𝟑𝟕 | 𝐍𝐀𝐓𝐀𝐋

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ESTOU SENTADA NO SOFÁ DA CASA DOS MEUS PAIS com um prato de comida cheio de carne assada e farofa que eu estou cutucando com o garfo já faz meia hora

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ESTOU SENTADA NO SOFÁ DA CASA DOS MEUS PAIS com um prato de comida cheio de carne assada e farofa que eu estou cutucando com o garfo já faz meia hora.

Eu não consigo comer nada pelo simples motivo de tudo estar me enjoando.

Estou me sentindo mal. Minha cabeça parece que vai explodir a qualquer momento e meu peito está tão apertado que se eu parar pra pensar nas merdas que minha vida está arrecadando nos últimos dias, eu, com certeza, vou chorar e não vou parar mais.

Mesmo assim, forço meu corpo a fazer o que é certo e necessário. Por isso ergo a mão com o garfo e levo um pedaço de carne à boca.

Minha garganta está seca e mastigar é torturante demais para que eu consiga suportar. Nem preciso engolir para abandonar minha comida na mesa de centro e correr pro lavabo mais próximo onde me ajoelho sobre o vaso sanitário e não só cuspo a carne mal mastigada como também vomito o pouco que consegui me alimentar durante o dia de hoje.

— Ai que merda — gemo, dando descarga e me sentindo tão fraca que lágrimas involuntárias escorrem por minhas bochechas.

Ô, inferno. Eu não devia estar me sentindo tão mal. É Natal, caralho. É dia de comemorar com minha família. Encher a barriga de comida e dar altas gargalhadas com as piadas idiotas do meu pai. Nos reunirmos perto da churrasqueira e pedirmos mais carne. Ou preparar uma mesa cheia de sobremesa e devorá-la inteira.

Eu devia estar nesse clima.

Mas não.

O Natal desse ano está sendo uma porra. Minha vida está uma porra. E o motivo para isso está no que descobri na manhã do domingo passado.

Faz uma semana exatamente que eu descobri que estou grávida. Uma semana, porra. Tipo, isso é muito tempo. Tem uma criança crescendo dentro de mim. Em uma semana um olho deve ter se desenvolvido. Eu acho. Sei lá. Eu não sei nada sobre bebês e muito menos sobre gravidez. Não era para isso aqui ter acontecido.

Eu não sei se quero esse filho. Eu não sei nada no momento. Fiquei essa semana inteira indo do meu quarto para o banheiro e do banheiro para meu quarto, sem ter coragem de sair para olhar na cara de outro ser humano. E hoje estou sendo obrigada a enfrentar uma casa cheia, com pessoas que não medem as palavras para falar do bebê em minha barriga e do suposto pai que nem é meu namorado.

Há julgamentos, eu sei. Até eu estou me julgando. Não por ter ficado com o Gabriel. Mas sim por ter engravidado dele. Porra. Quando isso aconteceu exatamente? Eu fiz os testes de gravidez, mas não faço ideia de quantos meses estou e nem quando essa criança foi gerada.

Porra. Pensar sobre isso só me dá dor de cabeça ainda mais por lembrar que ela irá se desenvolver completamente dentro de mim para depois ter que sair pela minha vagina e, só então, que eu terei que criá-la.

A conclusão é que não estou pronta pra ser mãe. E seria muito mais fácil pensar nessa situação se o Gabriel Barbosa não tivesse contato para o MUNDO INTEIRO que seria pai.

HOTEL CARO ━ gabigolWhere stories live. Discover now