CAPÍTULO 9

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AZRIEL
🦇

A mulher era a definição de catástrofe. Primeiro porquê ela, claramente, se quer sabia o que era; segundo, ela tinha mais poder que qualquer um de nós imaginou que teria, até mesmo Rhys; terceiro, ela estava amedrontada com isso, com a revelação do que ela era, e do que isso poderia significar; porque ela não tinha controle nenhum sobre seus poderes. Catástrofe, porque ela estava perdendo o controle. Eu vi, em seus olhos escuros, e mais além deles que ela estava perdendo a batalha em permanecer no controle, e foi isso - o desespero crescente dela que estranhamente refletiu por dentro das minhas barreiras mentais - que me fez agir. Talvez porque, um dia, eu estive nesse desespero e não havia ninguém ali para me ajudar por muito tempo. Até Cassian, Rhys, Mor, Amren, Feyre...

Agi no meu próprio bolsão de sombras indo rapidamente para o lado dela, instintivamente, segurando seus punhos marcados, num aperto que mesmo eu não reconheci possuir. Foi delicado e firme ao mesmo tempo. E foi nesse movimento que a sensação excruciante veio novamente. A mesma sensação de quando a carreguei para o quarto, e de quando segurei a sua mão enquanto a curandeira lhe sarava as feridas. A sensação de que um pedaço importante meu estava faltando e, naquele ínfimo momento, se encaixou perfeita e estrondosamente no lugar.

A fêmea desabou nos meus braços, seu cheiro suave de neve e vento, terra molhada. O cheiro de sândalo, o cheiro familiar das sombras estava ali também. Segurei um xingamento quando sumia pelas sombras, atravessando para o quarto e deixando-o na cama. A túnica branca, descendo um pouco pelo ombro, deixando a mostra os símbolos pretos talhados sobre a pele. Trinco o maxilar, e controlo os sussuros sedentos de sangue ao redor dos meus ombros e orelhas.


*Antes*


- Como você sabe o que procurar a respeito dela? - questiono Rhysand após segui-lo para a Biblioteca.

A enorme parte escavada na rocha, que descia de forma ingrime e polida ainda se recuperava das cicatrizes deixadas pela invasão de Hybern. Quando os malditos Corvos atacaram em busca de Feyre e Nestha, e depois da invasão dos seus bichos de estimação. As sacerdotisas ainda tentavam se recuperar da devastação do ataque, assim como todos.

- Tenho um palpite sobre a nossa... Hóspede... Creio que possamos ter algumas informações sobre minhas... Suspeitas. - ele simplesmente responde seguindo para onde a sacerdotisa indicou.

- Sabe, irmão, as vezes você pode compartilhar suas... hipóteses com os outros além da Feyre. Sabia? - digo, e ele solta uma gargalhada alta que ecoa pelas grandes prateleiras abarrotadas com livros que datam de antes da criação de Prythian. Lembro remotamente do monstro que permanecerá tanto tempo enclausurado nas suas profundezas escuras, a criatura que se alimentava de escuridão e medo, envolta em sua própria sombra, e protegida pelas profundezas da Biblioteca.

Assim como os que estava na mesinha entre duas cadeiras grandes o bastante para acomodar asas, mas pequenas o suficiente para nós acomodar. Ou a mim, já que o maldito escondeu as asas assim que fez menção de se sentar.

Pego um dos livros e começo a pesquisa. Sem saber, exatamente, o que estava procurando. Então eu questiono.

- O que exatamente, estamos procurando?

- Uma relação com os poderes de nossa convidada... Pelo que eu consegui, ver em sua mente... Ela é muito parecida com você em relação as sombras que os cercam... Ela consegue controlar e manipular as sombras...

- Não somente sombras... - murmurei enquanto folheava um livro de folgas amareladas e velhas. - Ela consegue manipular luz também.

Pelo canto do olho vejo Rhys erguer uma sobrancelha para minha afirmação e me olhar com um pouco mais de cuidado.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now