CAPÍTULO 28

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CALLYEN


A sensação se acomoda mais nitidamente em meu estômago, e eu não sei como ainda permaneço sentada aqui sob seu olhar direto, bem como o olhar de Cassian sobre mim depois das audíveis patadas. Entretanto, ainda haviam assuntos maiores e mais mais importantes para serem tratados no momento, e, infelizmente, eu não podia esquecer ou simplesmente colocar em segundo plano.

— Desculpem-me por, provavelmente, acabar com o clima, mas devo questionar novamente, o que decidiram a meu respeito. — falo, vendo o círculo íntimo da casa noturna parar para me observar novamente. Engulo em seco com a reação e puxo uma respiração. — Embora eu tenha recebido o aval para permanecer, todos sabemos que eu não posso ficar. Não enquanto minha permanência aqui pode colocar essa cidade em risco novamente, e eu não desejo isso para seu povo.

Isso calou Cassian por alguns segundos, quando ele — e todos — se ajeitou na cadeira, me observando de forma condescendente.

— Certamente. — Rhysand diz com um suspiro solene, a medida que compartilha um olhar com a parceira. O zumbido da conversa pelo laço entre os dois chega de maneira irritante até mim, e tento ignorar o zumbir em meus ouvidos.

— E então?

— Primeiramente, não gostaríamos de falar sobre esses assuntos no salão de jantar... temos um escritório para isso, sabe Callyen. — o Grão Senhor diz, e eu posso ouvir o sorriso debochado no canto externo dos lábios. Sorrio com suas palavras, e ele puxa o ar numa respiração profunda — Segundo, preciso que fale tudo a respeito dos exércitos inimigo, tudo o que se lembrar, cada mínimo detalhe que precisemos saber.

Solto o ar que aparentemente eu estava prendendo. Eu sabia que chegaria o momento que eu deveria compartilhar as informações que eu retia, que eu devia isso aos feéricos que me salvaram, me acolheram como um deles.

Então eu contei sobre os números de soldados, sobre o Círculo de Elite ao qual até então eu fazia parte. Sobre a Iniciação, o ritual sanguinário que separava e elegia a nata dos assassinos de Hybern. Contei os nomes de quem fazia parte da Legião Vermelha, Callena, Valissa que eu esperava estar ardendo no além mundo, Karill e Yvanik seus comandantes sem escrúpulos.
Falei sobre o que eu desconfiava ser a motivação pelo qual ele esculpia as marcas em minha pele, aperfeiçoamento, controle.

Quando termino de falar sinto seus olhares sobre mim, me analisando e absorvendo as informações... Eu conhecia o olhar de quando alguém estava analisando as expectativas, vertendo prós e contras, pesando as informações. E eu esperei pacientemente por um veredicto, não me dando conta de que eu estava ansiosa para que eles falassem. Ou que, no meu íntimo, eu ainda estava esperando o momento de ser expulsa daquele paraíso.

— Sugiro que se preparem... Ykner está tão bem preparado quanto seu pai esteve na segunda guerra. E a minha fuga, só lhe deu um motivo a mais para a investida ser mais brutal.

— Como você sugere isso? — foi Cassian quem questionou, subitamente o ar de suas provocações, desapareceram. Transformando-o completamente.

— Treine-os. Os exércitos de batalha são treinados para matar de forma rápida e brutal, especialmente a Elite Vermelha. São brutais e precisos, foram treinados para isso, com o único intuito de matar, e torturar.

— Você sabe melhor que qualquer um de nós sobre o fronte inimigo... — pela primeira vez a loira, Morrigan, dirigiu a palavra a mim sem que fosse com um tom de sarcasmo ou desprezo.

— Tudo o que sei sobre os exércitos Hybern a comando de Ykner eu já falei... Ele tem seus homens treinados, quase como cães adestrados para matar. Seguem ordens dele, e de seus comandantes... Karill e Yvanik não sentem medo de nada, acho que essa prerrogativa lhes foi tirada de alguma forma. Eles matam, e sentem prazer em ver o sangue de seus inimigos correndo entre seus dedos.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now