tão lindamente imponente, tão lindamente perfeito.

Ele se aproximou, e eu me levantei, o olhar predatório que o macho me lançou quase me fez deseja-lo. Mesmo que vestir essa armadura tivesse sido trabalhoso, eu poderia vesti-la novamente. O som profundo e cristalino da risada dele me informou que ele leu cada uma das palavras em meu pensamento. Que bom.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now