CAPÍTULO 50

8.5K 750 197
                                    

AZRIEL
🦇

Um sentimento desconhecido se inflou dentro de mim quando eu entrei na cozinha da cabana e observei o prato posto com carne legumes na mesa. Callyen parecia nervosa, de pé apoiada na pia de frente ao lugar na mesa onde ela havia posto o prato.

— Coma. — ela disse quando eu havia me sentado na cadeira, de modo que ela pudesse me ver comendo, e que eu pudesse vê-la observando.

O sentimento animal de orgulho aumentou, a porcaria da possessividade tomou forma ainda maior quando eu levei em consideração que ela se quer sabia sobre as antigas tradições do meu povo. Era uma coisa arcaica, mas que ainda respeitavamos por conta de algum sentimento bestial que sentia a necessidade de provar que nossa fêmea nos aceitou, e que ela nos proverá assim como nós a ela. E Callyen havia se preocupado o bastante para fazer isso, para respeitar nossas tradições, apenas porque eu havia dito a ela.

— Venha aqui. — a chamo e ela deliberadamente lenta se afasta do apoio da pia e caminha até mim. Seguro uma de suas mãos, puxando-a para sentar-se sobre mim, de modo que ela se encaixasse em meu colo. — Obrigado —  eu digo, o nariz enterrado na curva de seu pescoço porque eu precisava sentir seu cheiro, sentir meu cheiro marcado sobre ela era quase maior que a necessidade de manter ele impregnado em sua pele, ou me manter nela. — Por ter me salvado. — digo, respirando em sua clavícula, subindo para seu pescoço. — Antes e agora, quando eu se quer sabia que precisava de salvação.

Ela engole duramente enquanto passo minhas maos  pela bainha da sua camisa, apertando a cintura, puxando-a sobre meu colo.

— Você não precisava de salvação, Azriel. E a única que realmente foi salva aqui sou eu, quando suas sombras me levaram até o desfiladeiro de Velaris. — eu a ouço dizer,  minhas sombras se rodopiaram para seus dedos quando ela passa pelo meus ombros e toca meu rosto. — Eu as amaldiçoei quando elas me levaram aquele beco sem saída, e depois as agradeci por elas terem me levado até você. Porque foi estranho, eu achei estar sonhando quando eu o vi dentro daquele quarto.

— Porquê? —  questiono um incentivo soprando na pele de sua garganta.

— Porque, quando eu conseguia sonhar, em poucas ocasiões que não era perseguida por pesadelos... ou estava sendo torturada noite após noite, quando pela graça da Mãe eu conseguia sonhar, eu sonhava com o céu noturno. Estrelas tão brilhantes que pareciam diamante num tecido negro, com a sensação de estar voando nesse céu, eu sonhava com um par de olhos castanhos dourados, tão duros quanto âmbar e as vezes tão quente quanto mel aquecido. Poucas vezes eu sonhava com um rosto, seu rosto. E quando eu acordei naquele quarto, e você estava lá, eu achei que estava sonhando novamente. Ou que.... Finalmente, aquele maldito havia conseguido me quebrar e eu estava no Além Mundo. — eu engulo seco, sentindo o ódio se formar novamente, toda vez que a maldita sombra do passado cobre o rosto da fêmea a minha frente.

Ela havia sofrido o inferno, e ainda assim, isso a forjou em algo duro e forte. Algo com qual ela deveria se orgulhar independente das marcas que haviam deixado. Eu havia aprendido isso. Que as marcas que sofremos, ou as condições que vivemos... Ou nos tornam mais fortes, ou nos quebram. Poucos tinham a consciência de deixar aquilo te fortalecer.

Era isso que se tratava a filosofia que eu seguia desde que comecei a lutar para não quebrar em favor dos malditos.

Uma lágrima rola de seus olhos, deixando um rastro molhado por sua bochecha, passo a língua puxando a lágrima de sua mandíbula e subo o rastro por sua bochecha.

— Ninguém vai tocar em você novamente, Callyen. E eu vou sentir prazer em arrancar cada maldito membro daquele desgraçado apenas pelo que ele fez a você. — eu digo, a voz soando quase como uma ameaça. E era uma. A mesma sombra deve ter encoberto minhas feições, devido ao olhar que Callyen me lançou por um minuto. O olhar de que eu caçaria e esquartejaria o desgraçado apenas por tocado nela.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now