CAPÍTULO 60

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CALLYEN

A claridade incomoda meus olhos assim que eu ia abro. A dor em meu estômago é a segunda coisa que eu assimilo assim que piso me mover sobre a cama que parecia de peles. E depois, que eu não estou em Velaris e tampouco, na ala de hóspedes da Corte Diurna. As imagens voltam com flashbacks em minha mente quando me recordo.

Meu corpo inteiro reclama quando eu me movo sobre a cama de pelos onde eu estava, e eu não consigo evitar o resmungo de dor com o movimento. O branco limpo é a primeira coisa que eu enxergo no quarto espaçoso, dos móveis as paredes, a cor de gelo fosco é predominante juntamente com o prateado e o azul. Cores do inverno.

Quase esperando o momento oportuno, as portas duplas do quarto se abrem e a senhora da Corte entra, segurando uma bandeja com uma jarra e comida sobre ela, e um sorriso grato marcando o rasto bonito.

- Que bom que acordou. - sua voz ecoa dentro do quarto, quando ela se aproxima com a bandeja de comida e a coloca ela própria ao meu lado na cama.

Procuro minha voz para agradecer, embora minha língua esteja pesada e minha garganta seca e áspera, novamente, como esperando o momento, Viviane despeja o conteúdo da jarra numa tava e me oferece, ao qual eu aceito sem cerimônia, agradecendo o líquido gelado que alivia o incomodo.

- Não precisava... se preocupar. - eu tento dizer, mas a fêmea de cabelos brancos como a neve dispensa com um sorriso.

- Precisava sim, é o mínimo que posso fazer, depois do que fez pelo meu povo. - ela diz e eu lhe sorrio de volta, antes que ele sumisse quando eu lembrei que ia outros não estavam ali.

- Azriel...

- Voltou a Diurna com seu senhores e meu marido, mas creio que não ficará longe por muito se você acordou. - ela responde a pergunta muda e eu aceno entendendo que realmente, ainda havia a situação do conselho de guerra a ser resolvida. - Vou pedir aos criados para lhe trazerem roupas e lhe ajudarem com um banho e os curativos.

- Não é necessário. - tento dispensa-la, mas ela me olha com uma das sobrancelhas erguidas em divertimento.

- Desculpe, Cally, mas seu vestido está em farrapos e você está suja de sangue, então...

Movo o corpo sobre a cama novamente, mantendo o corpo sentado enquanto me virava para a beirada da cama, entendendo o que ela estava falando. O vestido bonito vermelho estava com um rasgo no local do meu estômago, onde um curativo manchado com sangue estava posto por baixo. A parte da saia, estava rasgada e suja com uma mistura de neve e lama e sangue e eu estava descalça. A pele exposta, se não estava suja com sangue, estava com a lama, e eu podia apostar que meu rosto tinha manchas do sangue inimigo.

O olhar condolente que Viviane me deu me fez soltar um pequeno sorriso de vergonha. Ela me apontou depois de alguns segundos em direção a porta adjacente, onde era suposto ser o banheiro da suite onde eu estava. Meu corpo reclamou quando eu me ergui da cama e andei até lá, abrindo a porta e entrando no banheiro que parecia ser feito de cristal.

Um espelho do que parecia ser um cristal de gelo transparente mostrava que realmente, a suspeita de que meu rosto estava manchado com sangue era real. Com cuidado eu puxei o fecho do vestido na parte detrás do meu pescoço, deixando que a frente pendesse e a roupa caísse num amontoado de tecido aos meus pés. Fiz o mesmo com as roupas de baixo e depois entrei na banheira magicamente quente, todos os músculos do meu corpo, e me fazendo reparar nos enormes hematomas dispostos pela minha pele que não estavam ali antes. Não me preocupo o bastante, sabendo que provavelmente são resultados da batalha.

Término eu mesma de desfazer o penteado em meus cabelos antes que eu mergulhe para baixo da água quente, todo o meu corpo relaxando em contato com o calor. Duas batidas sooam levemente na porta quando eu resolvo emergir, supondo serem as criadas de Viviane, eu as autorizo a entrar.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now