𝟔𝟓 | 𝐓𝐈𝐑𝐎 𝐍𝐀 𝐂𝐄𝐑𝐓𝐀

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LUANNA

NUNCA ME SENTI tão mãe quanto agora e não só porque tem duas bombas em cada mamilo meu, sugando o leite de dentro de mim para poder levar lá pra cima onde meus filhos estão e assim misturá-los com os suplementos que os bebês precisam para que fiquem fortes e gordos o mais rápido possível e, dessa forma, saiam logo desse hospital.

Sim, estou antenada a tudo que está relacionado aos meus filhos. Sei a hora que acordam e a hora que vão dormir. Mesmo sem estarmos o tempo todo juntos porque ainda não podemos, não deixo de buscar informações sobre eles.

Mas nem é por isso que me sinto tão mãe. Na verdade, é por causa disso também.

A real é que me sinto mãe porque eu acordo pensando nos meus filhos, fico o dia inteiro sentindo o cheirinho deles em mim mesmo não estando juntos e meu último pensamento do dia é se eles estão dormindo bem.

Tudo é sobre esses bebês. E, olha, que eles só tem dois dias de vida. Imagina quando tiverem um ano. Ou dez anos. Imagina quando essas crianças forem adultas. Meu Deus. Meus bebês vão ser adultos um dia. Isso nem parece real. Para mim, eles serão pequeninos para sempre.

— Isso aí dói? — Gabriel me pergunta.

Ergo a cabeça e o vejo em pé com os braços cruzados e os olhos atentos naquelas bombas sugando meus seios.

— Um pouco — respondo. Na primeira vez doeu pra caralho, parecia que estavam enfiando agulhas nos meus mamilos. Eu até chorei. Mas Dona Maria já estava lá para me ajudar, controlando o vácuo das bombas até eu me acostumar. Agora é só uma sensação desconfortável. — 'Tá tranquilo. Acho que a ansiedade está me incomodando mais do que isso aqui.

Ansiedade por dois motivos.

O primeiro, está quase na hora da visita dos bebês e eu vou ficar lá a manhã toda se possível. E o segundo é que hoje é o dia da minha alta.

Quero muito ir pra minha casa e dormir na minha cama onde eu sei que eu terei conforto de sobra. O grande problema disso tudo é que vou deixar meus filhos nesse hospital pois ainda não receberam alta, e essa ideia me deixa aflita e agoniada.

— Não fique pensando demais, mãezinha — Maria me diz, me ajudando a retirar as bombas agora bem cheias de leite. — Olha só, hoje saiu bastante.

— Me sinto uma vaca leiteira.

Gabriel começa a rir do que eu digo.

— Não vou nem falar o que eu pensei — ele diz, abaixando a cabeça. Posso imaginar o que passa na cabeça dele. Deve estar relacionado a putaria porque esse já virou o segundo nome do Gabriel.

— Ótimo — Maria me ajuda a me cobrir. — Antes de ir, seria bom que você caminhasse um pouco pra se exercitar, sabe? Não pode usufruir da cadeira de rodas para sempre.

HOTEL CARO ━ gabigolWhere stories live. Discover now